Tite revela cusparada da torcida do Palmeiras e foge de reclamações ao sintético
Coletiva de Tite após o jogo do Palmeiras foi acalorada e rápida, já que o Flamengo precisa começar a pensar na altitude de La Paz

A entrevista de Tite após o jogo com o Palmeiras neste domingo (21) foi bastante produtiva para a imprensa. A grande surpresa foi na revelação de que ele sofreu uma cusparada vinda da torcida alviverde, sem citar quem ou generalizar. O comandante ainda falou um pouco mais sobre o gramado sintético, o desgaste do Flamengo e chamou Fábio Mahseredijan para explicar o planejamento do Rubro-Negro visando a altitude de La Paz.
O que Tite disse durante a coletiva?
- Detonou a atitude de um torcedor do Palmeiras, que cuspiu em sua direção
- Explicou, junto com Fábio Mahseredijan, sobre o desgaste e a preparação do Flamengo para a altitude de La Paz, diante do Bolívar
- Evitou críticas ao gramado sintético e falou sobre a adaptação à questão
- Falou como o Flamengo conseguiu um resultado razoável contra o Palmeiras
Galera, já estamos iniciando o resumo da coletiva do técnico Tite, aqui no Allianz Parque. Assessoria do Flamengo já avisou que não teremos Zona Mista.
Reações, respostas e tudo sobre o pós estará neste ?, na @trivela?? pic.twitter.com/aPZQudFmqY
— Gui Xavier (@GuiVXavier) April 21, 2024
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Tite revela cuspe vindo da torcida do Palmeiras
— Deixa eu fazer uma observação. A minha atividade como técnico, eu sei que ela é bastante exposta, e eu tenho que aguentar todas as ofensas que vão de fora possíveis. E não é da torcida do Palmeiras. Elas são de algumas pessoas que talvez não tenham a condição de saber que tem um monte de criançada que dá para educar. As ofensas são do jogo, mas cusparada é muito feio, cara. Eu ter que limpar minha cabeça e minha roupa é feio, cara.
— É só para essas pessoas, não é para a torcida do Palmeiras. Eu estive aqui no Palmeiras e tenho uma etapa da qual me orgulho muito. Nosso trabalho salvou o Palmeiras do rebaixamento naquela etapa. Tenho isso na minha memória gravado muito forte. Então eu tenho respeito às etapas. Mas essas pessoas não são dignas para serem representantes de uma série de garotos. Nós fomos muito bem recebidos, uma série de garotos que olham a figura do César. Ele é ídolo aqui no Palmeiras, é monstro. Está do outro lado, mas age com respeito. Se não, a gente acha que em futebol vale tudo. Não é assim.
O gramado sintético também foi pauta grande para Tite e César Sampaio. Eles evitaram as críticas e falaram muito mais sobre a adaptação à adversidade, que é algo liberado pela CBF. Entre os tópicos, o treinador comentou o quanto a bola corre aqui no Allianz Parque, com relação a outros gramados, como o do Maracanã.
— Pega a parte da tua pergunta e você já deu as respostas. Gramado que proporciona velocidade, a arbitragem também (poderia estar) num nível melhor. Não é porque tomei amarelo, tem que ter um critério estabelecido. Foi a supremacia das duas equipes do processo de marcação com dois modelos diferentes de contato em cima da criatividade. Nos poucos momentos em que as equipes tiveram criatividade, não houve a conclusão — disse.
Bruno Henrique vê o Flamengo superior
O melhor do Flamengo na partida, Bruno Henrique foi um dos únicos jogadores a falar com a imprensa, já que o clube cancelou a zona mista. Na opinião do camisa 27, o Rubro-Negro poderia ter saído como o vencedor do duelo contra o Palmeiras.
— Hoje mais um grande jogo. Eu consegui fazer um bom jogo. A equipe também fez um grande jogo. O campeonato é isso aí. Não tem jogo fácil. Vamos ter dificuldades em todos os jogos. Todo mundo quer ganhar do Flamengo. Se tivesse que sair um vencedor hoje aqui seria o Flamengo — analisou, à TV Globo.

Fabrício Bruno foi o outro jogador do Flamengo que falou com a imprensa. Na opinião do zagueiro, o duelo diante do Palmeiras foi disputado por diversos fatores, mas o resultado esteve dentro do planejamento do Rubro-Negro.
— Jogo típico de Campeonato Brasileiro, duas equipes bastante qualificadas. Jogo bem disputado, o Palmeiras tem a característica de marcar homem a homem, dificultou a nossa saída. A gente optou por fazer mais jogo direto exatamente por isso. Mas é um resultado importante. O Palmeiras, na sua casa, é fortíssimo. Então, é dá sequência na temporada agora. Trabalhar, quarta-feira tem Libertadores para a gente retomar o caminho das vitórias — finalizou.
O próximo desafio do Flamengo será novamente pela Libertadores, nesta quarta-feira (24), quando Tite e companhia visitarão o Bolívar, pela terceira rodada da fase de grupos. A bola rola para o duelo entre os dois líderes do Grupo E a partir das 21h30 (de Brasília), no Estádio Hernando Siles, em La Paz.
Veja outros pontos abordados na coletiva
Sobre o desgaste
— Quanto a não iniciarmos com o Pedro e Nico, nós temos a avaliação fisiológica, o acúmulo de minutos. Então, seguindo essas recomendações do Departamento de Saúde e diante desse calendário árduo também, iniciamos com outros atletas que no nosso entendimento também poderiam responder bem. Eles entraram no segundo tempo, os links já são links dentro dos minutos que nós temos aqui no Flamengo. Eles já se conhecem melhor, entendo até que com a entrada dos dois nós começamos a fluir um pouco mais ofensivamente, mas é isso. Foi o Departamento de Saúde que nos deu esse direcionamento.
— Eu estava pedindo para chamar o Fábio (Mahseredjian, preparador físico) porque ele tem detalhes específicos da área que são científicos, que não é da vontade do técnico. A vontade do técnico é competir todos os atletas e colocar. Mas tem alguns atletas com seis ou sete jogos seguidos. Aí o departamento médico diz: “A nossa posição é de cuidados”. Hoje especificamente tínhamos Pedro, Nico, Ayrton, Erick Pulgar e Luiz Araújo, que estavam em sinal amarelo e vermelho porque tinham riscos importantes e você perde jogador para seis ou sete jogos. E o sintético tem uma característica diferente. A exigência articular e muscular no sintético é muito maior também.
Fábio Mahseredijan entra em cena
— A gente precisa entender que o jogo está cada vez mais intenso, mais rápido e mais veloz. Você freia muito mais e muda a direção muito mais vezes. Tem um artigo publicado em 2015 ou 2016 que acompanhou sete temporadas da Premier League, de 2006/2007 a 2012/2013. Resultado final: distância percorrida não alterou, só 2%. Números de piques em velocidade, 85% a mais. Ações de alta intensidade, como freada, mudança de direção, aceleração e desaceleração: 55% a mais. Tudo isso com certeza aumenta e muito as demandas físicas dos atletas.
— Isso faz com que todos nós tenhamos atenção individualizada de cada atleta. Então lá no Flamengo nós temos um departamento que faz uma análise bioquímica, o nosso fisiologista faz toda a avaliação de termografia mais a minutagem de jogo. Então todos os dados são compilados, e nós nos reunimos para tomar a melhor decisão. O objetivo vejam bem não é prevenção de lesão, esqueçam disso porque vai machucar. Todos os times machucam. A Europa toda machuca. A América do Sul toda machuca. Futebol é um esporte de excelência. Você leva o atleta ao seu mais alto nível físico. Como Cebolinha teve uma lesão miotendínea agora do gastrocnêmio. Vai acontecer, principalmente agora que o calendário está congestionado.
— Nós fizemos o sétimo jogo consecutivo. Então com o calendário congestionado, o número de lesões aumenta. Aumenta consideravelmente. Isso também tem o artigo de 2005 que também mostra um aumento de 5,6% a mais quando o calendário está congestionado em comparação a quando não está congestionado. Então, com todos esses dados, nós nos reunimos e aí tomamos a decisão de tirar atleta A, atleta B ou atleta C. Por quê? Porque a performance dele começa a cair. A decisão é sempre do treinador, nós passamos informações a ele. Estamos todos juntos para ajudar a tomar a melhor decisão. O objetivo é melhorar performance do atleta e recuperá-lo.
— Conseguimos quantificar, pelo uso do GPS, que as demandas físicas começam a cair. Pelo olho do jogo, em que o atleta começa a errar mais no segundo tempo do que no primeiro tempo. Não é um fato, é tudo sempre multifatorial.
Bola aérea falhou hoje?
— São dois modelos que são vencedores. O Abel, e eu o parabenizei antes do jogo e parabenizo o Palmeiras por ter um trabalho tão longevo, tão vitorioso, com os atletas com uma sintonia do modelo e abraçar é muito difícil no futebol. Então falei, falei isso para ele, falei isso para a presidente em relação a tudo isso, porque para incentivar todos os clubes à permanência. É um pouquinho de corporativismo, sim, ele é de dar tempo para que os profissionais possam trabalhar, e ele é um exemplo disso, ele é um exemplo disso. Do nosso modelo, dos últimos dez trabalhos, talvez o número de gols feitos e de média só Jorge Jesus teve superior.
Jorge Jesus merece uma placa no Flamengo
— Aliás, o Jorge Jesus merece uma placa. Ele fez um trabalho extraordinário, e ele é a referência. É até inconcebível o cara tentar chegar nesse estágio, assim como o Abel aqui e outros exemplos mais. Então nós temos e melhoramos no sentido de equilibrado. Bola aérea. Nós sofremos hoje a bola aérea num cabeceio e ajustamos numa bola parada de cabeceio. De todas as outras, parece que teve uma finalização só que foi no gol e todas as de bola era de cobertura que tinha sido. Havíamos tomado o gol de cobertura do lateral, do lado oposto em bola de inversão. Porque o modelo é o próprio dito pelo Abel. Ele quer aquele detalhe dos quinze cruzamentos, quinze finalizações, duelos. Roubada de bola, né?
De La Cruz e Gerson podem jogar juntos?
— Nesse jogo específico foi o inverso, o Gerson entrou por dentro e o De La Cruz com a flutuação, algo que ele já fez na seleção do Uruguai. Porém, são jogadores que podem ser utilizados em mais de uma função, a gente tem esse entendimento do jogo e respeita muito isso para ver o que o jogo pede. Nós tentamos sempre estar tendo recursos para que possamos não só entender o jogo, mas desenvolver soluções ofensivas nesse caso.