Na maior crise da ‘era SAF’, Botafogo encara o Santos para manter vivo o sonho do título do Brasileiro
Em péssimo momento na briga pelo título do Brasileiro, o Botafogo também vive crise entre organizada e diretoria da SAF, com protestos e ameaças
O Botafogo entra em campo, neste domingo (26), para tentar manter vivo o sonho do título do Campeonato Brasileiro. Em meio a maior crise do que o clube vive desde a transformação em SAF, o duelo contra o Santos, no Nilton Santos, às 16h (horário de Brasília), se transformou em um daqueles “jogos inegociáveis”, onde os três pontos são obrigatórios para o objetivo do Botafogo nesta temporada. Um ponto atrás do líder Palmeiras, o Glorioso não pode desperdiçar a oportunidade de seguir na cola do adversário ou até retomar a ponta do Brasileirão.
Depois de liderar o Campeonato Brasileiro por 31 rodadas, o Botafogo não depende mais de si para ser campeão. A quatro jogos do fim, o Glorioso perdeu a liderança e, na última quinta-feira, ao empatar com o Fortaleza, desperdiçou a chance que o clube tinha de retomar a liderança no jogo atrasado. Agora, há sete jogos sem vencer, o Botafogo viu o que poderia ser um caminho tranquilo para o título se transformar na maior crise do clube desde a transformação em SAF, no começo de 2022.
Depois do empate com o Fortaleza, John Textor, dono da SAF do Botafogo, criticou, na noite de sexta-feira, uma publicação da Fúria Jovem, uma das principais organizadas do clube, que fazia cobranças a jogadores como Eduardo, Cuesta, Di Plácido e Marlon Freitas. O grupo classificou os jogadores como “frouxos e omissos”, e pediu o afastamento dos mesmos. Na sua resposta, Textor disse que a Fúria Jovem é a “menos respeitada e mais inútil” das organizadas do Botafogo.
Seriously? Is this a joke? You are the least respected, and most unhelpful, of our wonderful organized fan groups…the Botafogo family feels pain, but does not stand with you…RESPECT the men that gave you HOPE to DREAM again. https://t.co/Sae4QXtwlq
— John Textor (@_JohnTextor_) November 25, 2023
A resposta da FJB não demorou para acontecer. Ainda na madrugada de sábado, os muros do Nilton Santos foram pichados com xingamentos direcionados aos jogadores, à Textor e à diretoria do clube. Além disso, eles também foram ameaçados com uma frase dizendo que o “o Botafogo vale mais que suas vidas”.
Ainda durante a manhã de sábado, o Botafogo publicou uma nota repudiando o que o clube classificou como uma “tentativa de intimidação”. A diretoria ainda afirmou que acionou as autoridades e fez questão de ressaltar que a FJB está proibida de frequentar os estádios desde março deste ano.
O Botafogo repudia as ameaças publicadas nas redes sociais pela torcida organizada Fúria Jovem como tentativa de intimidação aos jogadores do Clube. Todos os profissionais do Botafogo estão comprometidos com a instituição e imbuídos na busca pelos objetivos da temporada. Cabe… pic.twitter.com/nE203PHUfo
— Botafogo F.R. (@Botafogo) November 25, 2023
Este não foi o primeiro protesto da torcida do Botafogo durante esta recente crise no Campeonato Brasileiro. Antes da partida contra o Grêmio, no começo de novembro, um grupo de torcedores fez uma manifestação na frente do Espaço Lonier, CT do clube. De forma pacífica, os alvinegros cobraram e também demonstraram apoio ao elenco.
Na ocasião, o lateral-esquerdo e capitão Marçal e o então auxiliar técnico Joel Carli tiveram uma longa conversa com os torcedores, o que apaziguou, momentaneamente, o clima. Mas, no dia seguinte, com a derrota, de virada, por 4 a 3 para o Grêmio, em São Januário, um grupo de botafoguenses voltou a protestar. Assim que a partida foi encerrada, os torcedores tentaram invadir o gramado do estádio e entraram em confronto com seguranças. Mas o protesto foi rapidamente dispersado.
Um grupo de torcedores do Botafogo tentou invadir o campo logo depois da derrota para o Grêmio, mas foram contidos pelos seguranças. Depois, a PM dispersou o grupo. @trivela pic.twitter.com/m8QAuiUlhO
— Gabriel Rodrigues (@gabrielcsr) November 10, 2023
Nilton Santos não estará lotado pela primeira vez depois de 11 jogos
Outro reflexo da crise do Botafogo é que, depois de onze jogos seguidos com ingressos esgotados, a partida contra o Santos ainda tem entradas a venda neste domingo. A sequência de sete jogos sem vencer e a perda da liderança deve fazer o Nilton Santos ter espaços vazios nesta tarde.
Até a noite da última sexta-feira, 28 mil ingressos haviam sido vendidos pelo Botafogo. A expectativa é de que cerca de 35 mil torcedores estejam presentes no Nilton Santos para acompanhar a partida válida pela 35 rodada do Brasileirão.
Guerra entre diretoria x torcida amplia crise
Os protestos diante perda da liderança do Campeonato Brasileiro vão além das torcidas organizadas e deixam claro uma falta de sintonia entre a diretoria e as arquibancadas, ampliando a crise vivida pelo clube. Somando os interinos Cláudio Caçapa e Lúcio Flávio (que chegou a ser “efetivado”, mas não publicamente), o Botafogo chegou a cinco treinadores diferentes durante o Brasileirão.
Além disso, visivelmente abalado emocionalmente, o elenco do Botafogo parece não conseguir reagir ao momento ruim que o time vive. Até mesmo os principais destaques do clube no Brasileirão, como Lucas Perri e Tiquinho Soares, vivem momentos de instabilidade e passaram ter a titularidade questionadas.
Diante desta crise, o Botafogo só tem uma opção neste domingo: vencer o Santos, que ainda luta para escapar, de vez, da zona do rebaixamento. Além disso, é claro, o Glorioso, agora, também precisa torcer contra os adversários na luta pelo título, principalmente o Palmeiras, que enfrenta o Fortaleza, no Castelão. Uma possível derrota neste domingo ainda não acabaria com as chances matemáticas do Botafogo conseguir o título. Mas, diante desta crise, é difícil imaginar que o time conseguiria reagir a mais um fracasso no Nilton Santos.