Brasileirão Série A

Palmeiras precisa corrigir ‘Síndrome dos 15 minutos’ se quiser seguir disputando o título brasileiro

Pelo segundo jogo consecutivo, Palmeiras atinge seu apíce no primeiro terço do primeiro tempo e, se não abre o placar, se perde no jogo

Pela segunda rodada seguida, dessa vez contra o Flamengo, na derrota por 3 a 0 na última quarta-feira (8), o Palmeiras sofreu com a “síndrome dos 15 minutos”: o time entra melhor, domina o jogo mostrando força e cria muitas chances. Por 15 minutos, joga no seu ápice ofensivo e manda na partida. Na sequência, começa a decair. E se não tiver aproveitado essa janela de melhor futebol para começar a construir o resultado, acaba se desencontrando na partida.

Contra o Athletico-PR, o mal também acometeu a equipe. A diferença foi o fato de Endrick ter aberto o placar logo aos 5, com passse de Veiga. Depois disso, o time conseguiu manter o volume ofensivo por mais dez minutos. E então, o Athletico-PR igualou o jogo.

Só que o Furacão não teve força para igualar também o placar. A defesa verde estava bem postada, apesar de ter jogado com Marcos Rocha e Naves ao lado de Luan. E no segundo tempo, o Palmeiras conseguiu administrar o jogo, uma vez que tinha no bolso a vantagem no placar, e até voltou a deslanchar. Já contra o Flamengo, que foi implacável, o time se perdeu.

Logo com 1 minuto no Maracanã, Gómez teve chance de fazer, em bola que raspou a cabeça de Endrick. O Flamengo finalizou com perigo aos 7, mas o time de Abel era melhor. Aos 13 e 14, Breno Lopes teve duas boas chances. Na primeira, não alcançou cruzamento rasteiro de Endrick. Logo depois, bateu de fora, com perigo. Mas, aos 17, o Rubro-Negro abriu o placar, com Pedro.

Dali em diante, o Palmeiras se desarrumou completamente, e poderia até ter levado mais gols. A equipe só foi voltar ao jogo no meio do segundo tempo. E só porque o Flamengo, com um jogador a mais, após expulsão de Gómez, logo aos 5 do 2º tempo, claramente diminuiu o ritmo. Em especial após fazer o terceiro, aos 18.

Falta gás ao Palmeiras?

Há algumas explicações para a síndrome. O primeiro, mais óbvio, é o time perder o gás. Após descer com blitze perigosas, o time dá uma refreada. Se tiver feito o gol, ok, poderá descansar se defendendo para contra-atacar, algo que costuma fazer com perfeição. Mas, se não tiver, a tendência é sofrer.

Abel não tem variado as escalações, exceto em caso de necessidade. Isso talvez também explique porque o Palmeiras coneça os jogos em uma nota tão alta. Como não são poupados na escalação, os jogadores sabem que vão sair e “deixam tudo em campo” logo de cara, como se diz no jargão dos boleiros. E saem cansados.

O segundo é o fato de o adversário começar a perceber onde estão os espaços que o esquema com três zagueiros dois laterais avançados oferece, à mmedida que os 15 minutos se esgotam. Se não faz logo o gol, o Palmeiras fatalmente mantém sua formação tática, e aos poucos vai dando tempo de leitura para o time e o técnico do rival.

Foi o que goleiro Rossi percebeu, ao lançar Cebolinha no segundo gol do Flamengo, na quarta, aos 28 – Arrascaeta balançou a rede. O time do Palmeiras estava com a sua primeira linha desarrumada, voltando correndo desordenamente na direção de seu gol, oferecendo espaço e caminho para os flameguistas virem de frente com a bola. E o Fla não se fez de rogado.

Contra o Internacional, o Palmeiras não terá o suspenso Gustavo Gómez, e Marcos Rocha deve substituí-lo. Se é verdade que o time perde em liderança e força área sem o capitão, também é fato que Rocha se posiciona melhor como “zagueiro direito” nesse 3-5-2.

Se quiser seguir com chance no campeonato, o Palmeiras precisa dar atenção redobrada ao que vai fazer no início da partida em Barueri. Pois parece cada vez ais claro que o que acontece no primeiro terço do primeiro tempo é o que tem determinado o que vêm nos demais 75 minutos.

Foto de Diego Iwata Lima

Diego Iwata Lima

Jornalista formado pela Faculdade Cásper Líbero, cursou também psicologia, além de extensões em cinema, economia e marketing. Iniciou sua carreira na Gazeta Mercantil, em 2000, depois passou a comandar parte do departamento de comunicação da Warner Bros, no Brasil, em 2003. Passou por Diário de S. Paulo, Folha de S. Paulo, ESPN, UOL e agências de comunicação. Cobriu as Copas de 2010, 2014 e 2018, além do Super Bowl 50. Está na Trivela desde 2023
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