Brasileirão Série A

Carille ‘sincerão’ em corneta após vitória do Vasco é aviso para alerta com comunicação

Técnico do Cruzmaltino critica comportamento da torcida quando o Vasco perdia para o Santos em São Januário

Apesar da vitória do Vasco na estreia pelo Campeonato Brasileiro, o técnico Fábio Carille não aparentou ter ficado muito satisfeito em São Januário. Após o triunfo por 2 a 1 sobre o Santos, sobraram críticas para jogadores do Cruz-Maltino e até para a torcida vascaína.

As cobranças surgiram principalmente pelo primeiro tempo do Vasco. O Cruz-Maltino saiu perdendo para o Santos e aumentou a impaciência da torcida. A cada passe errado ou falha dos jogadores vascaínos, os torcedores reclamavam nas arquibancadas e causavam um burburinho no estádio. E o treinador, que já sofre com as reclamações da torcida desde o começo da temporada, foi vaiado e xingado na saída para o intervalo.

Antes da partida começar, houve grande festa nas arquibancadas, em especial, com o retorno da principal torcida organizada do clube, com direito a milhares de bobinas e um grande bandeirão. Os torcedores empurraram o time no início do jogo, mas com o Santos abrindo o placar o clima mudou e o nervosismo tomou conta.

Após o jogo, Carille exaltou a torcida do Vasco, mas criticou o comportamento dos vascaínos durante a partida deste domingo.

— Me preocupou muito depois que tomou o gol, porque a gente começou a errar muito, né? Temos que entender a impaciência da torcida, mas que eles apoiem o tempo todo. Vai apoiar só na vitória? Vem e apoia porque a gente está trabalhando muito sério aqui com os atletas. É muito fácil apoiar só quando está ganhando — afirmou Fábio Carille em coletiva.

— Mas foi fundamental o torcedor vir nos apoiar, nos ajudar, mas é algo que eu peço aqui: ajuda até nos momentos difíceis. É o 12º jogador nosso, eu sei o quanto é ruim jogar aqui com a torcida a favor nossa. Já passei essa experiência algumas vezes como auxiliar, como técnico e até mesmo como jogador. Muito feliz, casa cheia, muito gostoso vivenciar esses momentos. Mas que independentemente do resultado ou se a gente estiver jogando bem, apoie. Porque a gente começou a errar muito depois que tomou o gol, (errar) passes simples — completou o treinador, amenizando o clima após as criticas.

No ano passado, Carille teve um ano turbulento no comando do Santos, apesar do vice no Paulista e do título da Série B. O treinador sofreu com muitas críticas ao longo de todo o ano, incluindo na forma de se comunicar nas coletivas de imprensa, adotando um tom por vezes irritado e debochado. Em mais um ano de pressão, em que o Vasco lida com muitas questões importantes, em especial no extracampo, a comunicação com o torcedor deve ser cuidadosa.

Carille corneta jogadores do Vasco

Carille também não poupou criticas para alguns jogadores do Vasco. Até mesmo o lateral-direito Paulo Henrique, que teve o nome gritado pela torcida durante o segundo tempo, sofreu com a corneta pública do treinador.

— Sério (que o Paulo Henrique foi “extraordinário”)? Não gostei do início do jogo do Paulo Henrique. O segundo tempo foi muito bom. No primeiro, teve erros e a gente sabe que pode ser melhor. No segundo tempo, foi muito mais do que espero dele — afirmou Carille.

O técnico do Vasco também apontou os erros do atacante Garré, que fazia a sua estreia como titular do Vasco. De acordo com Carille, o argentino muitas vezes caiu para o lado errado do campo.

— Acho que a gente se perdeu um pouco. Depois do gol ele começou a cair na esquerda. Quando a gente chegou ao fundo, para fazer o cruzamento, só tinha o Vegetti. Ele tem que flutuar mais do lado direito para quando a bola estiver com PH e Paulinho ele ser um suporte. E quando estiver do outro lado, ele se apresentar na área. Mas foi muito bom para uma estreia em São Januário, entendendo o futebol brasileiro e nossa casa. Foi muito legal a participação dele — apontou Carille.

Garré fez o seu quarto jogo com a camisa do Vasco e o primeiro como titular (Foto: Imago)
Garré fez o seu quarto jogo com a camisa do Vasco e o primeiro como titular (Foto: Imago)

Ao comentar sobre Nuno Moreira, que fez o primeiro gol do Vasco na partida contra o Santos, Carille também deixou escapar que o angolano Loide Augusto convive com dificuldades na adaptação ao time e ao futebol brasileiro.

— Uns demoram a adaptar, o Nuno colocou a camisa e parece que está aqui há muito tempo. Desde a estreia. Muito satisfeito com os atletas. Sei que Garré e Loide podem mais. O que tem mais dificuldade é o Loide — finalizou Carille.

Foto de Gabriel Rodrigues

Gabriel RodriguesSetorista

Jornalista formado pela UFF e com passagens, como repórter e editor, pelo LANCE!, Esporte News Mundo e Jogada10. Já trabalhou na cobertura de duas finais de Libertadores in loco. Na Trivela, é setorista do Vasco e do Botafogo.
Botão Voltar ao topo