Um mês de crises: Palmeiras despenca aproveitamento antes de decisões
Antes da parada da data Fifa, a equipe havia perdido três vezes em 36 partidas; depois, igualou esse número em apenas 6 jogos

Há exatamente um mês, em 11 de junho, o Palmeiras venceu o São Paulo por 2 a 0 no Morumbi no último jogo antes da parada dos campeonatos em razão da data Fifa. O Alviverde brigava pela liderança do Brasileirão, com dois pontos a menos do que o Botafogo, e já tinha classificação garantida às oitavas da Libertadores e às quartas da Copa do Brasil.
De lá para cá, o Palmeiras disputou seis jogos, perdeu três, empatou dois e venceu apenas um. A equipe precisa ganhar do São Paulo para avançar na Copa do Brasil, porque o duelo de ida foi 1 a 0 para o rival, e a distância para o líder do Brasileirão chegou a 12 pontos. Na Libertadores, o Alviverde terá pela frente o Atlético-MG, com as partidas de ida e volta nas primeiras semanas de agosto.
O desempenho do Palmeiras despencou. Antes da parada da data Fifa, a equipe havia perdido três vezes em 36 partidas. Depois, igualou esse número em apenas seis jogos. No Brasileirão, o Alviverde não ficava quatro rodadas sem vencer desde 2021. O lado positivo é que o Palmeiras goleou o Bolívar por 4 a 0 e garantiu a melhor campanha da fase de grupos da Libertadores.
Números do Palmeiras antes da data Fifa
- Jogos: 36
- Vitórias: 24
- Empates: 9
- Derrotas: 3
- Aproveitamento: 75%
Números do Palmeiras depois da data Fifa
- Jogos: 6
- Vitórias: 1
- Empates: 2
- Derrotas: 3
- Aproveitamento: 27%
Números do Palmeiras na temporada
- Jogos: 42
- Vitórias: 25
- Empates: 11
- Derrotas: 6
- Aproveitamento: 68%
Palmeiras enfrenta crises extracampo e adota silêncio
A crise não foi apenas técnica. Extracampo, o Palmeiras tem convivido com problemas nas últimas semanas. A principal organizada do clube realizou protesto em frente à sede da Crefisa para cobrar reforços da presidente Leila Pereira. Mas o que causou mais impacto no dia a dia alviverde foi a “guerra” contra a Comissão de Arbitragem da CBF. O clube trocou acusações com a entidade por meio de nota oficial.
Tudo começou quando o auxiliar João Martins disse que era ruim para o “sistema” o Palmeiras ser campeão brasileiro novamente. Substituto de Abel Ferreira, suspenso na partida contra o Athletico-PR, o português ficou revoltado com a não expulsão do zagueiro Zé Ivaldo pela cotovelada em Endrick com três minutos de jogo.
Em nota oficial, a CBF disse que a entrevista coletiva de João Martins foi “um desfile de grosserias e uma tentativa infantil e até xenofóbica de reduzir a relevância do futebol brasileiro na Europa, mostrando inclusive desconhecimento do próprio campeonato que disputa, que já teve tricampeões, bicampeões, com vários times ganhando seguidamente”. O Palmeiras rebateu ao classificar a nota da CBF como “agressiva”. O clube ainda fez oito questionamentos à entidade, cobrando melhora da arbitragem.
A polêmica fez a diretoria adotar a lei do silêncio nos últimos dois jogos. Antes do clássico contra o São Paulo, pela ida das quartas de final da Copa do Brasil, Leila Pereira falou com a imprensa na zona mista do Morumbi. Ela disse que a medida era para “blindar” elenco e comissão técnica em meio ao momento decisivo na temporada.
– Fico mais indignada que as pessoas levam em conta as reações, mas não a causa, que é o problema de arbitragem. Não estou dizendo que erram só para o Palmeiras, erram para todos os lados, mas não vou admitir mais isso. Sei que não posso brigar contra o sistema, mas o Palmeiras é muito grande, nosso trabalho é muito sério e transparente. Me afastei das minhas empresas para me dedicar ao Palmeiras, o Abel e sua comissão técnica saíram de Portugal para ajudar o Palmeiras. Nós não fizemos isso para sermos submetidos a esses erros absurdos. O Abel sempre reclamou com razão, e agora ele vai ter a companhia da presidente, que sempre trabalhou nos bastidores, mas não está surgindo efeito – disse Leila na última quarta-feira.
O Palmeiras manteve a lei do silêncio no jogo contra o Flamengo, desta vez sem nem a presidente falar com a imprensa. Em comunicado à imprensa, o clube deu a mesma justificativa: “a fim de blindar elenco e comissão técnica em meio a uma sequência de jogos decisivos, o clube não realizará entrevistas com atletas e treinador.”