Os três títulos da Copa do Brasil desde 2012 marcam a transformação do Palmeiras na década

A Copa do Brasil está gravada na história do Palmeiras. A conquista de 1998 pode não ter o peso de outros títulos na vitoriosa década alviverde, mas abriria caminhos. Afinal, através dela é que o time de Felipão conquistou sua vaga na Libertadores de 1999 e pôde chegar ao topo da América. Já nos últimos dez anos, o torneio ganhou outro caráter aos palmeirenses. Foram três troféus, que marcaram três momentos bastante distintos ao clube. Em 2012, uma taça em meio às penúrias. Em 2015, o feito que reinaugurou uma era de glórias no Palestra. Em 2020, a coroação de um ano mais que especial e nova confirmação dos garotos palestrinos.
A Copa do Brasil em 2012 não é aquela que o torcedor do Palmeiras mais gosta de lembrar, mas tem seu significado ao clube e a uma geração de torcedores que passava por maus bocados. O clube não faturava um troféu nacional de primeira prateleira desde 2000, com a Copa dos Campeões, e vinha de uma década duríssima. Além do inédito rebaixamento à Série B, apenas o Paulistão de 2008 havia sanado a carência da torcida. Ainda assim, 2012 soa mais como um ponto fora da curva do que uma reconstrução concreta. Foi um alívio no período caótico do Palestra.
O Palmeiras cumpriu uma campanha respeitável, ao bater adversários como Athletico Paranaense, Grêmio e Coritiba. Dentro de campo, porém, o time de Felipão traz nomes que os alviverdes preferem esquecer. Marcos Assunção e Valdívia são os mais próximos de ocupar um lugar como ídolos, enquanto Betinho seria o herói no Couto Pereira. A prova de que o elenco não era suficiente viria com o rebaixamento logo no segundo semestre de 2012, repetindo o drama de dez anos antes no Brasileirão.
O Palmeiras subiu em 2013 e correu riscos em 2014. O sinal maior de que o projeto do clube estava no caminho certo seria dado, enfim, pela Copa do Brasil de 2015. A decisão contra o Santos, com todo o drama ao redor, foi um desafogo. Neste momento, sim, os palmeirenses pareciam ganhar um título para espantar fantasmas vividos desde o fim da era Parmalat. E aquele troféu, afinal, prenunciaria muito mais que ocorreria na metade final da década. Logo mais, a espera por um novo troféu no Brasileiro também se encerraria, com os títulos em 2016 e 2018.
A Copa do Brasil de 2015 consagraria ídolos para o Palmeiras. Fernando Prass é o nome inescapável naquela caminhada, com seus milagres e até mesmo um pênalti convertido na decisão. Ali também estava Zé Roberto, um personagem essencial na mudança de mentalidade ocorrida no novo Allianz Parque. Dudu, outro emblema, brilhou sobretudo no segundo jogo contra o Santos. Gabriel Jesus e Vitor Hugo ainda participariam daquela jornada, igualmente importantes na saga de troféus vivida pelos palestrinos. A bonança começava, com elencos fortes e competitividade contínua. O anúncio tinha ocorrido naquela Copa do Brasil.
A torcida do Palmeiras pôde voltar a se orgulhar repetidamente nestes últimos cinco anos. A Libertadores era a grande obsessão, cumprida pelo time de Abel Ferreira. A Copa do Brasil não será o primeiro troféu lembrado quando se falar sobre a temporada alviverde. Entretanto, tem sua valia para reiterar os méritos dos palmeirenses e também deixar para trás o gosto amargo proporcionado pelo Mundial. O ano é mesmo especial e, até pela maneira como a decisão aconteceu, não permite refutar a imponência da equipe contra o Grêmio.
Com Abel Ferreira, o Palmeiras volta a contar com uma versão mais copeira. Pode não ser o time que enche os olhos sempre, mas se protege bem e tem eficiência na linha de frente. Além do mais, este título premia também protagonistas que não apareceram na Libertadores. Nomes como Wesley e Felipe Melo, importantes na temporada, compensaram a ausência na decisão continental com um domingo inspirado no Allianz Parque. E os garotos de novo fariam a diferença, com a chave de ouro dada nos pés de Gabriel Menino. É uma equipe vitoriosa, e que ganha mais esperanças pela chance de se desenvolver, seja pelas promessas em ascensão ou até pelo trabalho de seu treinador ainda no início.
O Palmeiras entrou na década de 2010 com apenas um troféu da Copa do Brasil. Sai dela com mais três, quatro no total, se transformando no terceiro maior campeão do torneio. E reforçando um laço criado em 1998, mas realmente dimensionado pelos feitos recentes. Nenhuma dessas taças se equipara à Libertadores, assim como os dois Brasileiros têm um peso maior. Mas, para a história alviverde, a Copa do Brasil sempre marcará páginas especiais – sobretudo para reconstruir o que se viveu nos últimos oito anos.