Copa do Brasil

Athletico resistiu à pressão do Beira-Rio e sublimou seu primeiro título de Copa do Brasil com um golaço

O Beira-Rio pulsava quando a final da Copa do Brasil começou, e o Internacional, sem tempo a perder, foi com tudo para cima do Athletico Paranaense. E quando parecia que marcaria, o Furacão abriu o placar. E, depois do empate, quando parecia que o Colorado pressionaria para levar a decisão aos pênaltis, os visitantes souberam controlar o jogo em um segundo tempo no qual se destacaram pela maturidade. No último ato, Marcelo Cirino fez uma jogada de craque pela ponta esquerda para consagrar a vitória por 2 a 1 do Athletico Paranaense, pela primeira vez na história campeão da Copa do Brasil.

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Curioso o caminho que a curva da partida tomou. O Internacional começou muito melhor e seguiu superior mesmo após o gol do Furacão. No entanto, caiu de rendimento drasticamente no segundo tempo, particularmente a partir dos 20-25 minutos, e o Athletico Paranaense aproveitou a deixa para ficar mais tempo no campo de ataque e defender as tentativas adversárias que, falando francamente, não foram abundantes de inspiração. 

Valeu a experiência de um time que conquistou um título importante pelo segundo ano seguido, tem qualidade e é muito bem treinado. Precisou lidar com alguns obstáculos porque o Internacional, por mais que não tenha feito uma grande partida, teve momentos de pressão. Mas este Athletico Paranaense parece ter um plano para cada situação, muito mérito do trabalho do seu treinador Tiago Nunes. 

O Internacional buscou marcar cedo para igualar a final o mais rápido possível e teve uma grande chance antes do primeiro minuto, quando Guerrero escorou para Nico López, que bateu para ótima defesa de Santos. O Internacional ficou o tempo inteiro no campo de ataque nos primeiros 15 minutos, com posse de bola na casa dos 70%, buscando as jogadas pelos lados. 

Conseguiu três escanteios, mas nenhuma chance clara, exceto a primeira de López. No outro lado, a única chegada foi uma cobrança de falta de Nikão, com muita força, que explodiu em Lindoso no meio da área. A partida estava quente, com muitas faltas, e López recebeu cartão amarelo por deixar o pé em Léo Pereira. Os dois jogadores se encararam em seguida. 

Com o tempo, a pressão colorada arrefeceu apenas um pouco, mas o bastante para que o Athletico Paranaense conseguisse uma ou duas escapadas, e, em uma delas, encaixou uma boa jogada. Rony girou no meio-campo, arrancou e soltou para Marco Ruben. O centroavante tocou para trás e Leo Cittadini entrou na área. Dominou com um pé, bateu com o outro: 1 a 0 para o Furacão. 

 

De repente, a missão do Internacional estava bem mais difícil. Sorte dele que o empate não demorou. Nico López cobrou escanteio e, depois de ficar saltitando dentro da área, voltou para ele, que inverteu para o outro lado da área. Guerrero bateu de primeira, meio que de qualquer jeito. Lindoso emendou ao travessão, Cuesta meramente tocou na bola, e López acabou com a brincadeira. Um gol tão chorado quanto um gol pode ser. 

 

Mas isso pouco importou ao Internacional. O prejuízo do gol de Cittadini havia sido anulado e ele poderia voltar ao plano inicial de fazer um gol para leva a decisão aos pênaltis e dois para inflamar o Beira-Rio com o título ao apito final do árbitro. E, animado, retomou uma imposição mais parecida à do começo da partida, sem conceder respiro ao Furacão. Em uma tradicional arrancada, Nico López abriu um bom espaço na entrada da área, mas pegou mal na hora de finalizar. 

Odair Hellmann retornou com Rafael Sóbis no lugar de Patrick e, ainda no começo do segundo tempo, colocou Nonato na vaga do lateral direito Bruno, deslocando Edenilson à defesa. O Internacional seguiu mandando na partida. Guerrero dominou uma bola na área e imediatamente emendou um chute de perna direita, perto da trave de Santos. Sóbis cruzou para a segunda trave, onde o peruano preparava o cabeceio fatal, mas Victor Cuesta subiu em cima do companheiro e testou para fora. 

Depois desse lance, porém, o Internacional limitou seu repertório a chutes de fora da área e, pouco a pouco, o Athletico Paranaense foi ficando confortável. Quando o segundo tempo chegou à metade, passou a ser o time que mais ficava com a bola, tocando-a com confiança, deixando o adversário nervoso e eventualmente buscando algum espaço no qual pudesse matar a partida. Uma raspada de cabeça de Marcelo Cirino quase fez exatamente isso. 

O Internacional tentou buscar o gol que empataria a final nos minutos finais, mas foi decepcionante o pouco que produziu. Entre faltas afobadas e decisões equivocadas de Nico López, já um clássico de jogos em que o Colorado precisa correr atrás, colocou vários jogadores no campo de ataque e apostou nos chutões. Acontece que, nessa estratégia, o jogo de futebol vira loteria, e a sorte não estava com os donos da casa – nem a tranquilidade. Enquanto isso, o Athletico apenas esperava a hora de dar o bote fatal. Havia tido uma chance em contra-ataque de Rony e Cirino contra apenas um marcador do Inter. Edenilson surgiu na hora certa para fazer o corte. 

O ápice da final começou com Cirino avançando pela esquerda e se dirigindo à bandeira de escanteio para matar tempo. Edenilson estava na marcação e recebeu a companhia de Sóbis. O atacante do Athletico Paranaense, com genial inspiração, conseguiu um toque entre as pernas do volante colorado e saiu em direção à grande área. O estranho foi como Edenilson e Sóbis desistiram da jogada. E como Lindoso entrou seco para tentar roubar a bola e foi facilmente driblado. 

Cirino rolou para Rony e, de repente, o Athletico Paranaense tinha a certeza de que dormiria campeão do Brasil pela primeira vez desde que ganhou o Campeonato Brasileiro em 2001. Quer dizer, se alguém ligado ao clube conseguir dormir nesta quarta-feira. 

Foto de Bruno Bonsanti

Bruno Bonsanti

Como todo aluno da Cásper Líbero que se preze, passou por Rádio Gazeta, Gazeta Esportiva e Portal Terra antes de aterrissar no site que sempre gostou de ler (acredite, ele está falando da Trivela). Acredita que o futebol tem uma capacidade única de causar alegria e tristeza nas mesmas proporções, o que sempre sentiu na pele com os times para os quais torce.
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