Copa do Brasil

A Copa do Brasil arrasadora termina de confirmar o lugar especial deste Atlético Mineiro na história

Galo registra o maior placar agregado da história das finais da Copa do Brasil, fechando o ano abrilhantado pelo Brasileirão

Na história da Copa do Brasil, em apenas sete oportunidades o campeão conseguiu vencer os dois jogos da final. O Atlético Mineiro registrou o feito em ambos os títulos, em 2014 e 2021. Porém, nunca antes o dono da taça construiu um placar agregado tão acachapante quanto o deste Galo dono do chamado “triplete alvinegro”. Os 6 a 1 sobre o Athletico Paranaense ratificam a excelência de um clube que atravessou uma temporada histórica. E que, definitivamente, se grava entre os maiores times do futebol brasileiro nos últimos anos. Os troféus acumulados e a dominância eternizam esse esquadrão atleticano.

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Se a campanha na Copa do Brasil de 2014 se notabilizou pelos milagres e viradas do Atlético Mineiro, antes de sobrar na decisão contra o maior rival, o bicampeonato é de um Galo incontestável. Foram dez partidas na campanha, com nove vitórias e só uma derrota. Os atleticanos marcaram 22 gols e sofreram cinco. E tiveram suas maiores provas de força exatamente nos confrontos finais. Os 6 a 1 agregados pintaram pela primeira vez contra um Fortaleza brilhante no ano, durante a semifinal, e se repetiram contra um Athletico Paranaense que, semanas antes, foi campeão da Sul-Americana.

A Copa do Brasil renova o prestígio do Atlético Mineiro, garante mais um bicampeonato ao clube no ano e também engorda a conta bancária com a polpuda premiação. Mais importante é a maneira como complementa a temporada fantástica do clube e reafirma a vocação vencedora desse time. Pela força do elenco e pela competitividade em campo, a sensação é a de que o Galo continuará sonhando com tri's em 2022. Ou então com o bi da Libertadores, torneio que mesmo sem o título ofereceu momentos marcantes nesta narrativa de 2021 – com as classificações diante de Boca Juniors e River Plate, por mais que a campanha invicta tenha se encerrado com dois empates na semifinal.

O título da Copa do Brasil completa ainda a “tríplice coroa particular” de Cuca no Atlético Mineiro. Depois da Libertadores de 2013 e do Brasileiro de 2021, o treinador leva também a Copa do Brasil com o Galo, a primeira de sua carreira na casamata – repetindo o que já tinha conseguido como jogador, ao faturar a primeira edição com o Grêmio em 1989. Os méritos do treinador são imensos ao longo do ano, por conseguir uma equipe bem mais equilibrada que a dos meses anteriores, com mais solidez defensiva, mas sem deixar de explorar a voracidade de tantos talentos do meio para frente.

Aguentar duas frentes de peso, como Brasileiro e Copa do Brasil, é um feito imenso do Atlético Mineiro. O Galo se valeu da profundidade de seu elenco, com boas opções em todos os setores e capacidade de rotação. Ainda assim, impressiona a forma como o Galo chegou ao momento decisivo com a energia no talo. Superou os desafios de uma temporada encavalada por causa da pandemia, com o calendário sempre cruel elaborado pela CBF. Os atleticanos se provaram num nível acima, não apenas por encaixe coletivo ou por qualidade individual, mas também pelo gás exibido nessa maratona.

Hulk, obviamente, se sobressai. Foi o melhor jogador e o artilheiro do Brasileirão. Repetiu os dois prêmios também na Copa do Brasil, um feito dificílimo, ainda mais pela forma como o veterano sobrou. E os dois jogos da decisão exibiram um pouco mais da excelência do atacante. Foi protagonista direto da goleada na ida e abrilhantou também a volta com o seu golaço. Se muita gente no Brasil ainda duvidada da qualidade do craque, Hulk não deixou pedra sobre pedra por essa temporada com o Atlético Mineiro. E a impressão é de que este é só o primeiro ano de sua idolatria em Belo Horizonte.

Outro símbolo que merece ser lembrado, mesmo na reserva, é Réver. O zagueiro teve o gosto de erguer a taça mais uma vez, firmando-se como elo com a conquista anterior na Copa do Brasil. De qualquer maneira, o leque de atleticanos a serem exaltados é imenso. Keno arrebentou nessa reta final de temporada. Everson foi decisivo em diversos momentos. Guilherme Arana gasta a bola na lateral esquerda, enquanto Mariano também foi acima da média na direita. Júnior Alonso liderou o miolo de zaga com enorme firmeza. No meio, Allan e Jair foram dois termômetros ao time, menos citados na imprensa do que deveriam. Zaracho liderou a legião estrangeira como motor da equipe, com Nacho e Savarino contribuindo pontualmente em outros momentos. Vargas teve influência direta na Copa do Brasil. E outros respaldam o elenco estrelado, que corresponde da melhor forma.

O que passa mais confiança sobre a renovação das glórias do Atlético Mineiro não é só a superioridade expressa, é também a mentalidade demonstrada pelo time. O Galo teve outros elencos badalados em sua história, mas que não renderam com essa regularidade e esse nível de comprometimento. Mas, antes de pensar em mais, o torcedor atleticano está no seu direito de desfrutar a alegria pelo triplete alvinegro. O Brasileirão já representou muito, por ser um troféu tão ansiado e que tantas vezes escapou. A Copa do Brasil arremata a perfeição atingida pelo Galo nas competições nacionais, para colocar esse time numa prateleira especial da história. E para deixar a massa com um orgulho ainda mais inabalável pelos títulos consecutivos.

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Foto de Leandro Stein

Leandro Stein

É completamente viciado em futebol, e não só no que acontece no limite das quatro linhas. Sua paixão é justamente sobre como um mero jogo tem tanta capacidade de transformar a sociedade. Formado pela USP, também foi editor do Olheiros e redator da revista Invicto, além de colaborar com diversas revistas. Escreveu na Trivela de abril de 2010 a novembro de 2023.
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