Sem oposição, Julio Casares se consolida (ainda mais) no poder e é reeleito presidente do São Paulo
Com 194 votos, (82,9%), Julio Casares é reeleito presidente do São Paulo pelos próximos três anos em pleito sem concorrente
Um a um, os conselheiros chegavam ao Morumbi para votar na eleição para presidente do São Paulo. Mas cada voto depositado era mero protocolo da sessão do Conselho Deliberativo na noite desta sexta-feira (8). Sem candidato opositor, o presidente Julio Casares foi reeleito para o cargo e seguirá no comando pelos próximos três anos – de 2024, ao fim de 2026. A formalidade do pleito apenas consolida a posição que ocupa no poder do clube desde 2021, assim como o enfraquecimento da oposição na política são-paulina.
Além do próximo – na verdade, o mesmo – presidente da diretoria, a reunião também serviu para eleger o novo presidente do Conselho, assim como os membros do Conselho de Administração.
Casares foi reeleito com 82,9% (194) dos votos. A eleição teve ainda mais 12,7% (30) votos em branco e mais 4,2% (10) de nulos. O pleito também confirmou a reeleição de Olten Ayres de Abreu Júnior como presidente do Conselho. Ele também foi candidato único, com 81,6% (191 votos). Foram mais 12,3% (29) votos em branco e outros 5,9% (14) de nulos.
A eleição para presidente no São Paulo é indireta, apenas com votos dos conselheiros. Recentemente, uma proposta para alterar o sistema de votação por meio dos sócios, foi negada no Conselho. Ainda no ano passado, os associados do clube aprovaram uma mudança no estatuo que autorizou a reeleição de Casares.
E esta reeleição virou realidade, de fato, na semana passada. O prazo de inscrições para o pleito ia até o dia 28 de novembro. Apenas Julio Casares registrou a candidatura da chapa. A oposição não inscreveu candidato. De acordo com o artigo 108 do estatuto do clube, os candidatos devem realizar a inscrição até dez dias antes da eleição e publicar no site oficial do São Paulo um resumo de suas propostas.
Casares foi eleito presidente do clube no final de 2020 com 66% dos votos. O atual mandatário fez 155 votos, contra 78 de Roberto Natel, seu opositor na eleição. Ele substituiu Carlos Augusto de Barros e Silva, o Leco, à frente do clube. Sob seu mandato, o São Paulo foi campeão paulista em 2021 e acaba de conquistar o título inédito da Copa do Brasil. O clube ainda amargou um vice-campeonato estadual para o Palmeiras e um vice na Sul-Americana para o Independiente Del Valle em 2022. Em 2024, o Tricolor volta a disputar a Libertadores depois de três anos. A última participação foi no ano de 2021.
Por que a oposição não lançou candidato?
A ausência de um candidato opositor a Casares mostra como os o movimentos de oposição do clube estão enfraquecidos e perderam relevância ao longo do atual mandato. Prova disso é que a oposição só decidiu não lançar candidato por entender que a derrota na eleição é certa. A avaliação é de que não valeria à pena escolher um nome para ser derrotado por Casares apenas para firmar posição e mostrar que há uma corrente oposta à do atual mandatário no Conselho Deliberativo. Marco Aurélio Cunha e Sylvio de Barros eram cotados para ser os representantes opositores no pleito – o que não irá acontecer.
O atual presidente já havia dado um passo importante para ser reeleito no sábado, 25 de novembro, quando os sócios do clube elegeram cem novos conselheiros para o mandato do triênio 2023-2026. Na Assembleia Geral Ordinária realizada no Morumbi, a chapa Juntos Pelo São Paulo, liderada por Casares, elegeu 88 novos integrantes do Conselho Deliberativo. A Chapa Salve o Tricolor Paulista, da oposição, elegeu apenas 12. Ao todo, 2.742 associados votaram.
De acordo com o estatuto do clube, 75 conselheiros foram eleitos por terem sido os mais votados na eleição. Outros 25 nomes entram em vagas ocupadas por candidatos com matrículas de sócio mais antigas, mas respeitando a proporcionalidade de eleitos pelas duas chapas inscritas.
Como funciona a eleição do São Paulo?
Eleger a (imensa) maioria de conselheiros basicamente já havia garantido a vitória de Julio Casares, mesmo que ele enfrentasse um candidato nas urnas, porque a eleição para presidente do São Paulo é indireta. Apenas membros do Conselho Deliberativo têm direito a voto, e não os sócios, como em outros clubes do Brasil.
Além dos 100 novos integrantes, o Conselho do São Paulo é composto por 160 conselheiros vitalícios. Mesmo assim, o plenário é considerado amplamente favorável à chapa da situação, liderada por Casares.