Carpini adota São Paulo como casa (literalmente) e já faz história com um mês de clube
Carpini completa um mês de São Paulo com título inédito e quebra de tabu para consolidar início de trabalho

Thiago Carpini desembarcou na capital paulista um mês atrás e foi direto do aeroporto para o Centro de Treinamentos da Barra Funda. Não para comandar o seu primeiro treino pelo São Paulo, mas para acomodar naquela que se tornaria a sua casa. Não é força de expressão. O treinador decidiu morar no CT para viver uma espécie de imersão no clube.
Trinta e um dias mais tarde, Carpini completa um mês no comando do São Paulo já sob o orgulho de ter feito história pelo Tricolor. Aliás: de ter feito história duas vezes em apenas sete jogos até agora. Primeiro, o técnico conduziu a equipe à quebra do tabu de nunca ter vencido o Corinthians na Neo Química Arena. Depois, se tornou o treinador mais novo em 30 anos (desde Muricy Ramalho) a ser campeão pelo clube. E com o título inédito da Supercopa do Brasil, com vitória sobre outro rival, o Palmeiras, nos pênaltis, no Mineirão.
“Todo título é gigante, é o que faltava na historia do São Paulo. Momento único, especial. Marcante na minha vida. É a consolidação profissional, pessoal. Toda a conquista é muito importante vencer. A conquista com o São Paulo é um peso totalmente diferente. Isso me coloca no momento de carreira, numa prateleira diferente”. (Thiago Carpini)
Curiosamente, o técnico completa um mês no cargo justamente um dia após a primeira derrota no comando do São Paulo. No último sábado (10), o Tricolor perdeu por 2 a 0 para a Ponte Preta no Moisés Lucarelli, pelo Campeonato Paulista. Até então acostumado a colecionar apenas resultados positivos, o treinador não mudou o tom de seu discurso na entrevista coletiva depois da partida.
– A derrota era inevitável em algum momento. Isso não muda em nada nossas convicções. Vejo uma equipe abaixo do que sempre foi, mas não desconcentrada. Tivemos competitividade. Talvez os erros técnicos eu levaria em consideração as condições do jogo, claridade, altura da grama, qualidade do gramado. É algo muito diferente do que temos no Morumbis. Requer um tempo para se adaptar – afirmou o treinador.
Em um mês, Carpini se consolida no cargo
A vitória em Itaquera e o título vieram no intervalo de seis dias para estabilizar o trabalho do treinador. Tanto que Carpini vibrou com as conquistas de uma semana “perfeita” sob a consciência do peso que cairia sobre seus ombros em caso de resultados opostos. Hoje, o treinador de 39 anos está consolidado no cargo que herdou de Dorival Júnior e estabiliza o seu trabalho para a sequência da temporada com a tranquilidade que só quem é campeão pode ter.
São só alegrias. Mas ele sabe muito bem que caso tivesse amargado duas derrotas para os rivais, elas teriam um efeito contrário e um tanto perverso. Ele estaria hoje trabalhando sob a desconfiança pairar sobre a sua capacidade, com as primeiras dúvidas e cobranças sobre a permanência em um clube do tamanho do São Paulo.
– Esses jogos são divisores de águas. Quando se perde um clássico, pode ser que cause um certo desconforto, desconfiança. E isso pode atrapalhar uma sequência de trabalho, de construção de ideias. O trabalho em função disso pode ser interrompido. Não existir continuidade. Dá, sim, uma tranquilidade, mas por outro lado, aumenta-se a responsabilidade com nós mesmos, com o nosso torcedor. Uma das grandes virtudes que temos é reconhecer as nossa limitações – afirma Carpini.
Técnico roda o elenco e começa a consolidar estilo de jogo
Além dos feitos inéditos, Carpini conseguiu (até agora) cumprir duas promessas feitas logo em sua apresentação oficial. O treinador garantiu que trabalharia para implementar um estilo de jogo de imposição e valorização da posse de bola. E que procuraria também dar chances a todos os jogadores. Dito e feito.
O treinador já usou mais de dois times de jogadores em 2024. Exatos 25 atletas já atuaram com Carpini pelo São Paulo. Destes, apenas Juan e William Gomes não tiveram chances entre os titulares. Da totalidade do elenco, os únicos que ainda não atuaram são Rodrigo Nestor (que está lesionado), James Rodríguez (que acaba de pedir para rescindir o contrato) e o terceiro goleiro Young, além do garoto Negrucci e de Luan, que não faz parte dos planos.
Os números de Carpini pelo São Paulo
- 7 jogos
- 4 vitórias
- 2 empates
- 1 derrota
- 10 gols feitos
- 5 gols sofridos
- 66,6% de aproveitamento
– Hoje (terça-feira), ficou muito nítida a capacidade do elenco, como o grupo é forte e comprometido. Claro que durante a partida enfrentamos dificuldades, momentos ruins. Quando você roda o elenco, você começa a não ter uma sequência com a mesma formação e é natural que isso aconteça. O mais importante é a disposição, a vontade de fazer. Dentro disso, começam a surgir oportunidades– afirmou o treinador após a vitória sobre o Água Santa por 3 a 0.
O técnico roda o elenco ao mesmo tempo em que faz o time jogar sob as suas ideias. Carpini aproveitou muito do legado de Dorival Júnior – especialmente, o esquema tático e mecânicas de jogo – para fazer o São Paulo jogar com controle da posse de bola e também agressividade na marcação. O próximo passo agora é avançar no processo de dar uma cara mais autoral à equipe, além de fazer correções especialmente na bola aérea defensiva.
Próximos jogos do São Paulo
- São Paulo x Santos – Campeonato Paulista – quarta-feira, 14 de fevereiro, 19h30 (horário de Brasília);
- São Paulo x Red Bull Bragantino – Campeonato Paulista – sábado, 17 de fevereiro, 18h00 (horário de Brasília);
- Inter de Limeira x São Paulo – Campeonato Paulista – quarta-feira, 21 de fevereiro, 21h35 (horário de Brasília).