Brasileirão Série A

Tite precisa mostrar resultados depois de admitir momento ruim do Flamengo em 2024

Flamengo sofre segunda derrota consecutiva no ano, e Tite entende que a equipe precisa dar um passo atrás para se recuperar

Tite concedeu uma coletiva rápida no Maracanã, após a derrota por 2 a 0 para o Botafogo, pelo Campeonato Brasileiro. O comandante admitiu o mau momento da equipe na temporada e comentou que é preciso dar um passo atrás, para, depois, buscar caminhar em frente. O treinador ainda abriu o coração em pergunta à Trivela, dando os devidos méritos ao rival, mas explicando o tamanho do problema do calor e do desgaste físico.

O que Tite disse durante a coletiva?

  • Comentou que o Flamengo precisa rever conceitos com a chegada do mau momento
  • Explicou os erros na defesa contra o Botafogo
  • Detonou a escolha do horário do clássico, especialmente pelo calor
  • Teve a companhia de Cléber Xavier para destrinchar as variações táticas do time no jogo

Valeu a pena preservar, Tite?

— Futebol tem exigência muito alta. Não é preservação, porque parece que é algo que você escolhe para fazer, e a gente não escolhe. O sentimento nosso é de passar um domingo muito ruim, meu, da minha família, dos meus atletas com suas famílias. E até colocar o que eles disseram: “vamos ficar quietos e absorver a crítica”, esse foi o discurso. Com toda essa exposição da grandeza e necessidade de vencer do Flamengo.

Ainda em resposta à pergunta da Trivela, o treinador explicou que o horário do jogo, e o calor proporcionado pelo Rio de Janeiro no momento, dificultou muito o desenrolar da partida. Na opinião do treinador, que continuou dando méritos ao Botafogo, era melhor que o jogo tivesse acontecido à noite.

— Vou falar o que meu coração sente. O Botafogo mereceu vencer, tem seus méritos, qualificação, fez o gol da bola parada. Agora, não vamos deixar que o poder financeiro retire a melhor qualidade, que tenha jogo às 11h no Rio de Janeiro ou no Recife. Não dá. A saúde vai arrebentar. Esses meses, que pode dar um sentido de audiência, não dá. Não pode ser assim. Não é só com o Flamengo, o Botafogo também. Quantos jogadores parando. Dá para rever. Bota 8h da noite, 9h da noite. O Botafogo mereceu vencer, não estou falando disso. Estou falando para contribuir com o espetáculo, senão a saúde fica exposta. Está aí o caso do Arrascaeta, do Pulgar — disse.

Tite e Cléber Xavier durante a coletiva do Flamengo (Foto: Gui Xavier)

Fabrício Bruno e Bruno Henrique reclama de Claus

Melhor do Flamengo no jogo, Fabrício Bruno deixou o gramado do Maracanã reclamando muito do segundo gol do Botafogo. Na opinião dele, o árbitro Raphael Claus deveria ter marcado falta na origem do lance, que terminou com a finalização de Savarino.

— No lance do segundo gol, para mim é falta, eu só maior que ele, ele bateu na minha costela e para mim, é falta. Mas ele não deu e assumo a responsabilidade, não tenho problema nenhum com isso — analisou, à TV Globo.

Bruno Henrique, mais apagado, também falou com a imprensa na zona mista e revelou conversa com o árbitro da partida sobre o lance do segundo gol do Botafogo. De acordo com o camisa 27, Claus relembrou jogada no clássico do ano passado, em que o Flamengo venceu por 2 a 1, no Nilton Santos, para justificar a não marcação de falta.

— Ele usou o argumento de que ano passado fizemos um gol igual ao que o Botafogo fez hoje. Disse que um jogador nosso empurrou o Tchê Tchê por trás e seguiu o lance, mas a gente não vê o ano passado, queremos saber de hoje. Aí, depois essas polêmicas do presidente do Botafogo [John Textor, dono da SAF], falou um monte de coisa, a gente não sabe o que pode acontecer. Na minha visão, o gol foi irregular, e aí acaba que atrapalha. Ele usou esse argumento não sei o por quê. Se o Botafogo falar de lá, o Flamengo vai ter que falar também e outras equipes também. Não pode ser desse jeito.

O zagueiro também colocou a principal dificuldade do Flamengo concluir e ser efetivo dentro da área adversária. É um problema que assola a equipe desde o início do mês, quando iniciou a caminhada no Brasileirão e na fase de grupos da Libertadores.

— Faltou concluir a jogada. Muitas vezes querendo entrar tocando na área em vez de bater de fora da área e testar o goleiro deles — explicou Fabrício.

O próximo desafio do Flamengo será novamente pela Libertadores, nesta quarta-feira (24), quando Tite e companhia visitarão o Bolívar, pela terceira rodada da fase de grupos. A bola rola para o duelo entre os dois líderes do Grupo E a partir das 21h30 (de Brasília), no Estádio Hernando Siles, em La Paz.

Veja outros pontos abordados na coletiva/zona mista

Bruno Henrique reclama do calor

— Torcedor passando mal, segurança passando mal, imagina a gente que esta correndo ali? A gente sente também, somos seres humanos. Acho que jogo 11h, em alguns estados, tinha que ser pensado, rio de janeiro mais ainda. Calor, sensação térmica muito grande, então isso prejudica todo mundo, a logística do jogo, vocês também repórteres. O jogo acaba tendo um pouco mais de cadência, onde poderia ser um jogo mais rápido pois são duas grandes times. O jogo acaba ficando um pouco mais morno. Temos que rever esses jogos às 11h porque fica ruim para todo mundo.

— Acho que não. Como falei, temos comando, só acatamos o que eles estabelecem. Ele procurou fazer isso no jogo da bolivia, existe a fisiologia justamente por causa disso, para poder trazer com a comissão quem estiver melhor para poder jogar e temos que respeitar. O futrbol está muito mais moderno, temos que ter cuidado em vrios setores, ele é o comandnatre e tenho certeza que ele pensou o melhor. Estamos juntos com ele e a gente só faz o que ele manda.

Condições físicas do Flamengo

— Nos últimos jogos teve um calendário muito congestionado. Nos três últimos jogos jogamos em situações difíceis. Jogamos em gramado sintético, alguns jogadores já tiveram problema no passado, jogamos na altitude, que é desumano, e jogamos hoje às 11h no calor do Rio. Para a gente e Botafogo foi desumano, vários jogadores sentindo. Essa relação toda impede que nos últimos jogos se faça grande jogos. Hoje realmente não fomos efetivos, não concluímos bem, mas jogamos nessa condição, que torna difícil atingir grande nível. (Cléber Xavier)

— Depois vai ter outro que teremos necessidade de vencer. É a grandeza do Flamengo. A realidade do futebol. Tenho que fazer o diagnóstico dia a dia. O torcedor fica preocupado e nós também. Ninguém está satisfeito. Compete a nós trabalhar para retomar o padrão. Quando o trabalho retoma, retoma mais forte. Também há problema do técnico também. Mas tem a retomada para que tenha confiança.

— Quando falo em calendário, não falo em número de jogos, mas tempo entre os pequenos ciclos de jogos. Se distribuir em 72 horas é legal. Se não estoura o Pedro, um ligamento e tem que ficar meses fora. Se estoura a coxa do Arrascaeta ele vai ficar 30 dias fora. Tem que tentar gerir isso para não estourar o atleta. Se não eu colocaria.

Erros na defesa

— Contra o Palmeiras, uma marcação alta do Palmeiras, as duas equipes tiveram dificuldade da anunciação, no campo que a gente não está acostumado pode ser mais difícil. Na altitude também, a equipe do Bolívar diferente de outras equipes, sendo agressiva na marcação. Hoje, não vi assim, conseguimos sair, achar espaço mesmo com a pressão alta e qualidade dos jogadores do Botafogo. (Cléber Xavier)

Variações táticas

— Quando o adversário traz bastante gente na frente, a gente vai na bola longa com o BH. Então a gente tem que fazer essa variação. A gente fez uma iniciação boa e uma criação boa e quando chegou no momento da finalização de média distância ou na entrada do BH teve falta de precisão. A efetividade do Botafogo, esses grandes jogos, na bola parada fizeram o gol e trouxeram um novo componente emocional. No primeiro tempo estávamos próximos de fazer o gol. Mas é um jogo de bolas paradas também. Falando de variação, quando deu a parada técnica, foi BH e Pedro, só três defensores dando amplitude para o Ayrton. Não se perde só por isso. Tem que ter um contexto de equilíbrio.

Passo atrás para melhorar

— O futebol, ele se traz esse componente como efetividade, como uma marca importante. Teve mérito o Botafogo, de ter a efetividade com o seu modelo, com jogadores de velocidade e muita transição e qualidade técnica e individual para fazer o resultado. Nós na etapa que nós tivemos, nos momentos que nós tivemos de superioridade, não conseguimos traduzir isso no gol. Em alguns momentos, e esse é um momento, a gente dar um passo para trás e procura simplificar para retomar o caminho das vitórias.

— Quando a gente faz o trabalho, a gente olha de forma linear e ele sobe. Em alguns momento, vai descer e perder confiança. Mas também tenho experiência que no momento que aprender com a adversidade, o trabalho é retomado mais forte. É a gente trabalhando e transformando desempenho em resultado. Ficando quieto e trabalhando mais, com maior qualificação e eficiência.

Foto de Guilherme Xavier

Guilherme XavierSetorista

Jornalista formado pela PUC-Rio. Da final da Libertadores a Série A2 do Carioca. Copa do Mundo e Olimpíada na bagagem. Passou por Coluna do Fla e Lance antes de chegar à Trivela, onde apura e escreve sobre o Flamengo desde 2023.
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