Brasileirão Série A

Internacional: raridade torna golaço de falta de Alan Patrick ainda mais especial

Último gol colorado dessa forma, com o próprio camisa 10, havia sido há um ano e três meses

Em jogo no qual o Internacional tinha dificuldade para furar a defesa do Criciúma, coube a Alan Patrick, em espetacular cobrança de falta, aos 42 minutos do primeiro tempo, abrir caminho para a vitória colorada, por 2 a 0, na noite de terça-feira (5), no Beira-Rio.

— A gente procura, sempre que tem uma oportunidade depois dos treinamentos, estar aperfeiçoando a batida. Hoje fui feliz na cobrança, pude ajudar nossa equipe com o gol em um momento da partida em que estava difícil. Sabíamos que era um jogo em que o adversário viria bem fechado. E às vezes esses gols de bola parada, de falta, acabam destravando, como foi hoje — comentou Alan Patrick.

Último gol de falta do Internacional havia sido há um ano e três meses

Além da plasticidade, a pintura ainda encerrou jejum de um ano e três meses. O último gol de falta do Inter havia sido marcado pelo próprio Alan Patrick, no dia 8 de agosto de 2023, no jogo de volta das oitavas de final da Copa Libertadores, contra o River Plate, no Beira-Rio.

Naquela ocasião, aos 33 minutos do segundo tempo, Alan Patrick contou com desvio na barreira para marcar o segundo gol colorado, que se classificou nos pênaltis após vitória por 2 a 1 no tempo normal.

Roger trabalha muito bola parada, embora não direta

O treinador, àquela época, era Eduardo Coudet. Roger Machado, seu sucessor e atual comandante colorado, tem olhar atento para os lances de bola parada. Mesmo que não especificamente as faltas diretas.

— A forma como trabalhamos a bola parada e o volume que conseguimos fazer pela dinâmica que colocamos dentro da atividade faz com que aumente a repetição. Assim, tu começa a ter mais sensibilidade para bater na bola. Não justificaria a melhora da batida de falta do Alan, e por consequência o gol, pelo aumento substancial de treinamentos de falta diretas, mas pelo volume de treinamentos da bola parada ofensiva e defensiva que o Alan participa — avaliou Roger.

O técnico do Inter ressaltou que, como Alan Patrick fica no rebote na bola parada defensiva, ele também realiza as cobranças quando o time titular está posicionado na defesa.

— Em um treino de 20 minutos que a gente faz de bola parada, dos dois [ofensivo e defensivo], em cada dia, são pelo menos 150 bolas batidas, 140 bolas batidas. Se o Alan bateu 20% delas, é um volume de 40, 50 bolas dentro desse tipo de batida. Isso vai fazendo tu pegar o peso da bola, a batida dela, o refinamento do ajeitar, do pé de apoio, isso tudo — destacou Roger.

Para Roger, há motivos para escassez de batedores de falta

Apesar disso, o comandante colorado concorda que atualmente há menos batedores de falta qualificados quanto em sua época de jogador, especialmente na década de 1990. E um dos motivos pode ser a periodização tática e o cuidado com a parte física dos atletas.

— Hoje o preparador físico incomoda a gente quando acaba os treinamentos. ‘Não deixa chutar'. ‘Mas como é que vai fazer gol, pô?'. Hoje se procura dar prioridade em uma periodização da semana — explicou Roger.

— O ideal é que tu consiga fazer os eventos de potência e precisão com o músculo descansado, no início do treino, mas às vezes é difícil tu organizar. Também é importante fazer no final, porque tu vai bater, por vezes, cansado, mas tu corre risco maior de ter algum problema físico. É uma conta que às vezes não fecha — admitiu.

Foto de Nícolas Wagner

Nícolas WagnerSetorista

Gaúcho, formado em jornalismo pela PUC-RS e especializado em análise de desempenho e mercado pelo Futebol Interativo. Antes da Trivela, passou pela Rádio Grenal e pela RDC TV. Também é coordenador de conteúdo da Rádio Índio Capilé.
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