Brasileirão Série A

Imagina se o Palmeiras tivesse perdido: Abel dispara contra CBF, Barueri e não garante cumprir contrato

O treinador do Palmeiras estava nervoso demais para quem assumiu a liderança do Brasileiro, mas quem o conhece já está acostumado

Abel Ferreira estava nervoso na entrevista coletiva após a partida contra o Internacional, sábado (11), em Barueri. Os 3 a 0 sobre os colorados e a liderança do Campeonato Brasileiro não amansaram o português que, de “saco cheio”, nem quis afirmar que vai cumprir seu contrato até o fim de 2024.

– São muitos jogos seguidos, muita entrevista, muita viagem. Não é isso quero para mim – disse o português.

– É uma vergonha a CBF deixar fazer oito jogos seguidos com dois e três dias de descanso. No último jogo o Athletico ficou sem dois por lesão. Hoje o Luan e o Internacional teve dois também. É uma vergonha. Tem público top, bons jogadores. Ainda bem que temos o Núcleo de Saúde e Performance que nos ajuda. Isso tem que fazer refletir. É insano, enquanto estiver no Brasil e no Palmeiras vou falar isso – desabafou.

– Estou (de saco cheio), estou. Depois vamos ver isso – disse o treinador, quando indagado se tamanho descontentamento poderia fazer com que ele não cumprisse seu contrato com o Palmeiras, até o fim do ano que vem.

– Agora vou chegar na Academia às 4h, é saber se durmo lá ou se vai para a casa com a minha família. Não dá – esbravejou.

O técnico estava muito nervoso de, mais uma vez, ter jogado na Arena Barueri. E deu até uma cutucada na diretoria.

– Só quero jogar no Allianz Parque, o resto (dá de ombros). O Allianz Parque é a nossa casa, é ali que quero jogar. O resto não me importa, quero ganhar jogos e títulos, é isso que me pedem. Ganhamos oito títulos e ainda somos xingados porque não é o suficiente. Só quero ganhar e jogar na nossa casa. Eu não quero saber da direção e da WTorre, isso não é problema meu, eu quero jogar no Allianz Parque – disse.

Mas Abel não foi só nervosismo. Ele também se mostrou orgulhoso sobre sua equipe, nova líder do Brasileirão.

– Este grupo é equilíbrio. Quando ganha, perde, ataca defende. É a palavra que defino esse time que alguns chamam de Terceira Academia do Palmeiras – acrescentou.

– Nosso grupo de trabalho acredita sem ver e acredita sempre. Não estou dando recado a ninguém, mas essa equipe luta sempre até o fim e dá o seu melhor. A comissão faz a mesma coisa. Nesses três anos, o Palmeiras joga todas as competições competindo. Sinto muito orgulho dos nossos jogadores.

Veja o que mais abel falou:

Endrick

– A única coisa que posso falar do Endrick é que enquanto ele tem energia está lá dentro (…) Ele fez o que tinha que fazer dentro de campo. Ele começou bem a temporada, teve um período difícil e graças ao trabalho voltou a performar.

Liderança

– O Botafogo tem dois jogos, nesse momento é a única equipe que depende dela. Deixe que o Botafogo e o Red Bull Bragantino duelem amanhã.

Lesão de Luan, que deixou o jogo no intervalo, e mais críticas à CBF

– No último jogo aqui, o Athletico-PR ficou sem dois jogadores. Hoje, o Luan se lesionou, e o Inter perdeu dois jogadores. Será que isso não faz as pessoas refletirem? É uma vergonha o que fazem com os jogadores brasileiros, com o futebol brasileiro. Há um público top, jogadores bem preparados, felizmente temos o núcleo de performance que nos ajuda. Contra o Flamengo, não conseguimos. Acertamos e erramos como todos, mas precisamos refletir. É uma vergonha o que está acontecendo, oito jogos seguidos com dois ou três jogos de descanso. Enquanto eu estiver aqui no Brasil, vocês vão ouvir isso: é uma vergonha. Essa é a minha opinião. Tudo o que eu falo tem uma única intenção: tornar o futebol brasileiro melhor

Substituições

–  Veja hoje o Vanderlan o que ele fez. O que eu quero daquela posição? Quero verticalidade. Não quero um jogador que passe a bola para trás, que é o que faz 90% das equipes brasileiras. Não quero isso. Quero samba, quero verticalidade, quero gols.

Sobre jogar na Arena Barueri

– O que posso falar é que a nossa equipe merece um estádio inteiro, é isso que tenho a dizer. Nem no nosso estádio estamos a jogar. Depois de tudo o que sofremos, de tudo o ouvimos, estamos aqui brigando. Nunca prometi títulos a ninguém. Tem coisa que prometi e dou o meu melhor todos os dias. Se é com o Rocha de lateral ou de ponta, vamos assim. Sou europeu, não sou brasileiro, sinto em lhes afirmar isso. Eu não sou da escola do Brasil. Quando vim no PAOK aprendi a ser frio, aqui é muito emocional. Se tiver que jogar o Rocha, vai ser ele. Se tiver que ser o Mayke, vai ser ele. O Rony passou um período mal, saiu, e está a se recuperar. O Zé também. Com o treinador, não é diferente. O que me parece é que os únicos perfeitos são os que criticam. Há críticas que nos fazem refletir e outras que só querem nos menosprezar. Por isso, valorizo os torcedores que vieram aqui hoje, se deslocaram, pegaram fila e agradeço de coração.

– Só quero jogar no Allianz Parque, o resto (dá de ombros). O Allianz Parque é a nossa casa, é ali que quero jogar. O resto não me importa, quero ganhar jogos e títulos, é isso que me pedem. Ganhamos oito títulos e ainda somos xingados porque não é o suficiente. Só quero ganhar e jogar na nossa casa. Eu não quero saber da direção e da WTorre, isso não é problema meu, eu quero jogar no Allianz Parque. Se vamos ganhar ou se vamos perder, não sei, mas quero jogar no Allianz Parque. Comecei essa entrevista dizendo ao seu colega que uma equipe campeã não pode ter um estádio assim, vocês que me desculpem. É isso que nos exigem, é isso que nos pedem, então é isso que vou pedir também e exigir. A nossa casa não é aqui, é no Allianz Parque. Até o banco não me sinto confortável, não é o banco onde sento.

Sobre críticas de torcedores

– De que torcedores você está falando? Dos que vêm aqui nos apoiar ou aqueles que ficam em casa em um computador, fazem um blog e nos criticam para influenciar os outros? É isso que digo para os meus jogadores: não se deixem influenciar por esses torcedores, que talvez nem sócios sejam. É por isso que temos um espírito de grupo muito forte. Se forem falar, falem para incentivar. Isso que estou a falar são 3% dos torcedores. Acerto e erro como todos, mas a sensação que fico é de que aqueles que estão em frente aos computadores sabem de tudo, não erram e falam sempre no final. Eu prefiro valorizar todos os outros 97% dos torcedores.

Foto de Diego Iwata Lima

Diego Iwata LimaSetorista

Jornalista formado pela Faculdade Cásper Líbero, Diego cursou também psicologia, além de extensões em cinema, economia e marketing. Iniciou sua carreira na Gazeta Mercantil, em 2000, depois passou a comandar parte do departamento de comunicação da Warner Bros, no Brasil, em 2003. Passou por Diário de S. Paulo, Folha de S. Paulo, ESPN, UOL e agências de comunicação. Cobriu as Copas de 2010, 2014 e 2018, além do Super Bowl 50. Está na Trivela desde 2023.
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