O Atlético-MG segue sem saber qual é o seu lugar, e se contenta com pouco
Mais uma vez o Atlético-MG achou que poderia vencer um rival inferior a qualquer momento, só não há explicação de porque o time se coloca nessa patamar
O Atlético-MG decepcionou ao empatar o clássico contra o América-MG, lanterna do Campeonato Brasileiro. Mais uma vez, o Galo não soube jogar contra um time inferior, se portando em campo como se tivesse em um pedestal, que ele não chegou em momento algum na temporada.
No último mês, o Atlético ganhou a alcunha de “Robin Hood”, o arqueiro inglês que roubava dos ricos e dava aos pobres. No caso do Galo, ele vence os times melhores e entrega pontos para os times piores. Questionados sobre o motivo disso, alguns jogadores destacaram que o time entra em campo achando que já está ganho contra equipes teoricamente inferiores.
Hulk é mais um do Atlético em mais uma partida diferente, a falar que o time entra achando que o jogo já ta ganho quando enfrenta adversários mais fracos. pic.twitter.com/Q47MUQ56UP
— Alecsander Heinrick (@alecshms) October 22, 2023
O técnico Felipão foi questionado pela Trivela em como fazer os jogadores não ter esse pensamento e entenderem que todo jogo tem a mesma importância, independente do adversário. Ele então afirmou que pensa assim, mas não soube (ou quis) responder como levar isso aos jogadores. Contra o América, o Atlético teve a oportunidade de mostrar que o pensamento de Felipão foi repassado. No entanto, novamente não conseguiu.
Após o jogo, em uma das respostas na coletiva, Felipão voltou a citar esse fato: “Temos que saber que do outro lado sempre tem uma equipe boa e pronta para jogar. Eu faço sempre o aviso de não julgarem as equipes que estão lá embaixo”. Mas, por que Felipão não consegue levar “humildade” para um elenco que nunca esteve no topo? O Atlético de 2023, em nenhum momento foi o melhor time do país, nem sequer chegou perto disso. Com Scolari no comando, passa mais longe ainda.
Como o Atlético não sabe o seu lugar hoje? Que é de um time mediano, que joga um futebol mediano e que pode terminar em uma posição mediana. Por qual motivo os jogadores entram em campo se achando os melhores ao enfrentar times, teoricamente, inferiores? O América, por exemplo, fez muitos jogos melhores que o Galo, inclusive nesse clássico, então por que não se doar tanto quanto nas outras partidas? Felipão fala tanto sobre todos os times do Brasileirão serem do mesmo nível, de todos serem bons, mas qual o motivo de o time dele não entender isso? E pior, se acharem os melhores mesmo nunca tendo sido.
O Atlético realmente tem outra postura contra times teoricamente inferiores. Não dá pra negar. Não é nem questão de ser Robin Hood, é de não levar os jogos tão a sério quanto os mais difíceis
— Alecsander Heinrick (@alecshms) November 4, 2023
O Atlético se contenta com pouco
Algo que pode explicar o rendimento ruim do Atlético é a falta de ambição, principalmente desde a chegada de Felipão. Com Coudet ainda havia o discurso de brigar por títulos, e o treinador saiu justamente porque não cumpriram com o prometido para lhe entregar um time desse nível. Já com Scolari, desde que ele chegou, tudo no Galo é básico e só. É brigar por uma vaga na Libertadores e está ótimo. É vencer dois jogos seguidos e está ótimo. É empatar um jogo com o lanterna que ainda está tudo bem. Não há ambição de um algo a mais no clube, e isso reflete nos jogadores e na torcida.
Após o empate com o América, Felipão minimizou o resultado e ainda exaltou que conquistou 10 dos últimos 12 pontos. É realmente um bom desempenho em pontos, mas porque não se “revoltar” por ter deixado para trás dois pontos? Principalmente porque esses dois pontos foram em uma partida contra o lanterna, a pior defesa do campeonato e um time que não vence há 10 jogos.
Essa falta de ambição do Atlético, inclusive, pode ter impactado as falas de Hulk, que após o jogo foi expulso e se revoltou com a arbitragem, afirmando que vai embora do Brasil em um mês. Essa revolta pode estar carregada também da decepção de ver o time dele sem a ambição de jogar e conquistar, até porque o árbitro não teve nenhuma atitude fora da curva que gerasse tanta revolta para o camisa 7.
Mais chances de mudar a postura
O Atlético terá agora mais dois jogos contra times que brigam na parte inferior da tabela. São mais chances de mostrar que o que Felipão diz, de tratar cada adversário da mesma forma, não é só um discurso. O Galo encara o Corinthians na quinta-feira (9), em São Paulo, e depois recebe o Goiás no domingo (12), ambos na luta contra o Z4, principalmente o Esmeraldino.
O jogo contra o Corinthians, treinador por Mano Menezes, promete ser duro e de poucas chances, mas o Galo tem levado a melhor recentemente. Já contra o Goiás, é obrigação do time de Felipão vencer e convencer, até por jogar em casa.