Palmeiras estreia na Copa do Brasil assombrado por fantasma de R$ 240 milhões
Após título de 2020, Palmeiras colecionou decepções na Copa do Brasil
O futuro foi irônico com Abel Ferreira. A competição na qual ele menos teve sucesso ao longo de sua passagem no Palmeiras foi a que marcou sua estreia no clube.
Em 5 de novembro de 2020, o seu primeiro time titular venceu o Red Bull Bragantino por 1 a 0 e se classificou para as quartas da Copa do Brasil — o Palmeiras vencera por 3 a 1 na ida, sob o comando de Andrey Lopes, o Cebola.
Nesta quinta-feira (1º), o Verdão começa sua participação na edição de 2024 contra o Botafogo-SP, às 21h30, no Allianz Parque. No currículo, traz um título, um fiasco, dois maus resultados e R$ 240 milhões não-arrecadados sob comando do técnico português.
Irrisórios R$ 16,3 milhões
O título de 2021 rendeu R$ 72,9 milhões ao Palmeiras — R$ 6 milhões dos quais foram bônus da Crefisa previstos em contrato, que o clube usou para abater a dívida com a própria patrocinadora.
Mas, nos três anos seguintes, o Alviverde deixou de levar cerca de R$ 240 milhões. É este o montante que o clube teria embolsado a mais se tivesse ganhado os torneios. Em vez disso, levou R$ 16,3 milhões:
- Copa do Brasil 2020: R$ 66,9 milhões da CBF + R$ 6 milhões da Crefisa pelo titulo
- Copa do Brasil 2021: R$ 1,7 milhão pela 3ª fase, quando foi eliminado pelo CRB. O Atlético-MG levou R$ 71,6 milhões pelo título. O Palmeiras ganharia R$ 6 milhões a mais da Crefisa.
- Copa do Brasil 2022: R$ 4,9 milhões, eliminado pelo São Paulo nas oitavas. O Flamengo levou R$ 78,6 milhões pelo título. O Palmeiras teria recebido mais R$ 6 milhões da Crefisa.
- Copa do Brasil 2023: R$ 9,7 milhões, eliminado pelo São Paulo, agora nas quartas. Campeão, o clube do Morumbi levou R$ 88,7 milhões. Sim, também havia bônus de R$ 6 milhões para o Palmeiras.
Cumprir sua obrigação
É claro que nem o Palmeiras, nem qualquer outro clube entra nos torneios com obrigação de título. Mas considerando o baixo número de jogos, sair cedo de uma competição com custo-benefício tao positivo como a Copa do Brasil é um tiro muito grande no pé.
Falando em obrigações, em 2023, o Palmeiras ao menos cumpriu o que era previsto em seu balanço orçamentário, chegando às quartas de final. Esta também é a meta estipulada para 2024.
A soma perdida pelo Palmeiras pelas eliminações precoces — em que pesem os erros de arbitragem — nem sequer considera o montante de bilheteria que o clube deixou de arrecadar.
Só com a renda da final contra o Flamengo, no ano passado, o Tricolor arrecadou R$ 19 milhões líquidos, por exemplo. Mais do que o Palmeiras recebeu da CBF por suas três participações mais recentes no torneio.
Duas Crefisas
Recentemente, Abel Ferreira exagerou ao dizer que o Flamengo tinha um orçamento três a quatro vezes maior que o do Palmeiras. O que era óbvio de saída. Uma multiplicação por 3 ou 4, na casa das centenas de milhões, já parte de um erro crasso.
O que Abel disse, com seu exagero característico, é que o Flamengo arrecada um valor significativamente maior que o Verdão. Algo que uma leve batida de olho nos balanços dos dois clubes atesta com facilidade.
O orçamento do Flamengo para este ano prevê receitas de R$ 1 bilhão. O do Palmeiras, R$ 880 milhões. Há R$ 120 milhões a mais no cofre carioca.
Considerando que a Crefisa paga um patrocínio de R$ 81 milhões ao Verdão, com penduricalhos que podem fazer o montante chegar a R$ 120 milhões, o Palmeiras precisaria ter mais de duas Crefisas para zerar a diferença.
Ou R$ 20 milhões a menos do que deixou de ganhar com a Copa do Brasil desde 2021.