O que explica o Atlético-MG ter a pior média de gols sofridos em 13 anos?
Atlético já sofreu 28 gols no Brasileirão, e a fragilidade defensivamente já está mais que provada
O sistema defensivo do Atlético-MG é pauta há um bom tempo, principalmente sobre o comando de Gabriel Milito. Depois de mais uma derrota, agora para o Criciúma, por 2 a 1, o Galo chegou a sua pior média de gols sofridos nos últimos 13 de Brasileirão. Mas o que explica tanta baixa eficiência defensiva?
Com 28 gols sofridos em 19 partidas, o Atlético tem média de 1,47 por jogo, a pior do clube desde 2011, quando teve 1,57 (60GS em 38J).
Nos últimos três anos, o Atlético conseguiu manter essa média abaixo de 1,00. Para conseguir isso de novo, terá que fazer uma sequência quase que impecável defensivamente até o fim da temporada, sofrendo, no máximo, nove gols nas 19 partidas restantes.
Se mantiver essa média, o Galo vai terminar o Campeonato Brasileiro com 57 ou 58 gols sofridos. Número bem ruim para quem sonha com algo na ponta da tabela.
A média de gols sofrido do Atlético no Brasileirão por pontos corridos
- 2024: 1,47 gols sofridos por jogo
- 2023: 0,84
- 2022: 0,97
- 2021: 0,89
- 2020: 1,18
- 2019: 1,29
- 2018: 1,13
- 2017: 1,29
- 2016: 1,35
- 2015: 1,24
- 2014: 1,00
- 2013: 1,00
- 2012: 0,97
- 2011: 1,57
- 2010: 1,68
- 2009: 1,47
- 2008: 1,60
- 2007: 1,34
Por que o Atlético é frágil defensivamente?
Não é simples explicar porque um time se sai mal defensivamente. São fatores mais perceptíveis, que se repetem frequentemente, mas também situações específicas e pontuais.
A Trivela tenta explicar alguns desses fatores que se repetem no Atlético e precisam ser melhorados.
Falta de proteção defensiva
Muitos torcedores reclamam que o esquema usado por Gabriel Milito, que busca protagonismo com a bola começando por uma saída de três defensores, é o responsável pela defesa ruim do Atlético. No entanto, ele mesmo mostrou, recentemente, que dá para manter o estilo de jogo e ser mais seguro.
Contra o Vasco, o Atlético teve Otávio e Fausto Vera em campo formando uma dupla de volantes. Com os dois, o Galo foi muito mais seguro, conseguiu bloquear os arremates de fora do time carioca e evitar que eles tivessem espaço na entrada da área.
O jogo foi um dos poucos do Brasileirão que o Atlético não sofreu gol, fato que está ligado a esse reforço a frente da defesa. Então, mesmo que os escolhidos sejam Alan Franco ou Zaracho em detrimento de um dos outros dois citados, é essencial que eles se doem mais defensivamente para proteger a defesa.
Isso tem que partir tanto dos jogadores quando de Milito, que orienta o posicionamento em campo.
Falta de eficiência ofensiva
O Atlético é um time que fica muito com a bola e tenta ser bastante ofensivo. Mesmo com a saída de três, o que já coloca mais um jogador no setor ofensivo, é comum ver um dos zagueiros avançar para fazer mais volume.
O problema, nesse caso, não é necessariamente o Atlético subir com tantos jogadores e ficar com a defesa menos protegida, mas sim o time não aproveitar as jogadas e devolver a bola em boa situação para o adversário.
Submetemos o rival, erramos muitos gols, e, quando perdemos a bola, nos castigam no contra-ataque. Mas poucas vezes é por superioridade numérica, mas sim com espaços grandes, que é mais difícil defender — afirmou Milito
Esse tem sido um grande problema do Galo, que não tem concluído como deve as ações ofensivas. E nem entram nessa conta defensiva as grandes chances perdidas, que também tem sido várias nos últimos jogos, pois elas costumam ir para fora ou escanteio, não gerando um contra-ataque do adversário.
A questão é perder a bola no meio-campo ou na intermediária, quando o Galo tem cinco ou seis jogadores a frente, às vezes com um dos zagueiros por lá, fazendo com que o adversário consiga mais espaço para atacar e, assim, ter uma oportunidade melhor.
Se o Atlético concluir melhor suas ações ofensivas, mesmo que não necessariamente em gol, apenas não entregando a bola ao adversário, ele sofrerá menos contra-ataques e, consequentemente, poderá se defender melhor.
Bola aérea é problema histórico
Por fim, mas não menos importante, o Atlético tem um seríssimos problema com a bola aérea. E é um tipo de jogada que muda ou decide o resultado, como contra o Criciúma, que os donos da casa destravaram o jogo marcando em um lance assim e puderam fazer seu jogo de transição com mais tranquilidade.
Esse problema não surgiu com Milito. É uma questão histórica do clube. Há, no mínimo, três anos, o Galo sofre muito com as bolas na área, independente de treinador e jogadores — nesse caso, também é assim ofensivamente.
A bola aérea do Atlético é a pior do Brasil há uns 3 anos. Troca treinador, esquema, zagueiros e segue péssima!
— Alecsander Heinrick (@alecshms) August 4, 2024
Nos gols do tipo sofridos recentemente, nota-se uma falta de atenção e de agressividade da defesa atleticana. Quem está na área, parece não atacar a bola com tanta veemência, esperando ela chegar, por exemplo, facilitando que os adversários que correm até a bola se antecipem e consigam levar perigo.
São algumas questões que o Atlético vem mostrando ter problemas recentemente e que precisa melhorar para as próximas partidas se quiser seguir sonhando com conquistas na temporada, principalmente nas Copas, onde os erros podem resultar diretamente em uma eliminação.