A pressão veio de perto, mas o Fluminense resiste na luta contra o rebaixamento
Tricolor ouviu vaias da arquibancada, que se mostrou hostil no primeiro tempo, mas qualidade individual e entrega foram as forças da resistência para vencer o Cruzeiro
O Fluminense venceu o Cruzeiro por 1 a 0 no Maracanã e respirou aliviado no Campeonato Brasileiro. Pelo menos por enquanto.
— A equipe teve atitude importante de jogo. Isso nos deu confiança — opinou Mano Menezes.
A vitória fez o Tricolor dormir fora da zona de rebaixamento. Isso porque a equipe de Mano Menezes soube resistir à pressão que veio de sua própria torcida e do forte adversário para conquistar suados três pontos no reencontro com Fernando Diniz.
— Estamos focados. Acreditamos. Como a torcida fala, este é um time de guerreiros e um guerreiro luta até o fim — resumiu Arias.
Pressão que agora está com Vitória e Corinthians, que ainda jogam na rodada do Brasileirão. Os dois estão no Z4, enquanto o Flu é o 16º, com 30 pontos.
Mano Menezes supera vaias em vitória do Fluminense
Antes mesmo de a bola rolar, Mano Menezes já ouviu uma vaia forte das arquibancadas. Quando o jogo começou, entretanto, as contestações dos torcedores se voltaram contra os laterais Samuel Xavier e Marcelo, e mais contundentemente ao volante Martinelli.
— Não vou me omitir de tomar as decisões eu preciso tomar por estar sendo vaiado — afirmou Mano.
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O técnico superou as vaias e mostrou força. Ao segurar Bernal e Serna no banco, ele ouviu críticas das arquibancadas, mas Victor Hugo e Keno fizeram partidas competentes em sua vaga.
— A gente aceita o comportamento da torcida porque a gente não estava fazendo resultado nem atuação capaz de estabelecer uma relação como tínhamos estabelecido algumas rodadas atrás — admitiu.
Mano Menezes finalizou de forma contundente seu raciocínio ao ser questionado pela Trivela. O técnico mostrou confiança em seu trabalho.
— Já passamos muitas vezes por isso, se não tivesse capacidade para estar aqui e poder entender esse processo todo, não tinha aceitado o convite para dirigir o Fluminense nas circunstâncias que estava — concluiu.
O que deu certo na vitória do Fluminense
As vaias da arquibancada surtiram efeito negativo nos jogadores. Surpreendentemente, Marcelo e até Arias ouviram a ira dos torcedores junto a outros mais criticados como Samuel Xavier, Keno e Martinelli. E pareceram sentir.
O primeiro tempo foi um show de erros técnicos. Jogador de rara capacidade, o camisa 12 errou quase tudo o que tentou. Em um lance, deixou a bola quicar três vezes, como uma criança jogando futebol. Era a pressão.
A sorte do Fluminense é que o time tem em Paulo Henrique Ganso e Arias uma dupla que esbanja qualidade. O camisa 10 mostrou o seu domínio genial de tempo e espaço ao achar lindo passe para o colombiano, que invadiu a área para chutar com raiva para as redes e trazer alívio aos tricolores.
Arias bateu na bola como quem mandava vaias e críticas para dentro do gol. O chute era como um desabafo após ver seu nome envolvido em polêmicas na janela de transferências.
— Hoje, além da minha filha, que está me dando trabalho em casa, não tem outra coisa que passe pela minha cabeça que não seja manter o Fluminense na primeira divisão — desconversou Arias.
Outro destaque nada surpreendente foi o goleiro Fábio, que aos 44 anos parecia o mesmo que passou 16 no Cruzeiro. Ele salvou o Flu em saídas nos pés dos atacantes mineiros, mas fez um milagre em cabeçada de Matheus Henrique que deveria lhe beatificar.
Muita coisa, entretanto, também deu errado no Fluminense
Sem Thiago Silva, o Fluminense sofreu demais com os atacantes mineiros. Também porque a proteção não foi nada boa.
Todos os jogadores e funcionários do Fluminense foram ao encontro de Fernando Diniz na entrada dos times em campo. Uma fila se formou e os abraços mais longos foram dedicados a Marcelo, Arias e Felipe Melo.
— Caio Blois (@caioblois.bsky.social) October 3, 2024 at 10:19 PM
Os tricolores sabem bem que não é fácil enfrentar um time de Fernando Diniz. A troca incessante de passes, o ataque diferente aos espaços e as reuniões de adversários em torno da bola confundem qualquer marcador. Ainda assim, mais uma vez, o Tricolor precisou resistir em vez de estar seguro.
As laterais foram um capítulo a parte. Marcelo errou quase tudo com a bola no primeiro tempo, mas se recuperou na segunda etapa. Já Samuel Xavier não demorou dois minutos para dar razão às vaias da torcida e críticas dos detratores.
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O camisa 2 foi o mapa do tesouro para o time mineiro, que encontrava sempre alguém desmarcado no seu setor. O lateral mostrou dificuldade na ocupação de espaços até com bola, e sem ela, foi um desastre.
Criticado pela torcida, Martinelli precisou se desdobrar na cobertura, que no segundo tempo ainda contou com ajuda de Arias e Kauã Elias. De falta de entrega ninguém vai poder reclamar desta vez.
O Fluminense correu como nunca — talvez porque tenha corrido errado muitas vezes.