Vasco, Atlético-MG e… Madureira: Paulinho já era diferenciado na infância, ainda no futsal
Primeiro treinador de Paulinho, no futsal do Madureira, conta os primeiros passos do artilheiro do Galo, que reencontra o Vasco
O futsal é a base para grande parte dos jogadores no Brasil. E não foi diferente para o atacante Paulinho, hoje no Atlético-MG. Antes de ser artilheiro pelo Galo e uma grande revelação do Vasco, ele já chamava atenção nas quadras pelo Madureira.
A Trivela conversou com um dos primeiros treinadores de Paulinho, no Sub-9 do futsal do Madureira, para conhecer um pouco do início do artilheiro atleticano, que hoje reencontra o Vasco no decisivo jogo das semifinais da Copa do Brasil, às 18h30, em São Januário.
Bernardo Silva era auxiliar do Sub-13 do futsal do Madureira em 2008, quando Paulinho chegou ao clube após não ter ficado no Vasco por questões burocráticas. Ele foi ver um jogo da categoria do hoje atacante do Galo, que lhe chamou atenção logo de cara.
— Cheguei para assistir a partida da categoria dele contra o clube Securitários. Paulinho entrou algumas vezes na partida e fez maior fumaça, levantando a torcida e me chamando atenção sobre suas valências em quadra. Seu foco e alto nível de concentração mental, além da intensidade, me chamaram atenção — contou Bernardo à Trivela.
Paulinho foi artilheiro em primeiro ano no Madureira
Paulinho chegou ao Madureira no fim de 2008, então 2009 foi seu primeiro ano cheio pelo clube. O destino uniu o jogador do Galo e Bernardo, que deixou de ser auxiliar do Sub-13 para treinar o Sub-9, que contou com a adição do atacante.
Logo no primeiro ano, Paulinho “arrebentou e foi a sensação das competições”, como conta Bernard. O atacante foi artilheiro do Madureira e ajudou o time a ser vice-campeão da FFSERJ, levando troféu de artilharia da competição.
— Paulinho arrebentou e foi a sensação das competições. Não sentia jogo grande. Sempre foi goleador. Posso dizer que já era diferenciado pela regularidade e interesse até na prancheta magnética. Atleta focado e muito dedicado. Dava para ver que seria um vencedor — afirmou Bernardo
O treinador explicou que coube a ele apenas acreditar no potencial de Paulinho e o orientá-lo da melhor maneira, principalmente por ser uma categoria perigosa, onde você pode perder o atleta a depender da forma como o trata.
Bernardo afirmou que, como pivô, Paulinho marcava três ou quatro gols por jogo, demonstrando muita eficiência, tendo instinto de matador. No estadual de 2009, por exemplo, ele foi o artilheiro com 33 gols.
O tímido Paulinho se soltava quando tinha uma bola
Bernard destacou que, apesar de ser uma criança “encantadora e sorridente”, Paulinho também era tímido. Mas as coisas mudaram quando ele se encontrava com os amigos do Madureira, principalmente quando tinha uma bola nos pés.
Inclusive, ele e os companheiros eram tão viciados em futebol que, depois dos treinos, invadiam o campo do Madureira para jogarem mais bola, mesmo no escuro.
— Após os treinos, Paulinho e seus companheiros entravam no campo oficial do Madureira escondidos para jogar sua pelada. De noite, tudo escuro, sem refletor… e se divertiam. O Arlindo, roupeiro, e Betão, sempre tinham muito trabalho com isso — relembrou o treinador.
Adeus contra a vontade ao Madureira
Conforme os anos vão passando no futsal, é normal o jogador trocar as quadras pelo campo. Mas Paulinho não queria isso, como revelou em 2021 ao Players Tribune, pois via no Madureira uma verdadeira família.
Aos poucos foi convencido a jogar no campo pelo Vasco, mas não abandonou o futsal do Madureira. Jogava em ambos.
No entanto, quando, em um mesmo fim de semana, foi campeão pelo Cruz-Maltino no campo em um dia e enfrentou o clube no futsal no outro, a história dele nas quadras do Tricolor Suburbano chegou ao fim, e com o apoio de Bernardo.
— Lembro bem, e apoiei porque entendia a importância que seria para ele. Fez muita falta na sequência do trabalho, mas foi ser feliz. Os pais conversaram comigo e eu procurei dar todo apoio — disse o treinador.
O Madureira, na época, não tinha a integração do futsal com o campo, algo que já acontecia no Vasco, por isso a mudança em definitivo para o Cruz-Maltino.
Reencontro com o Vasco na Barreira
Paulinho cresceu no Vasco, como jogador e ser humano. Estreou aos 16 anos. Foi o primeiro nascido em 2000 a marcar no Brasileirão — inclusive, em jogo contra o Atlético. Foi jogador de seleção brasileira de base, campeão olímpico e se tornou a maior venda história do Cruz-Maltino. Tudo isso só com 18 anos.
Agora pelo Atlético, Paulinho reencontra o Vasco pela primeira vez em São Januário, sua casa por 10 anos. Em 2023, já enfrentou o ex-time, mas em jogo no Maracanã. O sentimento, sem dúvida, é especial.
10 anos da vida em São Januário, e agora Paulinho volta ao local como rival do Vasco. Em uma semi de Copa do Brasil!
“Por mais que seja um dia especial, estarei defendendo o Galo e vou com tudo para buscar essa classificação para a final”, afirmou. pic.twitter.com/BCvlm3gO4e
— Alecsander Heinrick (@alecshms) October 18, 2024
Vascaíno, assim como a mãe e boa parte da família de Paulinho, o treinador Bernardo destaca o profissionalismo do jogador nesses reencontros com o ex-clube, e manda um recado.
— Paulinho é profissional, sabe o que quer e onde deseja chegar. Ele tem o carinho pelo Vasco, porém, sabe da responsabilidade do clube, grupo e torcida do Galo. Se tiver oportunidade, vai matar o jogo. Esse sempre foi o instinto dele — disse;
O Vasco que se cuide, e outros adversários também — Bernardo Silva, primeiro treinador de Paulinho, à Trivela
Paulinho marcou no primeiro jogo das semis contra o Vasco, na Arena MRV, garantindo a vitória do Atlético por 2 a 1. Ele está jogando no sacrifício, pois tem uma lesão na perna direita, mas não quer renunciar a estar em campo nesse momento.
Na busca pelo Tri, o Atlético de Paulinho só precisa de um empate para garantir vaga em mais uma final de Copa do Brasil. Em caso de derrota por um gol, a decisão será nos pênaltis. Por dois ou mais, o Vasco se classifica.