Copa do Brasil
Tendência

Bruno Henrique incendiou o Maracanã mais uma vez e selou a virada sobre o Athletico

O Flamengo tomou um gol logo cedo e demorou a romper a defesa do Athletico Paranaense, mas buscou a virada no segundo tempo com mais um gol de Bruno Henrique

Bruno Henrique tem seu nome gravado na história do Flamengo desde 2019. O atacante teve atuações absurdas numa temporada extremamente vitoriosa, o suficiente para se tornar um ídolo eterno do Fla. O camisa 27, entretanto, não se acomodou nos louros. Teve outras conquistas maiúsculas e, nos últimos jogos, prova como sua presença melhora o time. A recuperação de Bruno Henrique é uma das melhores notícias para o Fla, sobretudo pela forma como ele faz a diferença repetidas vezes. Nesta quarta-feira, o ídolo resolveu na Copa do Brasil. Os flamenguistas tinham um jogo difícil contra o Athletico Paranaense no Maracanã, sobretudo pelo gol precoce do Furacão. A pressão cresceu até render o empate no início do segundo tempo, mas a virada só se consumou com carimbo de Bruno Henrique. O Flamengo leva o 2 a 1 antes do reencontro na Baixada.

O Flamengo entrou em campo num 4-1-4-1, que começava com Matheus Cunha no gol. O quarteto de defesa era formado por Wesley, Fabrício Bruno, David Luiz e Ayrton Lucas. No meio, Erick Pulgar ocupava a cabeça de área. Mais à frente abriam Everton Ribeiro, Victor Hugo, Arrascaeta e Gérson. Pedro comandava o ataque. Já o Athletico tinha Bento no gol, além de Madson, Pedro Henrique, Thiago Heleno, Zé Ivaldo e Lucas Esquivel no quinteto de zaga. Fernandinho e Erick fechavam o meio, com o auxílio de Vítor Bueno. Canobbio e Vitor Roque puxavam o ataque.

Gol rápido de Canobbio dita ataque contra defesa

A partida não demorou a mostrar sua tônica, com a posse de bola do Flamengo e o Athletico recuado para se proteger. O Furacão esperava o momento certo para ferir. E ele veio muito cedo, com o primeiro gol logo aos sete minutos. Numa bola longa para o ataque, Vítor Roque ganhou no corpo de Erick Pulgar e Canobbio partiu sozinho em direção à área. O uruguaio ficou de frente com Matheus Cunha e não teve trabalho para só deslocar o goleiro. O Flamengo teria que bater contra a parede. Os cariocas trabalhavam a bola e não conseguiam criar contra uma defesa bem postada. A primeira boa chance veio numa bola parada, em falta cobrada por Arrascaeta aos 16, que passou muito perto do ângulo. Já o Furacão confiava nas ligações diretas e causava apuros esporádicos.

O Flamengo tinha paciência ao rodar a bola, mas às vezes parecia muito passivo em seu jogo. Eram muitos passes para o lado e poucos lances mais agudos. Méritos também da defesa do Athletico, que ia bem para afastar e trancava sua área. A partida se transformava num grande ataque contra defesa, com os cariocas pendendo ao lado direito. Quando saíam os cruzamentos em direção a Pedro, porém, o Athletico rifava a mínima ameaça. Eram minutos improdutivos do Fla, que precisavam de mais amplitude para explorar os lados e não tinham. A defesa do Furacão era intransponível, especialmente quando Canobbio recuou para auxiliar o meio.

Nos minutos finais, o Flamengo conseguia um pouco mais de penetração dentro da área. Não era tão concreto, mas a defesa do Athletico começava a mostrar um pouco mais de rachaduras. O jogo aéreo virava um caminho e os cariocas finalmente tiveram seu arremate no alvo durante os acréscimos. A cabeçada de Pulgar, entretanto, não deu muito trabalho a Bento. O Furacão chegava firme e tentava gastar um pouco mais de tempo. O clima no Maracanã também ficava um pouco mais tenso nas arquibancadas.

Bruno Henrique de novo levanta o Maracanã

O Flamengo começou o segundo tempo encontrando mais espaços na área do Athletico. As tabelas funcionavam. A primeira chegada saiu num lance entre Ayrton Lucas e Arrascaeta, com a batida no canto para a defesa de Bento. Logo depois, a investida saiu pela direita, puxada por Arrascaeta. Gérson cruzou e Madson até evitou a finalização, mas acertou a canela de Arrascaeta na tentativa de afastar o perigo. Depois da revisão do árbitro no monitor, foi assinalado o pênalti. Pedro assumiu a batida e chutou com categoria, tirando Bento para empatar aos dez minutos.

O Athletico Paranaense realizou as primeiras mudanças na sequência, com Khellven e Christian, para as saídas de Madson e Vítor Bueno. Já o Flamengo, num momento em que reduziu um pouco a pressão, mesmo com mais posse, ganhou a presença de Bruno Henrique no lugar de Victor Hugo aos 20. A torcida pedia BH. Quando os cariocas voltaram a finalizar, Pedro pegou torto na bola e mandou longe. O Furacão ainda buscava as transições em velocidade, mas a defesa do Fla se mostrava mais segura. A confiança estava entre os cariocas. E o segundo gol pintou aos 26, com o xodó da torcida, Bruno Henrique. Numa falta cobrada pela direita, Arrascaeta mandou no segundo pau e o atacante ganhou de Fernandinho no alto, antes de cabecear no contrapé de Bento.

Se o Flamengo já se mostrava mais calmo para conduzir a partida, a virada dava ainda mais a sensação de controle ao time. Podia girar a bola e administrar a vantagem. O time estava leve. Luiz Araújo estreou aos 32 minutos, no lugar de Everton Ribeiro. Enquanto isso, Cuello e Léo Cittadini tentavam reavivar o Athletico, mais ofensivo. O terceiro do Fla era mais provável e quase saiu com assistência de Luiz Araújo. O meia lançou Bruno Henrique, que tentou encobrir Bento e mandou ao lado da meta. O Furacão se postava mais à frente, com tentativas de Pedro Henrique e Christian, mas sem grande perigo. No final, Arrascaeta deu lugar para Thiago Maia fechar o meio, enquanto Vitor Roque saía para a entrada de Thiago Andrade. Durante os acréscimos, o Athletico até rondou, mas sem ímpeto. A festa seria mesmo dos cariocas.

Diante das dificuldades que o jogo propôs, a vitória do Flamengo é importante. Entretanto, a superioridade da equipe sugeria até um placar mais elástico. De certa maneira, a reação demorou a acontecer. O Athletico Paranaense costuma ser um adversário indigesto na Baixada e segue com condições de brigar pela classificação. Desta vez, porém, não produziu muito além de seu gol.

Foto de Leandro Stein

Leandro Stein

É completamente viciado em futebol, e não só no que acontece no limite das quatro linhas. Sua paixão é justamente sobre como um mero jogo tem tanta capacidade de transformar a sociedade. Formado pela USP, também foi editor do Olheiros e redator da revista Invicto, além de colaborar com diversas revistas. Escreveu na Trivela de abril de 2010 a novembro de 2023.
Botão Voltar ao topo