Botafogo: depois de ‘transição pacífica’, Bruno Lage exagera em mudanças em momento instável do clube
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Quando o Botafogo ficou sem o técnico Luís Castro, em julho, com o time já disparado na tabela do Campeonato Brasileiro, muitos torcedores acreditavam que o papel do próximo treinador seria manter o trabalho que vinha sendo feito. Afinal, o clube já estava com uma certa folga na frente dos adversários na luta pelo título nacional e mudanças muito bruscas poderiam atrapalhar a trajetória do clube na competição.
Depois de um curto período com Caçapa, o Botafogo contratou Bruno Lage. O novo português apostou em um “transição pacífica” entre o trabalho de Luís Catro e o dele. E, de fato, o treinador manteve a base do time que vinha atuando com Castro e Caçapa, fazendo mudanças mais por necessidade do que por opção. Mas, 15 jogos depois, Bruno Lage parece ter mudado de ideia. E o empate em 1 a 1 com o Goiás, na última segunda-feira, foi um exemplo disso.
É claro que é compreensível que Bruno Lage queira dar o seu “toque” no time que comanda. E, além disso, o treinador tem o total direito – e dever – de fazer as suas avaliações técnicas com base nos treinos e nos jogos. Assim, era esperado que, com o passar dos jogos, o time começasse a ficar com a “cara” do treinador – apesar dele ter negado, em coletiva recente, que tinha essa pretensão de ter um time com a “sua cara”.
As mudanças de Bruno Lage contra o Goiás
Contra o Goiás, o Botafogo entrou em campo com Diego Costa no lugar de Tiquinho Soares e Tchê Tchês improvado na lateral-direita, com Gabriel Pires no meio. Além disso, Hugo também foi titular na esquerda, na ausência do suspenso Marçal.
Bruno Lage tentou explicar Tiquinho Soares na reserva com as últimas atuações do camisa 9 do Botafogo, que, de fato, não foram tão boas. Mas, como Lage também disse, era importante levar em consideração que, recentemente, Tiquinho ficou quase um mês afastado por lesão no joelho esquerdo. Depois da lesão, o atacante ficou quatro partidas sem marcar, voltando a balançar as redes quando foi acionado depois do intervalo e garantindo o empate em 1 a 1 com o Goiás, comprovando que, nem mesmo quando está em uma suposta má fase, pode ser desvalorizado pelos seus treinadores.
Apesar dos elogios de Bruno Lage, Tchê Tchê teve atuação irregular no Nilton Santos. Improvisado na lateral-direita, o meia ficou isolado e pouco apareceu no primeiro tempo. Na etapa final, com mais liberdade, apareceu no setor ofensivo e quase marcou um golaço de fora da área. Mas, a opção escolhida por Lage para o meio, não corresponde. Gabriel Pires foi muito mal e errou praticamente tudo que tentou no empate com o Goiás.
Torcida do Botafogo começou a gritar o nome de Tiquinho Soares agora no fim do primeiro tempo. Atacante está no banco de reservas. @trivela pic.twitter.com/N8uUlfMCO0
— Gabriel Rodrigues (@gabrielcsr) October 2, 2023
Bruno Lage fala sobre mudanças no time do Botafogo
Depois do empate em 1 a 1 com o Goiás, Bruno Lage foi questionado sobre as mudanças que tem feito no time e sobre o desempenho do Glorioso no Nilton Santos. O português elogiou a atuação do time, principalmente no segundo tempo e exaltou a atuação de Tchê Tchê.
– É impossível um jogador estar da mesma forma do início até o fim do campeonato. Mesmo sem mim, houve jogos em que jogou bem e outros em que não jogou bem e teve esse tipo de resultado. O jogo do Botafogo é um jogo de muita velocidade. E o segundo tempo, eu tento encontrar as soluções e a equipe está trabalhando para conseguirmos. Se nos derem espaço nas costas e transição ofensiva eles estão com muitos problemas. Temos que ter função do tempo que temos e das nossas características e tomar o jogo. Na primeira parte sentimos isso, uma equipe muito fechada e poucos espaços. A equipe soube reagir e acho que criamos oportunidades mais que suficientes. Tivemos duas situações que poderíamos marcar dois gols pelo menos. Em resumo, acho que fica isso, fica uma enorme capacidade de estarmos a trabalhar para crescermos. Sobre o Tchê, ele pode jogar em qualquer posição e na minha opinião foi o melhor jogador esta noite – disse o técnico.
Bruno Lage também deu uma leve alfineta em quem compara o seu trabalho com o de Luís Castro. Para o atual técnico do Botafogo, não há garantias de que aquele time conseguiria manter o ritmo do primeiro turno do Brasileirão.
– Quem nos garante que se tivesse uma continuidade haveria 100% de vitória (em casa)? É jogo a jogo com 20 equipes muito competitivas. Já houve algum campeão do Brasileirão com 100% de vitórias em casa? Já alertei para não comparar o percurso dos jogadores com o percurso do Bruno. Se olharmos para uma questão mais ampla, tínhamos que passar por uma situação de teste, todas as equipes passam. E mesmo nessa rodada, os seis primeiros, tirando o Bragantino, não sei de cabeça se houve equipes a conquistar três pontos. E nós, infelizmente, por aquilo que fizemos só conquistamos um. A minha perspectiva, a minha motivação e forma de ver as coisas é que temos uma situação de quatro jogos. No final do campeonato podemos ver isso como altos e baixos e que seja um baixo que está a prolongar. Mas que seja um baixo de uma equipe a sempre a subir e terminar na posição que começou. Continuar a trabalhar de forma séria para a equipe ser estável e consiga criar oportunidades e fazer os gols – disse Lage.
Com o empate nesta segunda-feira, o Botafogo voltou a pontuar depois três derrotas e chegou aos 42. A diferença para o vice-líder se mantém em sete pontos, como no início da rodada, mas, agora, o segundo colocado é o Red Bull Bragantino. O Glorioso volta a campo no próximo domingo (8), no clássico com o Fluminense, às 16h (horário de Brasília), no Maracanã.