Copa do Brasil
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A rodada da Copa do Brasil foi uma casca de banana a vários times badalados, para deleite de muitas torcidas fervorosas ao redor do país

Maringá, Remo, Náutico e CRB comemoraram vitórias maiúsculas na abertura dos 16-avos de final, com ainda um bom empate do Ituano

O início dos 16-avos de final da Copa do Brasil era uma casca de banana no calendário de muitos times. As partidas aconteceram uma semana depois da estreia na Libertadores e na Copa Sul-Americana, poucos dias depois das finais dos estaduais, pouco antes do pontapé inicial do Brasileirão. E no momento em que muitos clubes endinheirados atravessam turbulências, sem conseguir chegar no ritmo certo para o momento principal da temporada, os desafiantes da Copa do Brasil se aproveitaram. Foi uma rodada de deleite para as torcidas de Remo, Náutico e CRB, com as respectivas vitórias sobre Corinthians, Cruzeiro e Athletico Paranaense. O Ituano também tirou uma casquinha do São Paulo. E a maior euforia aconteceu no Willie Davids, onde os torcedores do Maringá se deram ao luxo até de gritar “olé” com a vitória sobre o Flamengo.

A vitória do Maringá por 2 a 0 sobre o Flamengo é a mais impactante da semana. É um clube abraçado pela torcida da cidade e com bons desempenhos recentes no estadual, mas de pouca tradição em comparação aos demais vencedores da rodada. Pegava um Fla com o rótulo de atual vencedor da Copa do Brasil e da Libertadores, mas com o moral em frangalhos após a derrota para o Aucas e, principalmente, a goleada na final do Campeonato Carioca. Para quem esperava uma mudança de postura após a demissão de Vítor Pereira, não foi isso que aconteceu. A segurança toda estava com os paranaenses, diante dos cariocas outra vez apáticos.

É um resultado histórico para o Maringá, ainda mais para um clube que constrói há pouco tempo sua trajetória. O Tricolor foi mais organizado e mais preciso em suas ações. E, a partir do momento em que o resultado começou a ser construído, também mais vibrante, apoiado na torcida que fazia barulho nas arquibancadas. O gol contra de David Luiz era o primeiro golpe no moral do Flamengo durante a noite. Já na segunda etapa, o contra-ataque concluído por Serginho dificultava mais as coisas para os rubro-negros. O time não deu sinais de reação. Ouviu os gritos de olé e os urros de uma massa que celebrou demais o resultado dos paranaenses. De fato, o Dogão foi superior ao Fla.

Se há um consolo para o Flamengo, é que sua frustração não foi solitária. E, da mesma forma, as celebrações ao redor do Brasil se tornaram muito mais amplas. A quinta-feira também seria feliz nos Aflitos, onde o Náutico derrotou por 1 a 0 o Cruzeiro, num momento de mudança (com a estreia do técnico Pepa) e sem engrenar no início da temporada em que volta à primeira divisão. A Raposa até conseguiu ameaçar durante o primeiro tempo. Não teve precisão e, quando acertou a meta, parou no goleiro Vagner. Já na segunda etapa, o Timbu cresceu e passou a criar mais. Teve chute de bicicleta para fora, até que Santiago decretasse a vitória nos minutos finais. Os pernambucanos jogarão pelo empate em Belo Horizonte.

Na quarta-feira, o feito mais retumbante foi registrado pelo Remo. Dentro do Mangueirão, abriu também uma boa vantagem contra o Corinthians, com a vitória por 2 a 0. O time misto corintiano não funcionou e os remistas aproveitaram. Dominaram o primeiro tempo e tiveram muito mais ímpeto, com o gol de Richard Franco. Dava até para os paraenses anotarem mais antes do intervalo. Ficou para o segundo tempo, quando Muriqui fechou a contagem, sem que as mudanças promovessem uma melhora no lado alvinegro. A impressão foi mesmo de que o resultado ficou barato para os paulistas, antes do reencontro na NeoQuímica Arena.

O CRB, com um histórico recente de façanhas na Copa do Brasil, peitou o Athletico Paranaense. A vitória por 1 a 0 abriu o caminho para os alvirrubros no Trapichão. O Furacão chegou a balançar as redes antes, mas teve um gol anulado por impedimento no primeiro tempo. No entanto, o Galo já tomava mais iniciativa desde a primeira etapa e construiu o resultado na volta do intervalo. Copete fez a jogada concluída por Anderson Leite, sem que o Athletico conseguisse aproveitar as chances criadas depois disso. Também teve um pênalti cancelado pelo VAR. A missão dos paranaenses será reverter na Baixada, com os alagoanos podendo se valer do empate.

Por fim, o Ituano pode ter só empatado na terça-feira, contra o São Paulo. Mas foi um 0 a 0 arrancado dentro do Morumbi, que garante ao Galo a chance de fazer o simples no Novelli Júnior. Valeu bastante a organização dos interioranos, que conseguiram segurar o ímpeto dos são-paulinos desde o primeiro tempo, com os anfitriões abusando dos cruzamentos. Nem as trocas de Rogério Ceni para o segundo tempo auxiliaram, com dificuldades dos tricolores para furar a barreira dos adversários. Quando necessário, o goleiro Jefferson Paulino também apareceu bem, tal qual havia feito no Paulistão.

As partidas de volta acontecem dentro de duas semanas, o que dá um respiro para os ditos “favoritos” tentarem se recuperar. Mas isso sem muita margem para manobra, com as rodadas do Brasileirão e os compromissos continentais ensanduichados aí no meio. Todos os resultados são reversíveis, mas demandarão uma postura diferente da maioria dos derrotados. E isso se outras surpresas não pintarem aos times que venderam caro a derrota fora de casa, com a segunda partida em seus domínios – a exemplo do Brasil de Pelotas diante do Atlético Mineiro ou do CSA contra o Internacional, ambos batidos apenas de virada.

Foto de Leandro Stein

Leandro Stein

É completamente viciado em futebol, e não só no que acontece no limite das quatro linhas. Sua paixão é justamente sobre como um mero jogo tem tanta capacidade de transformar a sociedade. Formado pela USP, também foi editor do Olheiros e redator da revista Invicto, além de colaborar com diversas revistas. Escreveu na Trivela de abril de 2010 a novembro de 2023.
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