Brasileirão Série A

Atlético-MG segue dilema sobre preço dos ingressos na Arena MRV, e não sabe quando terá grama sintética

Atlético tenta equilibrar a balança entre preço acessível ao torcedor e lucro na Arena MRV

O Atlético-MG segue na busca de trabalhar da melhor forma a Arena MRV em prol do clube da torcida. O CEO atleticano, Bruno Muzzi, repetiu algumas vezes que eles vão precisar de, no mínimo, um ano para conseguir ter uma gestão quase perfeita do estádio. Enquanto isso, o Galo segue seus dilemas, como por exemplo o de precificação dos ingressos, que muitos torcedores estão achando caro.

Desde a inauguração da Arena MRV, o Atlético passou a ter um ticket médio muito alto, de mais de R$ 70. As manifestações da torcida contra a alta precificação das entradas foram quase que imediatas. No clássico contra o Cruzeiro, por exemplo, foi feito um movimento pedindo para abaixar o valor e deixar o “povão” ir. O Galo, no entanto, foi completamente na contramão e aumentou os valores, causando raiva na torcida.

Mesmo com o preço alto, o Atlético bateu o recorde de público da Arena, com mais de 42 mil pessoas. No entanto, a derrota no clássico, somado aos valores altos, fizeram a torcida desanimar e, desde então, o clube não colocou mais do que 30 mil no estádio no três jogos seguintes. O clube então foi abaixando aos poucos os valores e está tentando um equilíbrio entre um preço bom para a torcida e para o clube, que precisa lucrar.

– O nosso dilema constante é de como equilibrar a quantidade de público para que as contas realmente fechem, pois precisamos cumprir com o orçamento. As precificação acontecem a cada jogo, de acordo com a rodada, o grau de rivalidade, o momento do torcedor, uma série de variáveis. Debatemos sobre isso a todo instante. Vamos continuar precificando jogo a jogo. Preciso achar esse ponto de equilíbrio. Preciso manter um faturamento na média que tivemos nesses 8 jogos, na casa de R$ 2 milhões de bilheteria – disse o CEO Bruno Muzzi.

Apesar da média de quase R$ 2 milhões, com o público baixo dos últimos jogos, o clube não conseguiu passar de R$ 1,3 milhão de renda nas três partidas recentes. Mas, há seis jogos invicto e tendo vencido essas três últimas partidas citadas, o Galo quer ter casa cheia no domingo (26), quando recebe o Grêmio, adversário direto pelo G4 (e pelo título), na última partida do ano na sua nova casa. Para isso, Muzzi prometeu abaixar o preço dos ingressos, e cumpriu, em partes.

Ingressos para Atlético x Grêmio

O jogo contra o Grêmio será o último da Arena MRV em 2023 pois a CBF alterou o fim do campeonato e a partida contra o São Paulo, que é a última do Galo como mandante e seria no estádio, vai ter que passar para o Mineirão pois na nova data já há um show marcado na casa atleticana. A vitória contra o Tricolor Gaúcho é crucial para o Alvinegro e os preços para o jogo, na maioria, foram mantidos com relação ao último, mas houve uma queda mínima em dois setores.

Como prometido por Muzzi, os setores superiores, Inter Sul e Leste, estão com preços mais baixos. Mas é uma diferença mínima, de R$ 6 a R$ 10 nas diferentes categorias de sócio, e de R$ 20 para o público em geral, que agora paga R$ 130, valor muito salgado. Confira os preços:

  • Brahma Norte e Inter Oeste

GNV Forte e Vingador / Internacional: R$ 70,50
GNV Preto: R$ 82,25
GNV Prata: R$ 105,75
GNV Branco / GNV Clubes: R$ 117,50
Inteira: R$ 235,00

  • Brahma Sul

GNV Forte e Vingador / Internacional: R$ 60,00
GNV Preto: R$ 70,00
GNV Prata: R$ 90,00
GNV Branco / GNV Clubes: R$ 100,00
Inteira: R$200,00

  • Brahma Leste

GNV Forte e Vingador / Internacional: R$ 81,00
GNV Preto: R$ 94,50
GNV Prata: R$ 121,50
GNV Branco / GNV Clubes: R$ 135,00
Inteira: R$ 270,00

  • Inter Leste e Sul

GNV Forte e Vingador / Internacional: R$ 39,00 (-R$ 6)
GNV Preto: R$ 45,50 (-R$ 8)
GNV Prata: R$ 58,50(-R$ 9)
GNV Branco / GNV Clubes: R$ 65,00 (-R$ 10)
Inteira: R$ 130,00 (-R$ 20)

Saiba mais detalhes

Com essa diferença irrisória, alguns torcedores ironizam a diferença na postagem sobre a venda dos preços, como por exemplo um que disse que essa mudança “não paga nem a cerveja”. Outro ponto levantado é do motivo do setor Brahma Sul, na parte inferior atrás de um dos gols, ser mais caro, já que ele não possui cadeiras e foi comercializado como setor popular, ou seja, que teria preços mais acessíveis. Colocar esse setor com valores populares, por exemplo, seria algo que já ajudaria muito a torcida e diminuiria as reclamações.

A Arena MRV para 2024

Em 2024, com o Atlético atuando por todo o ano na Arena MRV, o Atlético espera por um lucro enorme, e isso passa pela precificação também. A ideia é manter (ou aumentar) a média de R$ 2 milhões de lucro bruto por partida, ou seja, os preços devem seguir parecidos com os atuais.

– Se a gente jogar 35 jogos em casa, estamos falando de R$ 70 milhões só de bilheteria. Mas isso oscila, média de público, tem Campeonato Mineiro, fase de Libertadores, momentos dentro do Brasileiro. Tem muitas variáveis além do preço por si só.

Após o último jogo, o Atlético terá um bom tempo para analisar como equilibrar bem essa questão de preço para o torcedor e lucro para o clube. Historicamente, jogos do Campeonato Mineiro tem valores bem mais baratos, realmente populares, enquanto jogos decisivos, como Libertadores e Copa do Brasil, o valor aumenta de acordo com a fase, a importância e a demanda.

Gramado da Arena MRV

Uma certeza que o Atlético já tem para 2024 é que a Arena MRV vai precisar passar por uma troca no gramado, que vai sair do natural e passar para o artificial. Apesar de já saber que vai fazer isso, pois é uma arena multiuso e precisa manter o gramado bom para jogos mesmo tendo shows, e não está conseguindo isso com a natural, o Galo ainda não tem uma data de quando a mudança ocorrerá.

– É uma decisão que a gente já tomou. O quando é a pergunta mais difícil. A gente sempre soube que a concepção das arenas modernas têm maior sombreamento. É possível manter (a grama natural)? É possível, você tem as luzes. Mas isso dificulta você ter shows e jogos ao mesmo tempo – disse Muzzi.

A mudança para gramado artificial depende de flexibilização de uma legislação de Belo Horizonte, que o clube já trabalha junto com a prefeitura para tentar um acordo, como revelou Bruno Muzzi:

– A grama sintética, a gente tem uma questão de taxa de permeabilidade. É uma legislação do plano diretor de Belo Horizonte que nos obriga a ter um percentual de taxa de permeabilidade. A grama sintética é permeável. O problema é que a lei obriga, e ela diz que: ‘para ser considerada uma área permeável, ela precisa ser sob terreno natural e ser vegetada’. A palavra vegetada não se aplica para a grama sintética. É possível contornar isso e a Prefeitura está trabalhando com a gente para ter um decreto ou uma flexibilização.

Desde que estreou na Arena MRV, o Atlético já teve que fazer trocas de partes do gramado por conta do desgaste que há nele pela falta de sol em alguns pontos. O clube usa ainda a grama natural, com rolos da grama “pronta para jogar”, que como o próprio nome já diz, é só instalar e jogar, não precisa esperar crescer, por exemplo. A mudança para grama sintética deve custar cerca de R$ 10 milhões.

Foto de Alecsander Heinrick

Alecsander HeinrickSetorista

Jornalista pela PUC-MG, passou por Esporte News Mundo e Hoje em Dia, antes de chegar a Trivela. Cobriu Copa do Mundo e está na cobertura do Atlético-MG desde 2020.
Botão Voltar ao topo