Dica de Felipão para zagueiro do Atlético-MG remete a época do treinador como jogador
Felipão lembrou da época dele como zagueiro ao dar um conselho a Bruno Fuchs, do Atlético, que foi bem nos últimos dois jogos

Na vitória do Atlético-MG sobre o líder Botafogo no último sábado (16), na Arena MRV, o Galo ficou mais um jogo sem ser vazado. O ex-zagueiro Felipão elogiou o trabalho defensivo de seu time, em especial do zagueiro Bruno Fuchs, a quem ele ainda deu um conselho, que remeteu a sua época como jogador.
Bruno Fuchs fez partida bem segura contra o Botafogo. Foi o segundo jogo dele seguido, depois de ter ficado cerca de dois meses sem atuar por uma lesão. Ele foi elogiado por Felipão, mas recebeu um conselho para “zagueirar” mais:
— Hoje o Bruno (Fuchs) jogou de novo muito bem. O que quero dele no dia a dia é que ele seja mais ríspido, mais brigador. A qualidade dele é maravilhosa, mas zagueiro tem que ser mau. Zagueiro bonzinho não vai pro céu.
Muito legal o trabalho de liderança que o técnico Felipão está fazendo com o zagueiro Bruno Fuchs.
? Reprodução/Galo TV pic.twitter.com/Y6YYrhR2Ca
— Central do Galo (@CentralDoCAM) September 19, 2023
Felipão sabe do que está falando
Quando jogador de futebol, Felipão foi zagueiro entre o fim da década de 60 e o início da década de 80. O hoje supercampeão como treinador, foi um jogador comum, sem muito sucesso e destaque. Atuou principalmente por equipes do Rio Grande do Sul, sua terra natal, como Aimoré, Juventude, Caxias e Novo Hamburgo, mas encerrou a carreira “longe de casa”, no CSA, de Alagoas. Foi no time alagoano, inclusive, que Scolari venceu seu primeiro e único título, o Campeonato Alagoano de 1981.
Em campo, Felipão sempre se destacou por ser um líder, mesma característica que carrega até os dias de hoje como treinador. A qualidade técnica, no entanto, era contestada. Alguns ex-companheiros, como o parceiro de zaga no Aimoré, Salvador Barbosa, dizem que o jogador era bom e tinha qualidade. Já outros, como Jacozinho e Rommel, que atuaram com Felipão no CSA, dizem que ele era grosso.
– Você quer uma nota de zero a dez? Nota cinco. Como treinador é nota mil. Ele era todo duro (como zagueiro). Quando o jogo era à tarde, ele não podia ver a própria sombra senão ele pisava em cima. Dava muita pancada e passou a ser respeitado. E assim nós fomos campeões aqui – disse Jacozinho em entrevista ao GE, em 2019.

O fato é, no popular, Felipão sempre foi tratado como um zagueiro que jogava duro, muitas vezes era grosso e tinha pouca técnica para, por exemplo, sair jogando. A imagem de xerife da zaga, com o famoso bigode aliado a “cara de mau”, é o que o hoje treinador pediu ao seu comandado, Bruno Fuchs – provavelmente sem necessariamente a parte do bigode.
Bruno Fuchs é “bonzinho”?
Como Felipão citou, Bruno Fuchs não tem “cara de mau”, pelo contrário, joga com a feição de um jogador bem tranquilo. Estatisticamente, o zagueiro também não demonstrar ser “perigoso”. Apesar de ser zagueiro, Fuchs tem mais faltas sofridas do que feitas. Ele cometeu apenas cinco faltas nas nove partidas que realizou no Campeonato Brasileiro, levando apenas um cartão. Por outro lado, sofreu nove.
O defensor ainda tem na conta sete interceptações e sete desarmes, e se destaca mesmo nas bolas recuperadas, onde tem 22. Os números de disputas ganhas também são bons. Ele venceu 71% das disputas (27/38), tendo sucesso em 78% dos duelos no chão (18/23) e 60% nos duelos aéreos (9/15).
- - ↓ Continua após o recado ↓ - -
As opções de Felipão para a zaga do Atlético
Voltando aos dias atuais, Felipão terá uma “dor de cabeça boa” para a próxima partida. O elogiado Bruno Fuchs foi titular nos dois últimos jogos. Em ambos, substituiu um zagueiro suspenso. Mauricio Lemos, contra o Athletico-PR, e Jemerson, contra o Botafogo. Agora o treinador terá todos à disposição de novo e vai precisar escolher dois.
— Vou ter que decidir, ver nos treinamentos (Fuchs, Lemos e Jemerson). Ainda tem o Réver. Ele é pau para toda obra. Se precisar de um jogador para quebrar a bola aérea, ele está pronto. Se precisar de um para sair jogando, ele está pronto. Aquele que nós colocarmos, se jogar da forma que treina, estamos satisfeitos.
GARRA E QUALIDADE NA DEFESA! ⚔️
?️ Bruno Fuchs destacou o desempenho defensivo do Galo e a importância da @ArenaMRV para a sequência do campeonato! pic.twitter.com/P8nrhs0PF7
— Atlético (@Atletico) September 17, 2023
Com Felipão, Jemerson é titular absoluto, mas teve recentes atuações abaixo da média e virou alvo de críticas por parte da torcida. Outro titular era Igor Rabello, que acabou se lesionando e segue de fora. Se o treinador manter Jemerson como homem de confiança, Lemos e Fuchs terão que brigar pela segunda vaga na defesa.
Maurício Lemos e Bruno Fuchs, inclusive, estão em situações mais ou menos parecidas. Ambos tem contrato com o Atlético só até o fim do ano, mas com condições diferentes. Lemos é jogador do Galo e tem cláusulas no seu contrato que podem ativar renovações de até mais dois anos. Essas cláusulas não foram reveladas. Já Fuchs é jogador do CSKA, da Rússia, e está emprestado ao Galo, que tem opção de compra. O jogador e o clube já manifestaram o desejo dele permanecer, mas é preciso negociar com os russos, que compraram o zagueiro em 2020 por 8 milhões de euros.