Corinthians tem a cara do pragmatismo e da lógica inquestionável de Luxa
Alvinegro tem jogado pela sobrevivência nos mata-matas e por alívio em uma crise crônica que marca o trabalho de Luxa
Não é sempre que um time de futebol reflete perfeitamente as ideias, as escolhas e a lógica de trabalho de seu treinador, mas no Corinthians já é assim. Em quase três meses, Vanderlei Luxemburgo vê em campo o pragmatismo e a lógica que repete nas entrevistas que dá.
Foi assim novamente na Arena Fonte Nova, no último sábado (22), quando o Corinthians empatou em 0 a 0 contra o Bahia e, além de um ponto na classificação, também ganhou tempo. Teve poucas chances e passou algum sufoco, mas não perdeu. Isso bastava na estratégia da semana, e vem sendo assim já há algumas semanas, afinal o time tem jogado pela sobrevivência nos mata-matas e por alívio em uma crise crônica que marca o trabalho de Luxa.
A sequência de cinco jogos sem perder ilustra muito bem o Corinthians de Luxa: depois de uma retranca absoluta no Mineirão, uma vitória magra contra um time bastante inferior e duas classificações importantes, a primeira jogando e deixando jogar, a segunda evitando jogar e principalmente que o adversário jogasse. Contra o Bahia, outro “não-jogo” importante para a classificação. Em todos eles o time fez o que precisava fazer, sem atuações dominantes, nem futebol envolvente, mas tudo dentro do pragmatismo de Luxa. O Corinthians tem os resultados, e os resultados são praticamente tudo o que o Corinthians tem.
– Dentro do que combinamos para o jogo, estrategicamente, funcionou: um primeiro tempo de maneira mais fechada, acanhada, porque sabíamos que eles seriam intensos. E no segundo tempo um time mais leve para buscar as jogadas e ter chance de matar o adversário. Passamos sufoco, é normal, mas também tivemos chance de matar o adversário – disse Luxemburgo em Salvador.
A lógica inquestionável de Luxemburgo
O técnico resumiu o 0 a 0 com uma de suas frases de efeito. “Quando você não pode ganhar, você empata”, disse depois do jogo. Pode parecer simplista, mas explica perfeitamente as ambições do Corinthians na temporada. A esta altura dos acontecimentos, sugere Luxemburgo, os fins têm que justificar os meios. O time precisa pontuar nas três competições que joga, seja para avançar nos mata-matas ou para se salvar no Brasileirão.
– Se lá no começo do nosso trabalho tivéssemos ganhado quatro pontos em seis ou sete pontos em nove, nossa pontuação já seria diferente – continuou Luxemburgo, em outra frase incontestável da mesma entrevista na Fonte Nova.
O simbolismo do raciocínio do técnico não está na obviedade, mas no aspecto irrefutável das prioridades do Corinthians em 2023: sobreviver o máximo que conseguir nos mata-matas e não ser rebaixado. É assim há três meses, e olha no que deu: uma semifinal de Copa do Brasil, as oitavas da Sul-Americana e duas rodadas seguidas de alguma tranquilidade no Brasileirão, mesmo com um jogo a menos.
Corinthians se adapta ao pragmatismo de Luxa
Já é tradicional na temporada do Corinthians: o time pode jogar bem em um dos tempos da partida, às vezes o primeiro, às vezes o segundo, mas quase nunca os dois no mesmo jogo. Este é um problema crônico que existe desde Vítor Pereira, senão desde antes. Contra o Bahia, o Corinthians abdicou de jogar o primeiro tempo, como o próprio Luxemburgo admitiu acima.
Não é algo que empolgue a torcida, naturalmente, mas é uma rodada a mais sem Z-4 e com três dias de tranquilidade até o primeiro clássico contra o São Paulo, na Copa do Brasil.
– Valorizo o resultado, porque o Campeonato Brasileiro é muito difícil. De seis pontos, ganhamos quatro [contra Atlético-MG e Bahia, fora de casa] e estamos bem. São cinco jogos sem perder – exalta Luxa.
O Corinthians é o 15º colocado do Brasileirão com 16 pontos e um jogo a menos do que a concorrência. Na terça-feira (25), às 21h30 (de Brasília), volta a campo no jogo de ida contra o São Paulo, na Neo Química Arena.