Brasileirão Série A

O Atlético-MG piorou sob o comando de Felipão? Veja a comparação

A Trivela analisou e traz o comparativo de como está a performance do time após a saída de Eduardo Coudet e início de Scolari

O Atlético-MG apenas empatou com o Goiás e agora soma sete jogos seguidos sem vitórias. O técnico Luiz Felipe Scolari, que chegou há seis jogos, ainda não venceu no comando do time. Muitos torcedores entendem que o time piorou nas mãos do experiente treinador. A Trivela analisou e trás o comparativo de como está a performance do time após a saída de Eduardo Coudet, que ontem acertou com o Internacional.

O que aconteceu?

  • Atlético não vence há sete jogos
  • Clube mudou de treinador há seis partidas, e Felipão ainda não venceu
  • Torcedores apontam que o Atlético piorou ao invés de melhorar

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Estatísticas mostram que Felipão manteve o time na média de Coudet

Quando comparamos os números dos primeiros seis jogos de Felipão com os últimos seis de Coudet, é possível ver que o Atlético não mudou tanto nos quesitos de posse de bola, número de passes e finalizações. Há uma variação, principalmente no quesito da troca de passes, mas ele não interfere tanto nas outras estatísticas. Relembre os jogos e veja as principais estatísticas deles:

Últimos seis jogos do Coudet

Primeiros seis jogos do Felipão

  • Atlético 1×1 Red Bull Bragantino

Posse de bola: 61×39

Passes: 552×325

Finalizações (no gol): 16(6) x 7(3)

Grandes chances: 3×1

  • Fluminense 1×1 Atlético

Posse de bola: 49×51

Passes: 419×427

Finalizações (no gol): 9(4) x 14(6)

Grandes chances: 0x1

  • Alianza Lima 0x1 Atlético

Posse de bola: 43×57

Passes: 317×441

Finalizações (no gol): 6(1) x 9(3)

Grandes chances: 0x4

  • Fortaleza 2×1 Atlético

Posse de bola: 42×58

Passes: 420×591

Finalizações (no gol): 9(3) x 18(4)

Grandes chances: 2×1

  • Cruzeiro 0x1 Atlético

Posse de bola: 65×35

Passes: 445×249

Finalizações (no gol): 19(5) x 7(3)

Grandes chances: 2×0

  • Libertad 1×1 Atlético

Posse de bola: 52×48

Passes: 407×400

Finalizações (no gol): 18(7) x 7(2)

Grandes chances: 1×2

  • Corinthians 2×0 Atlético

Posse de bola: 52×48

Passes: 482×449

Finalizações (no gol): 16(5) x 16(5)

Grandes chances: 5×0

  • Atlético 2×2 América

Posse de bola: 47×53

Passes: 367×405

Finalizações (no gol): 12(5) x 23(6)

Grandes chances: 2×4

  • Atlético 1×1 Palmeiras

Posse de bola: 58×42

Passes: 489×347

Finalizações (no gol): 10(4) x 11(2)

Grandes chances: 0x2

  • Atlético 0x1 Corinthians

Posse de bola: 60×40

Passes: 562×397

Finalizações (no gol): 26(6) x 8(2)

Grandes chances: 0x1

  • Atlético 2×1 Athletico-PR

Posse de bola: 72×28

Passes: 583×236

Finalizações (no gol): 16(7) x 5(3)

Grandes chances: 3×1

  • Goiás 0x0 Atlético

Posse de bola: 39×61

Passes: 315×516

Finalizações (no gol): 17(3) x 6(1)

Grandes chances: 2×0

Total

Posse de bola: 55,1% (média)

Passes: 2762

Finalizações (no gol): 74(28)

Posse de bola: 54,1% (média)

Passes: 2863

Finalizações (no gol): 83(24)

Uma explicação para o Atlético trocar mais passes com Felipão do que com Coudet pode ser a forma como os times deles jogam. Nos mapas de calores dessas partidas, é possível notar que os times do treinador brasileiro tem maior presença do meio para a defesa, enquanto o treinador argentino tinha uma grande concentração no meio campo, mas que seguia em boa parte dos jogos para o ataque.

É claro, há exceções nos dois casos. Como no caso da partida contra o Cruzeiro, em que o time de Coudet teve seus piores números e um mapa de calor totalmente antes do meio campo. E no caso da partida contra o Corinthians, em que o time de Felipão teve alta concentração de jogadas no setor ofensivo e bons números.

O curioso é que, nesses casos, o resultado foi o inverso do que os números mostraram: o time de Coudet venceu mesmo sem desempenhar bem e atacar muito, enquanto o de Felipão perdeu após ter bons números ofensivos e trabalhar a maior parte do jogo no campo de ataque.

Felipão x Felipão

Um fato que é impossível discordar é que um treinador não consegue implementar todo o seu estilo de jogo em pouco tempo. Nesse caso, com uma quebra de estilo no meio da temporada, sobra menos tempo ainda. Nos três primeiros jogos de Felipão, por exemplo, ele conseguiu dar dois treinos completos apenas, pois o time enfrentou três viagens em uma semana.

Por conta disso, esses três primeiros jogos podem ser enxergados por alguns como um time ainda com o estilo de Coudet. O próprio Felipão chegou a falar que usaria as semanas seguintes, livres para treinos, para aí sim implementar seu estilo de jogo. Já se foram duas semanas dessas (ele ainda tem mais duas) e os números também não mudaram muito:

Primeiros três jogos de Felipão

Últimos três jogos de Felipão

Posse de bola: 52,3% (média)

Passes: 1418 (total)

Finalizações (no gol): 39 (12)

Posse de bola: 56% (média)

Passes: 1445 (total)

Finalizações (no gol): 44 (12)

A comparação mostra que o time que já ganha mais a cara de Felipão tem um aumento parecido com a comparação anterior, com os últimos jogos de Coudet, já que aumenta o número de passes e finalizações. A exceção é o aumento da posse de bola, que um dos possíveis motivos já foi citado acima.

Números x desempenho em campo

Como ficou claro no último parágrafo, nem sempre os números vão contar o que foi o jogo e qual foi o resultado dele. Por conta disso, é necessário também analisar como os times estão desempenhando e se eles estão jogando dentro do que cada treinador deseja.

O Atlético de Coudet, por exemplo, era um time que criava muito, que tinha muitas ações ofensivas e chegava mais perto do gol. Não à toa, uma das grandes reclamações da torcida no período do time sob o comando do argentino era exatamente o alto número de chances perdidas.

Com Felipão, o Atlético seguiu assim nos dois primeiros jogos, contra Fluminense, no qual o time parou em grande atuação do goleiro Fábio, e contra o Fortaleza, quando finalizou o dobro do adversário, mas sem eficiência, assim como era com Coudet.

No terceiro jogo, no qual o Atlético só precisava de um empate para se classificar na Libertadores, jogando contra o Libertad fora de casa, o time criou menos, mas dá para dizer que “fez o necessário”. Acontece que a partir do quarto jogo, o Galo passou a ser um time mais “pobre”, sem muita criatividade e com poucas chances.

Piora efetiva após o quarto jogo

Contra o América-MG, por exemplo, o Atlético teve um início forte, tanto que marcou o primeiro gol aos dois minutos. No entanto, parou por aí. O Galo só chegou com perigo em uma falta de longe cobrada por Hulk e em um erro de saída de bola americana, que resultou no segundo tempo. Fora isso, só deu América no jogo, que com justiça conseguiu chegar ao empate e por pouco não virou o jogo.

Já contra o Corinthians, apesar do Atlético ter tido mais que o triplo de finalizações, o time foi, mais uma vez, pobre na criação. A maioria dos chutes foram de fora da área e 50% deles (13/26) foram chutes bloqueados, ou seja, não chegaram a ir necessariamente em direção ao gol. O Galo não conseguiu desenvolver jogadas coletivas e precisou contar com lances individuais para gerar perigo.

Galo faz seu pior jogo sob comando de Felipão

Nesta segunda-feira (17), contra o Goiás, o Atlético fez o seu pior jogo sob o comando de Felipão e, provavelmente, o pior dele no ano. O Galo não chegou com perigo nenhuma vez, com exceção de três faltas cobradas por Hulk, mal conseguia trocar passes no setor ofensivo e ainda cedeu pelo menos duas chances ao Esmeraldino. Felipão alterou o time e pareceu que os jogadores não entenderam muito bem o que fizeram em uma semana de treinos. Por exemplo, Edenilson e Alan Franco, que sempre jogaram majoritariamente pelo lado direito, estavam juntos em campo, o que fez o time ficar desequilibrado em muitos lances.

Em resumo, por mais que o Atlético de Felipão tenha mantido a média ou até a aumentado nas estatísticas, o futebol jogado, aquele que o torcedor realmente vê, sem números, ficou empobrecido. E o experiente treinador, que questionou se em uma semana de treinos tem que “fazer mágica” para o time melhorar, falou sobre a fase ruim:

“Me incomoda o mesmo tanto que os torcedores. Eles estão insatisfeitos? Eu também estou. Nosso grupo está insatisfeito e tem feito o possível para desenvolver uma situação melhor. Não estamos conseguindo, mas seguimos trabalhando para conseguir”, afirmou Felipão.

Felipão terá mais treinos antes de sequência difícil

Uma justificativa para esse momento do Atlético pode ser a da dificuldade para quebrar um trabalho e implementar um novo, já que Coudet e Felipão tem estilos de jogo completamente diferentes. O brasileiro já teve duas semanas livres para treinos, e agora terá mais duas antes de encarar a provável sequência mais difícil do Galo no ano até o momento.

A sequência de jogos complicados começa no próximo sábado (22), quando o Atlético enfrenta o Grêmio, que vive grande fase, fora de casa. Até lá, Felipão terá quatro dias de treinos. Depois, serão mais cinco dias de treinamentos até o clássico contra o Flamengo, no sábado (29), no Independência.

Depois do Fla, o Galo terá uma mini maratona contra paulistas para fechar a dura sequência. São dois jogos pelas oitavas da Libertadores contra o Palmeiras, nos dias 2 e 9 de agosto, com um confronto contra o São Paulo, no Morumbi, entre eles, no dia 6.

Dejavú no Atlético

O atleticano está tendo um dejavú em 2023, vivendo a mesma história que viveu em 2022. Isso porque o Atlético do ano passado estava com uma campanha de ok para boa na temporada sob o comando de “Turco” Mohamed. No entanto, com a pressão de repetir o ano mágico de 2021, o treinador acabou sendo demitido com uma ideia de “salvar o ano”, já que ele havia sido eliminado da Copa do Brasil e as quartas da Libertadores se aproximavam.

Como “salvador da pátria”, o Atlético foi atrás de Cuca, que havia deixado o clube seis meses antes alegando que precisava cuidar da família. O treinador voltou com alta expectativa, mas passou muito longe de fazer um bom trabalho novamente.

Foram 21 jogos sob o comando de Cuca, com sete vitórias, sete empates e sete derrotas. O treinador foi eliminado pelo Palmeiras da Libertadores depois do Atlético ter aberto 2 a 0 e sofrido o empate no primeiro jogo, e ter perdido nos pênaltis após um novo empate, mesmo o Galo com um a mais por uma hora de jogo, no jogo da volta.

A diferença de Cuca para Felipão é que o treinador de 2022 ficou os cinco primeiros jogos sem vencer, enquanto o de 2023 já soma seis. Cuca não conseguiu nenhuma sequência boa de resultados no Atlético e colocou o time apenas na pré-Libertadores, algo também abaixo do esperado.

Foto de Alecsander Heinrick

Alecsander HeinrickSetorista

Jornalista pela PUC-MG, passou por Esporte News Mundo e Hoje em Dia, antes de chegar a Trivela. Cobriu Copa do Mundo e está na cobertura do Atlético-MG desde 2020.
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