Brasileirão Série A

Nada como vencer: falante, Abel revela abatimento de Veiga, elogia Palmeiras e até o juiz

Técnico do Palmeiras elogiou o bom trabalho de sua equipe, mas evitou sonhar com possibilidade de encostar no líder Botafogo

Abel Ferrreira estava leve e solícito na entrevista coletiva após a vitória sobre o Bahia por 1 a 0, neste sábado (28), no Allianz Parque. Tanto que falou mais do que de costume e pediu para que os assessores de imprensa do Palmeiras alongassem o tempo de entrevista coletiva, que vinha sendo encurtado nos últimos tempos.

De bom humor, ele até elogiou o árbitro Rodrigo Pereira de Lima (!).

– Para mim, esse árbitro apitou duas vezes: Internacional, um jogo difícil, e hoje. É um dos melhores árbitros para apitar. Isso mostra que segue as leis do jogo. Há uma falta, mas a bola segue em poder da equipe, tem que seguir. É só seguir as leis. Eu gosto deste árbitro. Se fizessem isso, parar o jogo, é porque são fracos – disse ele, sobre o lanceque originou o gol do Palmeiras. Endrick sofreu falta, mas a bola segui para Veiga, na vantagem, fazer 1 a 0.

Foi nesse ritmo mais falastrão que ele revelou, por exmplo, que Raphael Veiga passou por um momento de abatimento – e que ainda não está totalmente recuperado disso.

– Olha, é muito bom para ele (Veiga) voltar a ter confiança, eu acho que ele andava aqui um período triste. Eu acho que, às vezes, os torcedores não tem noção da agressividdade de algumas críticas. Porque nós todos falhamos, ele falhou, como eu falhei, como todos falhamos. E um jogador que já deu tanto ao clube, ao menos durante estes últimos três anos, pelo menos desde que eu estou aqui. Há críticas que nos que nos que nos deixam magoados, e acho que ele sentiu isso”, disse o técnico.

– Mas o mais importante é que ele seja resiliente. Ele já está no Palmeiras acho que há há 8 ou 9 anos. Passou um período muito difícil aqui no início, como quase todos os jogadores que chegam ao Palmeiras e não anda logo como os torcedores gostam. Mas foi capaz de dar a volta, foi capaz de ouvir isso, transformar e vir com o melhor ainda. E é muito bom para ele voltar com confiança. Nós também temos o posto um bocadinho mais à frente, para ele nos dar outras coisas – disse.

– Ele, às vezes, mete na cabeça que é 8, e pode ser um 8 para baixar e ligar o jogo, ele tem as características. Mas a qualidade dele, e ele tem que entender, que tem que ser um jogador de servir os dois da frente, de rematar e de fazer gols. E é bom para ele, e é bom para o time que ele volte a fazer gols para se animar. Mas tá um bocadinho cara fechada sim, espero que seja por isso que te falei. E acima dde tudo, espero que ele continue a fazer aquilo que tem que estar benfeito, que é ajudar o nosso clube”.

Abel elogiou bastante o time, citando até mesmo conceitoos como “futebol total” para elogiar o comportameto da equipe. Mas evitou dar qualquer indício de que vê o Palmeiras com mais chance de encostar no Botafogo, líder do Campeonato Brasileiro e próximo adversário do Alviverde.

– Já falei sobre isso, não vou reprisar. Temos nove jogos, temos um bom jogo pela frente. Um jogo a cada vez, queremos ganhar todos. Queremos ganhar o próximo

Veja o que mais Abel falou:

Esquema tático

– Com uma linha de cinco, o time pode ser altamente agressivo, como altamente defensivo. Eu posso jogar com uma linha em cima da linha da área, ou linha de três em cima do meio-campo, da linha de meio campo. Por isso, aqui na primeira parte, a posse de bola foi 71%, fizemos mais uma vez 26 remates, por quanto ao São Paulo, fizemos 12 e fizemos cinco gols. Hoje, fizemos 20 e qualquer coisa e fizemos um.

– Nós temos tido nos últimos jogos uma disciplina tática, mas com liberdade para trocar posições, voltar aos tempos do Rinus Michels, do futebol total. Esses jogadores têm posições a cumprir, mas também liberdade. A diferença foi na eficácia. Fizemos um jogo semelhante ao do São Paulo, mas não podemos desperdiçar tantas oportunidades.

– Fiquei um pouco aborrecido, você chuta 25 vezes e faz um gol, como foi contra o Boca. Hoje fizemos 20 e poucos e fizemos um gol. Contra o São Paulo fizemos 12 chutes, e convertemos cinco. Era um jogo para ficar três ou quatro, mas não tivemos a calma. Jogar no Palmeiras é muita responsabilidade, tem que passar a bola para ao lado se o jogador tiver mais condições.

– Quando há jogos diferentes, adversários diferentes, com uma linha de cinco pode ser agressiva ou pouco agressiva. Posso jogar com a linha no meio-campo ou com a linha em cima da linha da área. No primeiro tempo, posse de bola foi 71%. Fizemos 26 remates, contra o São Paulo foram 12 remates e fizemos cinco. O sistema dá o que você quer. Se quiser jogar com os pontas abertos e um centroavante na frente, tem que ter dois meias que rompem as linhas, dois Veigas. Os dois meias têm que chegar à área. Tivemos o Veiga atrás dos dois atacantes, dois dando largura, cinco contra cinco. Depois criam superioridade numérica com combinações pelo meio, com o Ríos. O Luan jogou mais na frente, depois baixou um pouco para dar profundidade aos jogadores de fora. Não teve a ver com o sistema, teve a ver com a capacidade de finalizarmos.

Artur e Rony reconquistando espaço

– No futebol, queremos sempre estar na melhor forma, queremos sempre a perfeição e buscar o melhor de nós. Mas há fases. Ele chegou muito bem, melhor do que esperava, chegou a voar. Mas depois é normal, ao longo do tempo, o time também não ajudou, outra vez não foi tão bem. Os jogadores têm o seu momento, e devem ser capazes de ler o momento. São os jogadores, com nossa ajuda, porque confiamos neles, que dão a volta nesse momento – disse sobre Artur.

– É fundamental que mantenham a autoestima, porque confiança sobe e desce. A autoestima não podemos perder. Não só jogadores, mas na vida. As vezes confundem autoestima com arrogância, nós temos que ter autoestima. A confiança oscila, claro, vínhamos de quatro derrotas. Meus jogadores sabem que são bons. A autoestima não pode vacilar, porque assim fica mais difícil. Tem entrado muito bem, em uma posição que também fez no Bragantino. Pode fazer também o Lopez, chegando na área. As pessoas não gostam que mexam nos jogadores, mas não vou mudar agora, os resultados não foram tão ruins assim nos últimos três anos. Os acertos foram maiores. Ele está aí para nos ajuda – completou

– Há momentos em que estamos mais sensíveis. Rony estava mais sensível, porque é um jogador que se cobra muito. Rony teve proposta para sair, ganhar não sei quantas vezes mais. Deu muito rendimento e gols para a gente, é um dos maiores artilheiros nossos na Libertadores. Não tem nada a ver com comportamento, porque isso se resolveu. Brinco com isso, disse se era possível marcar um jantar. Nossos momentos de mútua ajuda são muito maiores de alguma cobrança, que foi o que aconteceu. Eu tenho meu direito de cobrar do outro também. Mas não foi por isso que ele saiu. Saiu porque não estava dando o rendimento que era preciso. Isso acontece com os jogadores.

– Podemos resguardar o jogador assim, porque ele já fez muito, mostrou do que é capaz. Não é só com jogador, é quando deixamos o que está acontecendo afeta nossa autoestima, aí a coisa é mais difícil para dar a volta. Tenho que entender que é um excelente jogador, tem características próprias. É um jogador de profundidade, ele tem que entender que há momentos de que não é ponto forte se aproximar, buscar. Pontos fortes dele são outros. Pelo que nos deu, deveria ter tirado mais cedo e resguardá-lo mais cedo. Faz parte. Queremos ganhar sempre, ganhar os títulos todos, mas não é possível. Temos que trabalhar e sempre dar o melhor de nós.

Richard Ríos: a descoberta

– Meu presidente no Braga dizia assim: esses jogadores 30 e 40 milhões, consigo ver também. Quero gente que busca jogadores baratinhos para trazer aqui e depois para a gente vender. Foi o que aconteceu com o Ríos. Já o seguíamos. Foi uma reposição, não um reforço já que o Atuesta teve uma lesão grave. O recrutamento do clube com o Anderson Barros foi fazer essa reposição. Tem oscilação, é normal. Não gosto de dar moral aos jogadores, porque tenho medo de que esqueçam o que devem fazer. Ele está um jogador consistente, um senhor jogador, que recupera, passe e liga. É bom para o Palmeiras buscar um jogador deste calibre. Dar os parabéns ao (diretor Anderson) Barros, porque ele que indiciou e a estrutura do Palmeiras que busca os melhores jogadores para servir o Palmeiras.

Foto de Diego Iwata Lima

Diego Iwata LimaSetorista

Jornalista formado pela Faculdade Cásper Líbero, Diego cursou também psicologia, além de extensões em cinema, economia e marketing. Iniciou sua carreira na Gazeta Mercantil, em 2000, depois passou a comandar parte do departamento de comunicação da Warner Bros, no Brasil, em 2003. Passou por Diário de S. Paulo, Folha de S. Paulo, ESPN, UOL e agências de comunicação. Cobriu as Copas de 2010, 2014 e 2018, além do Super Bowl 50. Está na Trivela desde 2023.
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