Brasileirão Série A

Um mês de Arena MRV: o que está bom e o que precisa melhorar na nova casa do Atlético-MG

Os prós e contras que a Arena MRV demonstrou ter no primeiro mês operando em jogos oficiais do Atlético-MG

Há exatamente um mês, no dia 27 de agosto, o Atlético-MG estreava oficialmente a sua nova casa, a Arena MRV. A estreia do estádio teve alguns problemas e alguns pontos positivos. Um mês depois, a Trivela, que esteve presente nos três jogos realizados no estádio, te conta o que está bom e o que precisa melhorar no local.

Após o primeiro jogo na Arena MRV, quando o Atlético venceu o Santos por 2 a 0, a Trivela contou os prós e contra do estádio atleticano. O acesso ao estádio e a entrada foram pontos positivos, bem como a acessibilidade para PCDs. Por outro lado, internet, comida, gramado e sujeira foram alguns dos pontos negativos. Dois jogos foram realizados na casa atleticana desde então, com o Galo vencendo Botafogo e Cuiabá, mas será que o desempenho do estádio é tão bom quanto o do time em campo?

Vale ressaltar que Bruno Muzzi, CEO do Atlético, já citou algumas vezes que a Arena MRV só terá uma operação “perfeita” com um ano ou mais, já que é um equipamento completamente novo e leva tempo para encaixar todas as peças.

A Arena para o torcedor

O torcedor do Atlético não está tendo muitos problemas com a Arena MRV para chegar e sair do estádio. O acesso tanto ao estádio quanto à esplanada é muito elogiado. Há uma estação de metrô próxima, que muitos torcedores estão optando por utilizar. Mas mesmo os que vão de carro tem elogiado, principalmente os que tem vaga no estacionamento, que pontuam muito bem a agilidade para entrar e sair do local. Com relação ao trânsito, apesar das obras no entorno ainda inacabadas, não estão acontecendo engarrafamentos, apenas um acúmulo normal de veículos e uma demora padrão de qualquer estádio ou local que receba muitas pessoas em um evento.

Já dentro do estádio, há uma reclamação constante, que é a sujeira nos assentos. É comum torcedores, principalmente os que vestem preto, saírem com as costas ou o short/calça cheios de marca de poeira. Por outro lado, a limpeza dos banheiros do estádio é muito elogiada a cada jogo. A assessoria da Arena MRV informou que as cadeiras são limpas uma a uma a cada jogo. No entanto, como foi uma obra recentemente acabada, o “pó de construção é algo que demora a sumir, mesmo com a limpeza pesada acontecendo”.

Precificação dos ingressos e alocação das torcidas

O problema que o torcedor do Atlético tem enfrentado é o preço alto dos ingressos, mas é algo que já era de se esperar. Nos primeiros dois jogos, o Galo teve o ingresso mais barato de R$ 90 reais para o sócio que paga mais caro. Como no segundo os torcedores reclamaram e o público foi abaixo do que o alvinegro esperava, no terceiro ele abaixou para R$ 60 o mais barato. Mesmo assim, é um preço considerado caro para a média do país.

Por conta do preço alto, o torcedor do Atlético que gosta de ir ao estádio cantar o tempo todo, tem percebido que o perfil da torcida mudou, que vão mais pessoas consideradas “de elite”, que só querem assistir ao jogo e não cantam. Mas outro ponto também tem sido criticado, que é a alocação das torcidas organizadas. Nos dois primeiros jogos, a Galoucura, principal organizada, ficou “sozinha” atrás do gol, com as outras torcidas espalhadas pela lateral. Muitos criticaram isso, alegando que os cantos foram dissolvidos.

Para o último jogo, as outras duas principais organizadas se juntaram e ficaram no setor acima da Galoucura. O barulho aumentou, mas a desorganização continuou, com cada torcida cantando uma música. Após o jogo, os torcedores alegaram que não conseguiam escutar os outros, mesmo os que estavam logo abaixo (ou acima). Esse “problema” de acústica deve ser resolvido com o tempo, provavelmente com uma conversa entre as torcidas e os gestores do estádio.

No setor com a fumaça e as faixas está a Galoucura, acima, estão a Camisa 13 e a Fúria Alvinegra, mas eles ainda não se acertaram na Arena (Daniela Veiga/Atlético)

Acessibilidade para PCDs

A Arena MRV tem ganhado destaque em todos os jogos em um ponto muito importante: acessibilidade. Cadeiras e pessoas com deficiência tem viralizado na internet com vídeos se divertindo no meio da torcida e nas suas áreas especiais demarcadas no estádio.

O estádio do Atlético tem lugares para PCDs em todos os setores. Na parte inferior, há um isolamento para os deficientes e seus acompanhantes. Na parte superior, também há um lugar, mas sem o isolamento. Essa questão no anel superior causou problemas no “Lendas do Galo”, evento teste antes da estreia oficial. Isso porque os torcedores comuns ficaram escorados na grade de proteção, justamente na frente da área reservada aos deficientes. Por conta disso, surgiu até o boato de “ponto cego” na Arena MRV.

Após o Lendas do Galo, o Atlético e a Arena incluíram avisos no chão e nos telões, além de colocar seguranças no local, para evitar que os torcedores fiquem parados na área em questão, que deve servir apenas de área de transição. Nos jogos oficiais da casa atleticana, não houveram mais problemas desse tipo no anel superior, justamente pelo “contra-ataque” feito após o evento-teste. O alvinegro também fez campanhas nas redes sociais e repete o vídeo e os avisos antes e nos intervalos dos jogos.

Bares

Alimentos e bebidas foram um problema que o Atlético enfrentou desde os eventos-testes. No Lendas do Galo, bebidas e comidas acabaram. O mesmo aconteceu nos primeiros jogos do estádio. O CEO do clube, Bruno Muzzi, explicou que alguns torcedores passaram para outras áreas e por isso houve um desbalanceamento. No entanto, esses problemas aconteceu nos outros jogos também em vários setores, inclusive no de visitante. Além da falta de alimento em alguns momentos, há também críticas sobre falta de cerveja ou a bebida estar quente. A torcida do Botafogo, por exemplo, elogiou muito o setor visitante, mas reclamou da bebida quente.

As reclamações estão diminuindo a cada jogo, o que mostra que o Atlético e a Arena MRV estão trabalhando para acertar. Mas, elas ainda existem, então eles precisam acelerar essa distribuição de alimentos e bebidas para não terem mais problemas.

Internet

Autodenominada “arena mais tecnológica da América Latina”, a Arena MRV sempre prometeu ter o melhor acesso à internet possível, garantindo que todos teriam uma internet de qualidade, mesmo com o estádio lotado. Mas não é isso que está acontecendo nesse início. Os problemas com a internet acontecem desde os eventos-testes. A principal reclamação é que ela não funciona.

No primeiro jogo, o wi-fi do estádio sofreu uma “pane” que ficou sem funcionar para todo mundo, dos torcedores aos jornalistas. Bruno Muzzi explicou que uma configuração errada fez a internet sem fio cair. Ela foi retomada pouco antes da bola rolar e funcionou até o fim com alguns poucos momentos de instabilidade. Mesmo tendo resolvido esse problema, o wi-fi segue sendo um ponto de reclamação da torcida, que tem encontrado dificuldade em conectar e utilizar a tecnologia com o estádio lotado.

Esse problema na internet leva a outro, que é o torcedor não conseguir utilizar o “Super App do Galo”, que é um aplicativo no celular onde você tem tudo do estádio, como o ingresso para acesso, e pode comprar antecipadamente uma vaga no estacionamento e os alimentos. Sem internet, muitos torcedores não conseguem acessar o app e com isso ficam sem conseguir utilizar, por exemplo, as fichas de comidas e bebidas compradas com antecedência. Para entrada no estádio, que também é preciso utilizar o app, ele funciona normalmente, pois também tem a função offline.

Mesmo com esses problemas, a internet da Arena MRV recebe, em média, 68% de novos usuários a cada jogo. Na última, contra o Cuiabá, 13 mil aparelhos estiveram conectados ao mesmo tempo.

A assessoria da Arena MRV informou que a previsão de todo o plano tecnológico do estádio estar pronto é de 12 meses. Serão 800 antenas de wi-fi de alta densidade em todo o local. No momento, há “apenas” 600 dessas antenas. A expectativa é de instalar o restante nas próximas semanas.

— Os equipamentos instalados na Arena MRV são os primeiros do mundo com este tipo de tecnologia. Portanto, é muito novo para todos, e somente conseguimos testar com milhares de pessoas conectadas ao mesmo tempo, o que está acontecendo jogo a jogo.

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A Arena para a imprensa

A Arena MRV para quem vai trabalhar como imprensa tem alguns acertos importantes, como o reconhecimento facial, que funciona sempre muito bem na chegada dos jornalistas. Por outro lado, há um problema nas tribunas. Os jornalistas que ficam abaixo das cabines tem uma dificuldade de enxergar a lateral do campo, pois a mesa e a cadeira são mais baixas que o muro. Para corrigir isso, uma adaptação no material na mobília foi solicitado, mas isso ainda não foi feito e, principalmente quem tem estatura menor, passa dificuldade para ver todo o gramado.

O já citado problema na internet é algo que afeta também os jornalistas. No primeiro jogo, a “pane” no wi-fi foi consertada minutos antes da bola rolar. Contra o Botafogo, esse problema já não aconteceu e o wi-fi funcionou sem problemas. Já contra o Cuiabá, foi possível notar a internet oscilando ao longo da partida. A Trivela, por exemplo, teve momentos em que a internet funcionava no celular e não funcionava no computador, e vice-versa. Apesar desses problemas, a internet da Arena MRV é claramente superior a dos demais estádios de Belo Horizonte.

O gramado da Arena MRV

Por fim, mas não menos importante, a qualidade do gramado da Arena MRV. Na primeira partida, o campo sofreu críticas pelo estado e, em um momento do segundo tempo, o jogo teve que ser parado, pois uma placa de grama se soltou. Muzzi explicou que foi um erro de corte na grama com a adição de que aquele lado (esquerdo das cabines) é o que não recebe muito sol, o que deixa a grama pior.

Para os dois últimos jogos, o Atlético teve que fazer a troca de uma parte do gramado, justamente essa citada por Muzzi, pois ocorreram shows no estádio que danificaram ela. Apesar da aparência feia, com a clara diferença da grama antiga para grama nova e alguns pontos da grama queimada, a bola parece rolar perfeitamente, sem complicações. Mesmo com essa melhora, é importante ressaltar que o campo da Arena MRV ainda está longe do ideal. Ela deve ser trocada para grama artificial em 2024, justamente para evitar esses problemas, como a falta de sol.

Foto de Alecsander Heinrick

Alecsander HeinrickSetorista

Jornalista pela PUC-MG, passou por Esporte News Mundo e Hoje em Dia, antes de chegar a Trivela. Cobriu Copa do Mundo e está na cobertura do Atlético-MG desde 2020.
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