60 anos sem Aníbal Machado: Renomado escritor brasileiro escreveu também a história do primeiro gol do Atlético-MG
Em 20 de janeiro de 1964, falecia Aníbal Machado, nome histórica da literatura brasileira, que antes cravou seu nome como jogador do Atlético
Há 60 anos, no dia 20 de janeiro de 1964, o Brasil perdia Aníbal Machado, um dos grandes escritores que o país já teve, além de jornalista, professor, crítico e promotor público. O que poucos sabem é que, antes de ser isso tudo, Aníbal também foi jogador, e escreveu seu nome no enredo do Clube Atlético Mineiro, quando marcou o primeiro gol da história do time alvinegro.
Aníbal Monteiro Machado é mineiro de Sabará, cidade da região metropolitana de Belo Horizonte. Ele nasceu em 1894 e, em 1908, com apenas 13 anos, participou da função do Clube Atlético Mineiro. Pouco mais de um ano depois, foi titular do time na primeira partida da história do Alvinegro e entrou para a história.
O jogo aconteceu no dia 21 de março de 1909, contra o Sport Foot-Ball Club, até então principal time do estado, no campo onde hoje está localizado o prédio da 1ª Região Integrada de Segurança Pública. O técnico atleticano, Chico Neto, escalou o time com o pequeno Aníbal, naquela época apelidado de Pingo, no ataque. Aos 14 anos, o garoto foi responsável por marcar o primeiro dos três gols do Atlético contra o Sport, escrevendo assim seu nome na história do Atlético.
O técnico Chico Neto entrou com: Eurico Catão; Mauro Brochado e Leônidas; Raul Fracarolli, Mário Toledo e Hugo Fracarolli; Margival, Mário Neves, Zeca Alves, Aníbal Machado e Benjamin Moss.
Aníbal Machado 📷, Zeca Alves e Mário Neves, filho da Alice fizeram os gols da vitória. pic.twitter.com/eunUyc6pkN
— Galo Memória (@galomemoria_) March 21, 2022
Naquele ano, o jovem Pingo ainda marcou outros dois gols nas outras duas partidas que o Atlético realizou, todas contra o Sport, que depois de perder tanto para o Galo, sucumbiu e foi à falência. Aníbal então terminou o ano como artilheiro, sendo assim também o primeiro “goleador” da história atleticana.
Aníbal Machado longe dos campos
Apesar de ter escrito história em campo, Aníbal estava fadado mesmo a escrevê-la fora das quatro linhas. Depois de concluir seus estudos iniciais, deixou Belo Horizonte (consequentemente o futebol e o Atlético) para se mudar para o Rio de Janeiro, onde iniciou o curso de direito. Em 1917, voltou para BH, onde concluiu seu curso de direito e trabalhou como professor e crítico de artes no Jornal Diário de Minas, ao lado de figuras também históricas, como Carlo Drummond de Andrade.
Aníbal Machado também chegou a ser promotor público, mas sabia que sua vocação era escrever/contar (e fazer) história. Seu primeiro conto foi publicado em 1925 e, no ano seguinte, lançou um de seus mais famosos: “João Ternura”. Mas ele só voltou a publicar em 1944, quando estreou um livro inteiro de contos, chamado “Vida Feliz”, recheado de obras-primas, segundo especialistas. Toda sua produção literária foi publicada em 1959, no livro “Histórias Reunidas”, que cravou de vez o nome dele na elite dos escritores de histórias curtas do Brasil. Algumas de suas obras foram adaptadas para a TV por Manoel Carlos.
Além da escrita de contos, Aníbal também cravou seu nome no teatro, fundando o “O Tablado” em 1951, no Rio de Janeiro, junto com sua filha, grande escritora de contos infantis, Maria Clara Machado. O local é referência no Brasil quando o assunto é a formação de grandes autores e atores.
E a relação de Aníbal com o Atlético?
Apesar de ter deixado o futebol e o Atlético para trás em campo, Aníbal nunca deixou de acompanhar o clube fora dele, como contou a filha caçula do escritor, Aracy Mourthé, em entrevista ao Jornal Hoje em Dia, em 2016:
– Quando eu nasci, o meu pai já tinha se aposentado do futebol. Mas ele não perdia nenhum jogo, seja pela televisão ou no rádio, estava sempre acompanhando o Atlético. Sempre dizia que ajudou a fundar o Atlético. A família toda, influenciada por ele, sempre teve carinho pelo Atlético. Os netos da família, especialmente aqueles que ficaram em Minas, são atleticanos.
Aracy contou ainda que sempre tentavam dar um jeito de acompanhar os jogos do Atlético, mesmo morando no Rio de Janeiro. A paixão do pai, que passou para ela, chegou também na filha, Cacá Mourthé, que hoje é a diretora do “O Tablado”, herdando o cargo da tia.
Em Belo Horizonte, Aníbal Machado também tem seu nome cravado, já que dá nome a um viaduto próximo a um importante shopping da capital mineira.
👀 História escondida: neste 25 de julho, Dia do Escritor, lembramos que o viaduto Aníbal Machado, próximo ao Minas Shopping, é uma homenagem ao ilustre escritor mineiro e que também foi jogador do Galo e autor do primeiro gol na nossa história. (+) pic.twitter.com/k6pM9r76LG
— Galo Digital (@galodigital) July 25, 2023