Brasileirão Série A

Em movimento ousado e corajoso, Pedrinho é eleito o novo presidente do Vasco

Ídolo do Vasco, Pedrinho repete Roberto Dinamite e vai comandar a associação do clube pelos próximos três anos

O Vasco tem um novo presidente eleito. Na noite deste sábado (11), o ídolo Pedrinho foi escolhido pelos sócios para assumir a presidência da Associação no triênio 2024-2026. O ex-jogador e ex-comentarista, da chapa “Sempre Vasco”, foi eleito com 64,2% dos votos dos mais de 5 mil sócios que votaram, de forma online e presencial, durante este sábado. Leven Siano, da chapa “Somamos”, teve 35,1% dos votos.

Ídolo e torcedor do Vasco, Pedrinho chega à presidência

Torcedor do Vasco e multicampeão pelo clube, Pedrinho vai repetir a trajetória de Roberto Dinamite, maior ídolo da história do Vasco, e que também foi presidente do clube entre 2008 e 2014. No fim da gestão e em meio a crises internas e no futebol, Dinamite terminou o seu segundo mandato isolado politicamente e com a imagem um tanto quanto arranhada com o torcedor, mas, é claro, nada que abalasse a sua idolatria. Agora, Pedrinho vai se arriscar no mesmo caminho.

Mas isso não assusta Pedrinho. Pouco antes de conhecer o resultado da eleição, o ídolo foi perguntado sobre este risco, ao abandonar uma carreira em ascensão como comentarista para entrar, de vez, na política do Vasco. Vale lembrar que o ex-jogador já chegou a ser eleito conselheiro do clube em 2020, mas acabou não exercendo a função.

– Desde o momento em que eu tomei a decisão, isso já estava em todos os balanços que eu fiz. Quando dei esse passo, não foi uma maluquice. Foi tudo bem pensado. Eu botei na conta isso. Quando vou em São Januário e a torcida não grita meu nome, é compreensível, ela não pode ser partidária. Isso já está na conta. Vou trabalhar e me dedicar. Mesmo sem ser presidente, já consegui muita coisa engatilhada para o Vasco. Isso é credibilidade. O torcedor vai ter um cara desse lado que sabe completamente o que ele sente. Não vai ter desonestidade, não vai ter sacanagem. Quero que as pessoas frequentem São Januário em paz – afirmou Pedrinho.

– Uma das minha intenções é fazer um Vasco diferente. Com muito respeito a todo mundo que confiou em mim, todas as pessoas. O objetivo principal é um Vasco vencedor e campeão. Através da nossa união e amizade, a gente vai buscar isso daqui para frente – disse o futuro presidente do Vasco.

A eleição aconteceu das 10h às 22h (horário de Brasília), de forma online e presencial, na sede do Calabouço, no Centro do Rio de Janeiro. O Vasco tinha 6.209 sócios aptos a votarem. No entanto, por decisão judicial, 256 pessoas terão seus votos computados de forma separada para posterior averiguação da validade. O clube já teve votações com maior quórum, mas, percentualmente, esta foi a eleição com maior participação dos sócios que tinha a possibilidade do voto.

Agora, Pedrinho terá a missão de comandar a parte associativa do Vasco pelo próximo triênio. Mesmo sem ter a mais a gerência do futebol, o mandatário tem assuntos importantes para tratar. A principal pauta deste período deverá ser a reforma de São Januário. Com o projeto de lei sobre a transferência do potencial construtivo do estádio, e o projeto de modernização aprovados pela Prefeitura do Rio de Janeiro, mas ainda aguardando a votação na Câmara de Vereadores, o clube deve avançar pela reforma nos próximos meses. A ideia da atual gestão, de Jorge Salgado, é tocar o projeto que já foi conversado com o poder municipal, mas o futuro presidente ainda poderá fazer alterações.

Outra prioridade de Pedrinho será manter e reforçar a relação com a SAF e a 777 Partners, que passou por momentos conturbados em 2023. Vale lembrar que a Associação ainda é dona de 30% das ações da SAF do Vasco e tem duas cadeiras no Conselho de Administração da Vasco SAF. O próximo presidente vai ocupar uma dessas posições, enquanto a outra deve ser indicada por ele próprio.

Além disso, a própria sobrevivência financeira da Associação e manutenção das sedes do clube, além de São Januário, são outros assuntos importantes. Os esportes olímpicos e a relação com a Barreira do Vasco e outras comunidades nos arredores de São Januário também serão pautas para o próximo presidente.

Números da eleição do Vasco

  • Pedrinho: 3.372
  • Leven Siano: 1.844
  • Brancos: 15
  • Nulos: 21
  • Total: 5252
  • Sócios aptos a votar: 6.209
Pedrinho se emocionou ao ser anunciado como o vencedor da eleição do Vasco (Foto: Gabriel Rodrigues/Trivela)

Eleição teve atraso e tentativa de impugnação

Durante boa parte do dia, com grande maioria dos sócios optando pelo voto online, a sede do Calabouço, onde era realizada a votação presencial, teve clima tranquilo. Mas, ainda pela manhã, mesmo antes do começo da votação, e no fim da tarde, a eleição do Vasco ficou sob risco.

Primeiro, uma confusão sobre o sistema de votação atrasou o início da eleição. A empresa responsável pela pleito deveria ter enviado um e-mail e um SMS para os sócios aptos a votarem para poderem acessar o link em que escolheriam entre Leven Siano e Pedrinho. Alguns sócios receberam apenas o e-mail ou só o SMS, o que causou uma confusão com a mesa diretora. Mas, mesmo assim, os sócios conseguiam votar. Dessa forma, depois de um atraso de poucos minutos, foi iniciada oficialmente a votação também no Calabouço.

Mas, ainda pela manhã, um integrante da chapa “Somamos”, de Leven Siano, apresentou um pedido de impugnação de seis membros da mesa diretora, alegando que o os mesmos faziam parte da chapa adversária. Mas o pedido foi indeferido.

Torcedores do Vasco invadem sede do Calabouço

Durante a tarde, a chegada do presidente Jorge Salgado e de Faues Cherene Jassus, o Mussa, ex-presidente da Assembleia Geral do Vasco na gestão de Alexandre Campello, acirrou os ânimos no Calabouço. Apoiadores de Leven Siano vaiaram e hostilizaram os dois. Salgado reagiu e respondeu com o gesto de uma “banana” com os braços cruzados.

Quando Mussa foi hostilizado e xingado, um segurança agrediu um torcedor, que era identificado com a chapa “Somamos”. O caso gerou revolta e um grupo de torcedores invadiu a sede do Calabouço. Presidente da Assembleia Geral, Otto Carvalho ordenou que a sede fosse fechada enquanto a Polícia Militar retirava os invasores. Assim, a votação ficou suspensa por cerca de dez minutos.

Jorge Salgado e Mussa ficaram no Calabouço por algumas horas, acompanhando o movimento da votação e conversando com outros atores da vida política do Vasco. Mas, pelo clima do lado de fora da sede, os dois deixaram o local pelos fundo e em um carro da Polícia Militar.

Foto de Gabriel Rodrigues

Gabriel Rodrigues

Gabriel Rodrigues é jornalista formado pela UFF e soma passagens como repórter e editor do Lance!, Esporte News Mundo e Jogada10.
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