9 comandantes e uma barca furada: essa é a CBF desde 2012
Após a renúcia de Ricardo Teixeira em março de 2012, nove pessoas passaram pela presidência da CBF, sejam definitivos, interinos ou interventores
Desde que Ricardo Teixeira renunciou ao cargo de presidente da Confederação Brasileira de Futebol (CBF) em 2012, nove dirigentes assumiram a gestão, seja de forma definitiva, como interinos ou interventores. O mais recente foi Ednaldo Rodrigues, que comandou a entidade máxima do futebol brasileiro entre 2021 e 2023, até que na última quinta-feira (7) o Tribunal de Justiça de Rio de Janeiro destituiu o então mandatário, nomeando José Perdiz, presidente do Superior Tribunal de Justiça Desportiva (STJD), como interventor por 30 dias, período que convocará novas eleições na CBF.
Ricardo Teixeira presidiu a entidade por 23 anos, até hoje o maior período de um presidente na história. Em 1989, ele sucedeu Octávio Pinto Guimarães, sob indicação do polêmico João Havelange, que era seu sogro. Teixeira permaneceu até março de 2012, quando renunciou em momento envolto a acusações de corrupção – seria banido pelo resto da vida do futebol pela Fifa em 2019, o mesmo caminho pelos seguintes presidentes da CBF.
José Maria Marin assumiu como interino após Teixeira e ficou até 2015 – da lista, é o único que concluiu um mandato, mesmo não sendo eleito -, quando Marco Polo Del Nero foi eleito em uma disputa que não houve concorrentes e assumiu o cargo. Logo no primeiro ano, Del Nero pediu licença de 30 dias após acusações de corrupção e Marcus Antônio Vicente assumiu de forma interina no período que o presidente eleito ficou fora.
Ele retornou ao comando – sem poder sair do Brasil com o risco de ser preso – e, ao ser suspenso provisoriamente pela Fifa em 2017 (depois, banido eternamente), Antonio Carlos Nunes da Silva, mais conhecido como Coronel Nunes, ficou na presidência até a eleição de Rogério Caboclo, em outro pleito sem adversários que previa um mandato de 2019 a 2023 se não fossem acusações de assédio sexual e moral, que o fizeram sair do cargo após determinação da Comissão de Ética criada pela CBF em 2021. Ainda houve uma votação da Assembleia Geral da CBF, que confirmou o afastamento do cargo.
Vice-presidente na época, Coronel Nunes novamente retornou ao comando da entidade, enquanto Caboclo tentava voltar ao poder (e até Del Nero entrou nessa briga à época). Ao mesmo tempo, a justiça nomeou o presidente do Flamengo, Rodolfo Landim, e o presidente da Federação Paulista de Futebol, Reinaldo Carneiro Bastos, como os interventores – eles até aceitaram, mas uma decisão posterior anulou a nomeação.
Ainda em 2021, em agosto, chegamos ao nome que ficou no cargo até 7 de dezembro de 2023: Ednaldo Rodrigues, escolhidos pelos vice-presidentes da CBF para concluir o mandato de Caboclo. O então presidente e agora destituído assinou, em março do ano passado, um Termo de Ajustamento de Conduta (TAC) junto ao Ministério Público do Rio de Janeiro que estabeleceu novas regras para eleições da CBF.
A assinatura do TAC, que permitiu a eleição de Ednaldo em 2022, é o que contesta a Justiça do Rio e fez destituir Ednaldo, pois, segundo o órgão, ele, como interino na presidência, não poderia assinar o termo.
A expectativa é que Ednaldo Rodrigues entre com uma ação no Superior Tribunal de Justiça, em Brasília, para retornar ao poder da CBF. Enquanto isso, Perdiz está como interventor e pode convocar novas eleições, que devem acontecer no início de janeiro.
Quase 12 anos, nove presidentes e seguintes decisões equivocadas, seja dentro ou fora dos gramados. Dois mandatários envolvidos em corrupção e banidos do futebol pelo resto da vida, um deles preso (José Maria Marin, entre 2015 e 2020), outro acusado de assédio moral e sexual. Tudo isso reflete a bizarrice que é a CBF, especialmente na última década.
Veja todos os presidentes (interinos ou não) da CBF desde 2012
- José Maria Marin (2012-2014)
- Marco Polo Del Nero (2015-2017)
- Marcus Antônio Vicente (2015-2016)*
- Coronel Nunes (2017-2019)*
- Rogério Caboclo (2019-2021)
- Coronel Nunes (2021)*
- Rodolfo Landim (2021)**
- Reinaldo Carneiro (2021)**
- Ednaldo Rodrigues (2021-2023)
- José Perdiz (2023)**
*interinos
** interventores