O Flu precisou abdicar de seu estilo de jogo, mas travou a pressão do Fla e saiu mais satisfeito com o empate
O Flamengo fez grande primeiro tempo e ficou em vantagem numérica após a expulsão de Felipe Melo, mas o Fluminense resistiu até o fim e manteve o placar zerado

Fluminense e Flamengo vêm de grandes partidas recentes. Mais uma aconteceu nesta terça-feira, no primeiro encontro das oitavas de final da Copa do Brasil, mesmo que o placar zerado tenha prevalecido no Maracanã. Foi um embate, aliás, que fugiu dos roteiros anteriores. Durante o primeiro tempo, o Fla teve sua melhor atuação sob as ordens de Jorge Sampaoli. Foi um time extremamente intenso, que sufocou o Flu e não deixou o estilo de Fernando Diniz fluir. O gol rubro-negro ficou no quase, num lance em que a bola bateu duas vezes na trave. Já o segundo tempo seria condicionado pela expulsão precoce de Felipe Melo, logo na volta do intervalo. Os tricolores se trancafiaram na defesa e dependeram de um enorme espírito de luta. O duelo ficou mais pegado e os flamenguistas abafaram até o final, mas o empate por 0 a 0 premiou o suor do Fluminense, que travou os rivais. Fica tudo aberto para o jogo de volta.
O Flamengo encaixou sua pressão muito rapidamente. A marcação rubro-negra abafava a saída de bola do Fluminense e os tricolores não conseguiam construir de trás. Isso permitiu ao Fla criar as primeiras boas chances. Fábio seria exigido logo cedo, no primeiro minuto, num cruzamento que Marcelo desviou contra a própria meta. As chegadas dos flamenguistas eram constantes, com velocidade nas transições, a partir das recuperações no campo de ataque. Fábio também precisou estar atento num chute pelo alto de Fabrício Bruno. Enclausurado, o Flu tinha dificuldades para chegar ao campo ofensivo. Tentava trabalhar um pouco mais os passes, mas longe de fluir seu estilo de jogo.
Que o Flamengo fosse claramente superior, ainda não conseguiu criar tantas oportunidades claras de imediato. Mas o tento poderia ter saído aos 20 minutos. Pulgar acertou um excelente passe por entre as linhas e acionou Gabigol. O atacante invadiu a área e chutou cruzado, mas carimbou a trave. Arrascaeta ainda ficou com a sobra e tentou aproveitar, mas seu tiro triscou o travessão. Era o melhor momento dos rubro-negros até então e Gérson logo tentaria marcar um golaço por cobertura, após erro de Nino, mas o chute passou ao lado da trave. O meio-campista, aliás, tinha enorme influência na postura intensa dos flamenguistas.
O Fluminense teria sua primeira chegada no ataque só aos 28 minutos. Marcelo deu um drible desconcertante, mas a finalização saiu fraca, nas mãos de Santos. O Tricolor passou a se soltar um pouco mais, mas nada que permitisse uma imposição. O Flamengo ainda era melhor em seu trabalho tático. E o Flu teria que lidar com a saída de Marcelo, lesionado, aos 38. Os tricolores teriam um bate-rebate na área durante a reta final da primeira etapa, após falha de Ayrton Lucas, mas Santos foi bem para fechar o ângulo de Arias. Cano pouco apareceu no primeiro tempo.
Na volta para o segundo tempo, o Fluminense parecia até disposto a se adiantar em campo e a pressionar mais o Flamengo. Teve uma cobrança de escanteio, em que Felipe Melo cabeceou para fora. O veterano, porém, seria personagem do outro lado. Num contra-ataque do Flamengo, Gabigol ia escapando sozinho e Felipe Melo deu uma entrada para cometer a falta. De início, o árbitro Anderson Daronco mostrou o cartão amarelo por entender que o atacante não ia em direção ao gol. Porém, mudou de ideia após revisar o lance no monitor e mostrou o vermelho direto para o defensor. Seriam minutos de paralisação e reclamação dos tricolores. Manoel foi o escolhido para recompor a zaga, no lugar de Gabriel Pirani.
Quase o Flamengo aproveitou a vantagem de imediato. Numa bola alçada na área, Léo Pereira ajeitou de cabeça e Arrascaeta mandou por cima, mesmo com a meta aberta. O Fluminense até conseguia aparições esporádicas no ataque, mas a partida era jogada nos arredores da área tricolor. O Fla dominava a partida, com ampla posse de bola e trocas de passes. O Flu se esforçava ao máximo para fechar os espaços. Também ficava uma partida mais pegada, com faltas e discussões. Everton Cebolinha entrou em campo no lugar de Thiago Maia, para dar mais recursos ofensivos aos rubro-negros. Já os tricolores dependiam de alguma bola vadia. Cano chegou até a arriscar um chute do meio do campo, mas para fora.
O Fluminense estava bem organizado para evitar os riscos. Enquanto isso, o Flamengo passava a arriscar mais chutes de fora da área, sem direção. Quando os rubro-negros voltaram a penetrar na área, Ayrton Lucas cabeceou bem e Fábio realizou uma defesa ainda melhor aos 26. Matheus França entrou pouco depois no lugar de Arrascaeta, enquanto Vidal substituiu Everton Ribeiro. A criação do Fla deixava a desejar. A equipe girava a bola com letargia e não conectava os muitos cruzamentos. O Flu trancava a sua área e tentava gastar o tempo quando possível. Pelas circunstâncias, era uma brava apresentação dos tricolores. Ganso era um nome fundamental – para liderar a resistência e para esfriar os rivais com a bola. Chegou a sofrer um pisão de Gabigol, que não foi advertido por Daronco.
Os dez minutos de acréscimos ainda foram aumentados para mais um, pela demora do Fluminense para repor a bola. O Flamengo seria todo ataque nesta reta final. Girava os passes e tentava encontrar uma fresta, o que inexistia. Eram muitos cruzamentos rifados. Uma finalização no alvo só voltou a acontecer aos 51 minutos, quando Matheus França chutou forte e carimbou Fábio, numa defesa sem dificuldades. Os rubro-negros não aproveitaram a vantagem numérica, até porque não tiveram espaços para isso. A definição fica para o reencontro, em outro duelo que se promete quente.