Brasileirão Série A

Se Abel vê os problemas do Palmeiras com clareza, por que não os soluciona?

Técnico do Palmeiras listou, ponto por ponto, os motivos do resultado insatisfatório

O Palmeiras estreou no Campeonato Brasileiro jogando mal mais uma vez. Algo que não se pode dizer de Abel Ferreira é que ele não enxerga os problemas da sua equipe.

Em uma só resposta na entrevista coletiva após o jogo contra o Botafogo (0 a 0) do domingo (30), o treinador listou quase tudo que há de errado no Alviverde no momento:

Aceitar que não estamos tão criativos. Aceitar que temos jogadores que estão em baixo de forma. E, é bem evidente, se calhar, um pouquinho cansados. Aceitar que a equipe hoje não estava tão bem mentalmente porque fomos a uma final. Parece que, agora, ir à final e perder é o fim do mundo, que é ruim. Não: ruim tinha sido ficar no sofá a seguir ao jogo do Mirassol. Isso teria sido ruim. E é normal e eu sabia disso, que o nosso lado anímico do jogo de hoje não ia estar no nosso máximo.

Na fala do treinador, só não apareceua “eficácia”, que já virou clichês, e a explicação sobre a parte tática da sua equipe. E talvez seja justamente por não olhar para aquilo que é sua maior responsabilidade, que o resto não funciona.

Por mais que Abel explique que o Palmeiras tem variações de ataque também pelo corredor interno do campo, é pelas pontas, quase exclusivamente, que o Palmeiras chega. Na direita, com Estêvão e a ultrapassagem de Mayke. E pela esquerda, exclusivamente com Piquerez, já que Facundo não vem rendendo.

A produção deficitária do uruguaio não chega a ser uma surpresa. Menos por ele do que pelo fato de ele estar jogando fora da posição em que mais rendeu na carreira, para que o esquema com dois pontas se mantenha.

Facundo é ponta-direita. Assim como Estêvão e Felipe Anderson. Mas está jogando torto pela permanência do esquema. Se não tem opção rentável pela esquerda desde que perdeu Maurício, por que o técnico insiste em jogar do mesmo modo?

Falta de criatividade tem solução

Raphael Veiga, em partida contra o Botafogo
Raphael Veiga, em partida contra o Botafogo (Foto: Cesar Greco/Palmeiras/by Canon)

Outra explicação que não deixa de ser verdadeira é a falta de criatividade do time. E esse problema tem um responsável como nome e sobrenome. É de Raphael Veiga que o técnico fala quando menciona jogadores cansados e em má forma.

Nesse caso, a culpa nem é tanto do treinador. Abel não tem outro meia criativo no elenco capaz de segurar a responsabilidade de armar o jogo do Verdão. Mais uma vez, o lesionado Maurício até poderia aparecer como esse jogador. Mas suas características são muito mais de infiltração do que de criação.

Mais uma vez, fica o questionamento: se não tem um meia criativo funcionando, nem um ponta pela esquerda rendendo, não seria o caso de tentar um desenho tático diferente?

O futebol não é como seu irmão americano, em que um jogador apenas, o quarterback, responde por toda e qualquer armação de jogadas. Se o meia criativo do elenco não está no melhor de sua forma, a obrigação do técnico é encontrar outro modo para o time jogar.

Afinal, ler os problemas é apenas parte do trabalho do treinador.

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Palmeiras precisa de entrosamento, mas de que jeito?

Ao palmeirense, resta acreditar que o time de fato vai “assentar” quando todos os jogadores estiverem devidamente aclimatados e entrosados com os colegas. O problema é que o calendário não corrobora tal prognóstico.

Na quinta-feira, o time já estreia na Copa Libertadores, contra o Sporting Cristal no Peru. Três dias depois, vai a Recife enfrentar o Sport. Depois o Cerro Porteño, em casa. No dia 12, tem o Corinthians no Allianz Parque.

E o Palmeiras simplesmente não pode chegar até lá com os mesmos problemas que o treinador enxerga, mas não consegue resolver.

Foto de Diego Iwata Lima

Diego Iwata LimaSetorista

Jornalista formado pela Faculdade Cásper Líbero, Diego cursou também psicologia, além de extensões em cinema, economia e marketing. Iniciou sua carreira na Gazeta Mercantil, em 2000, depois passou a comandar parte do departamento de comunicação da Warner Bros, no Brasil, em 2003. Passou por Diário de S. Paulo, Folha de S. Paulo, ESPN, UOL e agências de comunicação. Cobriu as Copas de 2010, 2014 e 2018, além do Super Bowl 50. Está na Trivela desde 2023.
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