Brasileirão Série A

Aumento da CBF a dirigentes pagaria tecnologia que evitaria polêmica em Fortaleza x Sport

Presente no futebol há mais de 10 anos, sistema que notifica arbitragem quando a bola cruza a linha do gol é usado nas principais ligas do mundo, mas não no Brasil

A polêmica de arbitragem no empate sem gols entre Sport e Fortaleza, neste sábado (26), pela sexta rodada do Brasileirão, seria evitada caso a CBF investisse na tecnologia que notifica os árbitros quando a bola cruza a linha do gol. 

Aos 29 minutos do segundo tempo, o meia Yago Pikachu finalizou, a bola bateu na trave e no chão -– aparentemente dentro do gol. Os atletas do Leão do Pici comemoram, mas o árbitro paulista Matheus Delgado Candançan não correu para o meio do campo. 

Houve análise no VAR, que considerou o lance inconclusivo e manteve a decisão dada em campo. 

A paralisação durou oito minutos entre a comunicação de Candançan com Rodolpho Toski Marques, responsável pela arbitragem de vídeo, e a análise do árbitro no monitor instalado na beirada do campo. 

Esse percalço não existiria caso o Campeonato Brasileiro possuísse a tecnologia que notifica os árbitros quando a bola ultrapassa a linha do gol

Esse sistema é utilizado no futebol há mais de 10 anos, desde a Copa do Mundo de 2014, mas até hoje não foi adotado no Brasil por conta do preço. 

Atualmente, as principais ligas do mundo (inglesa, alemã, italiana, francesa) possuem o aparato. 

É muito caro. Além de ser muito caro, os estádios do Brasil não estão totalmente preparados para isso. Teriam que ser todos do tipo arena. Se tivéssemos dinheiro sobrando, faríamos, mas não temos – disse o Coronel Marinho, então diretor de arbitragem da CBF, em entrevista ao “UOL”, em 2018. 

Comparamos o custo de tecnologia ao aumento dado pela CBF a presidentes das federações estaduais

Na mesma época da declaração de Marinho, o custo para implementação e operação do sistema durante um ano era de 6,16 milhões de dólares, de acordo com dados da empresa alemã “Goal Control”. 

Realizando as conversões e correções monetárias, o investimento seria de R$ 35,01 milhões por ano. 

Haveria até mesmo a chance de redução nessa quantia, pois na época do levantamento feito pelo grupo alemão não havia operação do VAR no futebol brasileiro. 

Hoje, o aparato utilizado pela arbitragem de vídeo poderia ser adequado à tecnologia que notifica se a bola cruzou ou não a linha do gol. 

De todo modo, o custo do sistema é inferior ao aumento de R$ 165 mil por mês dado por Ednaldo Rodrigues, presidente da CBF, aos chefes das federações estaduais. 

Essa informação foi trazida pela revista “Piaui”, em matéria especial, assinada pelo jornalista Allan de Abreu, que denuncia as extravagâncias da entidade máxima do futebol brasileiro na gestão de Ednaldo

Ednaldo Rodrigues CBF
No dia 4 de abril, a revista “Piauí” trouxe em matéria especial diversas extravagâncias financeiras da gestão do presidente Ednaldo Rodrigues na CBF (Foto: IMAGO / PA Images)

Somadas as 27 entidades estaduais e considerando 13 pagamentos por ano (12 meses mais 13º salário), o custo anual foi elevado em R$ 42,51 milhões. A medida foi adotada em 2021, ano em que o atual presidente da CBF assumiu o cargo. 

Em paralelo, a matéria da “Piauí” também aponta redução do investimento em capacitação à arbitragem. 

Como saldo, houve aumento em falhas técnicas dos árbitros entre os Campeonatos Brasileiros de 2023 e 2024. 

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Tecnologia negada pela CBF já decidiu jogo de Copa do Mundo

Em 2023, a Suécia venceu os Estados Unidos pelas oitavas de final da Copa do Mundo feminina graças à tecnologia da linha do gol. 

A partida terminou empatada sem gols no tempo normal e prorrogação. Nos pênaltis, as suécas venceram por 5 a 4. 

Na última penalidade, a goleira americana Naeher defendeu a cobrança de Hurtig em dois tempos, mas a bola entrou por uma diferença leve e o gol foi confirmado pela notificação à arbitragem. 

A tecnologia avisa quando a bola ultrapassa a linha do gol por, pelo menos, cinco milímetros.

Foto de Fábio Lázaro

Fábio LázaroSetorista

Nascido em Santos, criado em São Vicente e entregue a São Paulo. Na Trivela desde junho de 2024, como setorista do Corinthians. Passagem pelo Lance! entre fevereiro de 2020 e maio de 2024, onde cobriu Santos e Corinthians. Por lá, também coordenou pautas e estratégias digitais. Atualmente, também é comentarista no programa Esporte por Esporte, da TV Santa Cecília.
Foto de Diego Iwata Lima

Diego Iwata LimaSetorista

Jornalista formado pela Faculdade Cásper Líbero, Diego cursou também psicologia, além de extensões em cinema, economia e marketing. Iniciou sua carreira na Gazeta Mercantil, em 2000, depois passou a comandar parte do departamento de comunicação da Warner Bros, no Brasil, em 2003. Passou por Diário de S. Paulo, Folha de S. Paulo, ESPN, UOL e agências de comunicação. Cobriu as Copas de 2010, 2014 e 2018, além do Super Bowl 50. Está na Trivela desde 2023.
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