Brasileirão Série A

Botafogo: sem arrependimento, Bruno Lage diz que ter colocado cargo à disposição foi estratégia

Depois de longo silêncio, técnico português enfim comentou sobre ter abandonado a coletiva após a derrota para o Flamengo

Depois de dez dias de silêncio, o técnico do Botafogo, Bruno Lage, enfim, tentou explicar o que aconteceu depois da derrota para o Flamengo, no último dia 2. Após o fim da partida, o treinador reclamou da pressão sofrida por seus jogadores e, mesmo com a folga na liderança do Brasileirão, colocou o cargo à disposição da diretoria, além de abandonar a coletiva. Logo depois, no entanto, o clube confirmou que ele seguiria no cargo.

Agora, em entrevista ao “GE”, Bruno Lage afirmou que tudo não passou de uma estratégia para proteger o elenco e diminuir a pressão nos jogadores depois de um resultado negativo. Apesar da atitude do treinador ter gerado uma certa turbulência no clube, o português considera que sua ação foi correta e não se arrepende do que fez.

— A conclusão a que chego é que funcionou, porque a pressão veio para cima de mim. Funcionou de tal maneira que se falou mais na situação, ainda bem, do que no VAR do jogo. Estou de alma e coração no Botafogo. Tem que haver uma ansiedade normal, quer da parte deles (jogadores), quer da parte do torcedor, a algo que ainda falta muito, mas que pode ser conquistado e que foge há 28 anos (titulo brasileiro) — afirmou Bruno Lage ao “GE”.

— O que fiz de forma muito clara é “este vou ser eu sempre, a tomar as melhores decisões para o Botafogo”. Quero pressão máxima. Mas o que eu sinto é que não pode haver uma ansiedade extra só porque você está fazendo uma coisa nova. Porque a coisa nova também funciona. Duas vezes saíram pontas nossas do banco e conseguimos viradas — completou o treinador.

Depois da derrota para o Flamengo, no Nilton Santos, Bruno Lage surpreendeu os funcionários da comunicação do Botafogo e até mesmo o diretor de futebol André Mazzuco. O dirigente estava presente na sala de imprensa e deixou o local logo após Bruno Lage também sair da sala, sem falar com a imprensa. E o técnico revelou que os jogadores também foram surpreendidos com a sua atitude.

– Reação de espanto… Cada pessoa é livre para tomar as interpretações que querem. Às vezes, brinco que, quando estamos preparando uma estratégia para um jogo, eu não vou saber o que um treinador vai fazer quando há um jogador lesionado ou suspenso. Eu tenho que tentar que entrar na cabeça dele e ver como ele vai tentar escalar o time. A única interpretação é essa – afirmou Bruno Lage.

Bruno Lage causou uma pequena turbulência ao deixar o cargo à disposição após derrota para o Flamengo (Foto: Vitor Silva/Botafogo)

Bruno Lage diz ter ‘consciência tranquila' e sem arrependimento

Apesar de toda polêmica gerada pela declaração de Bruno Lage depois da derrota para o Flamengo, o Botafogo já considera que o assunto sobre a possível saída do treinado foi encerrado. O clube tem encarado e tanta manter a narrativa de que foi um apenas um “desabafo” de Bruno Lage na coletiva. Assim, o próprio treinador diz, agora, estar tranquilo quanto aos acontecimentos e diz não ter se arrependido do que fez, por mais que possa ter transformado em um drama o que poderia ser tratado como um tropeço na ótima campanha que o clube faz no Brasileiro.

— Consciência tranquila, porque senti que naquele momento era aquilo que tinha que fazer. E foi bom, acabou por dar resultado porque toda a pressão foi em mim. Podíamos ter falado nesse jogo sobre várias coisas, mas não se falou. Não se falou tanto no VAR, não se falou tanto na exibição coletiva do time, não se falou que, mesmo durante o meu período, em vários jogos o Lucas Perri acabou por salvar com o gol vazio e, contra o Flamengo, isso não aconteceu – disse Lage, antes de completar em outra resposta.

— Nesta vida a gente não tem tempo para arrependimento. Eu sei o que fiz, sei o sentimento que gerou à minha volta. O que é mais importante é as pessoas entenderem que o treinador está aqui. Coloquei o cargo à disposição, mas nunca quis sair. Quis que as pessoas estivessem à vontade para entender se essa ansiedade extra que se forma em função de alguma mudança para melhoria da equipe está causando ansiedade maior aos jogadores.

Foto de Gabriel Rodrigues

Gabriel RodriguesSetorista

Jornalista formado pela UFF e com passagens, como repórter e editor, pelo LANCE!, Esporte News Mundo e Jogada10. Já trabalhou na cobertura de duas finais de Libertadores in loco. Na Trivela, é setorista do Vasco e do Botafogo.
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