Brasileirão Série A

Impedimento de Gabigol: por que o lance gerou tanta polêmica

Gol marcado pelo atacante do Flamengo foi anulado e causou revolta entre os jogadores na Ligga Arena

A comissão técnica e o elenco do Flamengo deixaram a Ligga Arena em silêncio, apesar da vitória e a classificação às semifinais da Copa do Brasil. O ato foi, segundo o clube, “um protesto pelos erros repetidos e absurdos”, sobretudo o gol anulado por impedimento de Gabigol, ainda no primeiro tempo. Mas, por que o lance gerou tanto debate e indignação?

Para além do próprio incômodo da torcida rubro-negra com uma possível falha da arbitragem – como um todo, incluindo o VAR –, a própria execução e o material de imagem disponibilizado para a análise e revisão do lance foram alvo de críticas.

Independentemente do acerto ou não, o episódio em Curitiba desagradou jogadores, torcedores e até não flamenguistas porque a imagem não parecia conclusiva. E não se trata da primeira vez em que um lance assim gerou problema no futebol brasileiro.

Gol e anulação pelo VAR: por que incomodou

O relógio se aproximava dos 14 minutos do segundo tempo, com vitória parcial do Flamengo por 1 a 0, quando Arrascaeta achou Gabigol com um ótimo passe em profundidade.

O atacante passou por trás da zaga, passou por Bento e tocou com tranquilidade para marcar. Seria o segundo dos cariocas no jogo e um pé na vaga para as semifinais, mas a comemoração dos flamenguistas foi em vão, no entanto.

O auxiliar marcou o impedimento do camisa 10, por centímetros em relação a Thiago Heleno. O VAR analisou o lance, traçou a linha de impedimento – que demarcava o pé de Thiago e algo entre o ombro e o braço de Gabriel – e confirmou a decisão do bandeirinha dois minutos depois.

Imagem usada irrita atletas e torcedores

Se o fato de o lance ser duvidoso por si só já incomodava, a imagem utilizada pela arbitragem de vídeo gerou ainda mais revolta: borrado e, principalmente, desalinhado ao espaço onde estavam os dois jogadores, o frame parecia mostrar a linha partindo do braço do atacante e em posição legal.

Foi então que não apenas a torcida, como jogadores do Flamengo, vibraram. Afinal, o telão passou imagens que davam a clara impressão de que o gol havia sido legal.

As imagens da revisão exibidas no telão do estádio – mudança que passou a valer a partir deste ano – fizeram os atletas do Flamengo se exaltarem e protestarem mais ainda contra a marcação.

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Por que as imagens do VAR estão passando em telões?

Desde o início do Brasileirão deste ano, a CBF exibe nos telões dos estádios os lances de revisão do VAR. Segundo Wilson Seneme, chefe da Comissão de Arbitragem da entidade, a iniciativa é um marco para a entidade e para o futebol brasileiro e faz parte da estratégia do Presidente da CBF, Ednaldo Rodrigues, de dar mais transparência às decisões da arbitragem.

“O Brasil é o único país do mundo em que se traça a linha para o público acompanhar, não só como transparência como entretenimento”, afirmou o chefe de arbitragem em vídeo divulgado pela CBF sobre a análise do impedimento de Gabigol.

Durante a explanação, Seneme ponderou que a opção de qual câmera se utilizar no lance é uma escolha do próprio árbitro de vídeo, segundo ele, para a segurança do próprio árbitro.

“Independente da câmera que eu trace a linha, o resultado é o mesmo porque elas estão calibradas pelas linhas do campo e sincronizadas entre elas”, completou.

Comissão de arbitragem da CBF avaliou lance após polêmica (Foto: Reprodução/CBF)

Na TV, conclusão é que imagem não foi a ideal

Quando avaliada no programa Troca de Passes, do SporTV, a imagem da emissora que transmitiu o jogo estava alinhada ao lance e parecia indicar o impedimento com mais clareza que o frame exibido pelo VAR.

“Já tivemos situações de a linha ser traçada no lugar errado, que a própria CBF reconheceu, mas o fato é: o ângulo utilizado, a câmera utilizada na cabine do VAR não foi a ideal. Pode ter sido uma decisão correta, mas que não passa credibilidade”, afirmou PC de Oliveira, comentarista de arbitragem do canal após o jogo.

Copa do Brasil e Mundial no Qatar tiveram lances similares

Recentemente, um episódio similar ocorreu no empate em 0 a 0 entre Santos e Bahia, também pela Copa do Brasil, na partida de ida das oitavas de final, em 17 de maio.

A arbitragem marcou impedimento de Lucas Pires no lance do gol de Deivid Washington. Assim como no caso do Flamengo, a linha traçada durante a revisão do lance não estava alinhada e parecia, além de inconclusiva, sair do braço de Lucas.

O fato gerou revolta entre a torcida e os atletas do Peixe. “Eu acho que foi gol, e toda vez que é milimetricamente, é contra o Santos”, afirmou Lucas Pires após o jogo.

A Copa do Mundo de 2022 foi outra competição em que a análise do VAR foi questionada: o Japão virou a partida contra a Espanha, pelo Grupo E, em um lance que gerou dúvida entre as torcidas.

Mitoma cruzou a bola no limite da linha de fundo, por milímetros, e colocou Tanaka em condições de finalizar e dar números à vitória por 2 a 1 dos japoneses.

O ângulo da câmera em que o lance foi revisado também não estava alinhado, e, pela perspectiva mostrada, a bola parecia ter saído por completo. Mas o VAR assinalou o gol do Japão, que junto dos espanhóis avançou às oitavas de final.

Flamengo protesta em silêncio

Logo após o apito final, o Flamengo emitiu um comunicado informando que o técnico Jorge Sampaoli e seus jogadores não falariam com a imprensa, em protesto contra a arbitragem e a CBF.

O anúncio foi feito nas redes sociais. Segundo o clube, a decisão veio por ordem da direção de futebol rubro-negra, comandada por Marcos Braz, vice-presidente, e Bruno Spindel, diretor executivo.

A manifestação se deu por conta dos lances em que o Rubro-Negro apontou erros da equipe de arbitragem na Ligga Arena.

Além do impedimento de Gabigol, que gerou mais revolta entre os flamenguistas, o clube também considerou um erro a expulsão de Gerson após uma confusão do volante com o zagueiro Thiago Heleno.

Ambos receberam o cartão vermelho, e, assim, Gerson perderá o primeiro confronto das semifinais, diante do Grêmio.

Veja a nota do Flamengo:

Foto de Guilherme Padin

Guilherme Padin

Nascido em São Paulo (SP) e formado em Jornalismo pela Anhembi Morumbi, em 2017, Guilherme Padin escreveu para Footstats, FOX Sports, EL PAÍS Brasil e Portal R7. Participou da cobertura da Olimpíada de 2016, da Copa do Mundo de 2018 e cobriu os Jogos Pan-Americanos de Lima, em 2019, in loco.
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