Corinthians e dívida com a Arena: diretor dá detalhes de operação com a Caixa e crê em final feliz
Wesley Melo esclarece nuances da negociação do Corinthians com a Caixa e faz projeção otimista sobre o acordo
Mais do que as eleições, o assunto que tem tomado conta do noticiário do Corinthians nos últimos dias é a possibilidade do clube fechar um acordo com a Caixa Econômica e quitar a dívida com o banco pela Neo Química Arena. À frente das negociações está Wesley Melo, diretor financeiro da equipe do Parque São Jorge, que concedeu entrevista ao portal ‘Meu Timão' e detalhou as operações que correm nos bastidores da instituição alvinegra.
De que maneira o Corinthians vai pagar a dívida da Neo Química Arena?
No início da entrevista, Wesley respondeu ao questionamento principal do tema abordado: como o Corinthians irá pagar a dívida. Na explicação, o diretor fez uma espécie de analogia e garantiu que a operação desenhada será vantajosa para a Caixa.
– Imagina que alguém é dono de um título contra a Caixa. Um outro alguém paga esse título por um valor menor, mas ele vale muito. Eu pego esse ativo que vale muito, além dos naming rights, que para o futuro vale R$ 400 milhões, e trago para o valor presente. Esse contrato, mais o título que eu comprei, eu estou somando e falando para a Caixa que é tudo dela.
– Por que isso é benéfico para a Caixa? À medida que o Corinthians vai pagando, ele faz sua recuperação ao depositar o dinheiro. Quando fazemos essa operação nova com a Caixa, eu tinha contas a pagar, era um título para uma empresa, agora essa conta a pagar virou para o Corinthians. Posso fazer um encontro de contas a pagar e contas a receber. Ao invés de a Caixa pagar esse valor de volta no futuro, eu tenho contas a receber, não pago, não recebo, liquido meu risco e demonstro no meu resultado um ganho. É benéfico. Para quem cede também é bom por que resolve agora. Todo mundo se dá bem na história. O Governo não está abrindo mão de nada. Quem está abrindo mão do valor é o cedente do título. Essa empresa é privada. Estamos discutindo valores, mas a base está montada com cláusula de sigilo.
Valor da dívida com a Caixa
Ao ser indagado sobre o valor que o Corinthians deve à Caixa, Wesley se esquivou e pontuou que não pode dar detalhes do montante. Segundo o dirigente, é o próprio banco quem deve vir à público e divulgar esses números. No entanto, ele esmiuçou e exaltou o processo de renegociação do clube juntamente com a Caixa.
– Uma das grandes coisas que aconteceram foi essa renegociação com a Caixa. Estávamos em litígio, uma confusão absurda. Foi muito tempo de negociação. Em setembro do ano passado, a Odebrecht saiu do esquema. Com a Caixa, ficamos com uma dívida nominal de R$ 610 milhões. A gente paga os juros e a dívida a partir de 2025. Era o que imaginávamos. Isso estava no nosso radar por causa do aumento de receita. Foi um acordo muito importante, nós honramos, mas agora estamos em um outro momento. Tem cláusula de confidencialidade. Minha vontade era falar tudo, mas não dá e por que não está assinado. A Caixa é quem tem que vir a público e falar.
Quanto o Corinthians vai pagar?
“Não são 10%, mas é algo entre 10% e 15% (do valor do título)”, disse Wesley. Em resumo, a dívida atual do Corinthians pela Neo Química Arena é de R$ 611 milhões. Quase metade desse valor será quitado pelos naming rights. Desse modo, o clube alvinegro pagaria, com esta operação, algo em torno de R$ 400 milhões.
Os naming rights precisariam ser repassados diretamente da Hypera Pharma para a Caixa, que entraria como beneficiada no contrato firmado entre o Corinthians e a empresa. Os pagamentos, por sua vez, continuariam sendo realizados anualmente (R$ 15 milhões por ano), entretanto, nada impossibilita que as partes estabeleçam outro acordo entre si.
De forma imediata, o Corinthians pagaria um valor destinado para aquisição do título à empresa que vai ceder os precatórios. Wesley pontua que o montante será parcelado em cinco ou oito anos só com correção do IGP-M, sem juros.
Diálogo com a Caixa e previsão para o fechamento do acordo
Wesley Melo revelou que as primeiras conversas entre Corinthians e Caixa tiveram início em setembro. De acordo com o diretor financeiro, o projeto foi guardado a sete chaves durante este período e tratado com extrema transparência e seriedade. O objetivo era não vazar a informação antes do tempo.
Otimista em relação ao estágio das tratativas, Wesley estimou que o acordo saia “em dias ou semanas”, certamente antes do fim do mandato do presidente Duílio Monteiro Alves.
