Exclusivo: ‘projeto Alisson’, revelação do Atlético-MG, quer evitar erros de ‘caso Savinho’
A Trivela apurou os bastidores da negociação envolvendo Alisson, a maior joia do Atlético-MG, alvo de diversos gigantes europeus
A torcida do Atlético-MG tem sido bombardeada por especulações envolvendo o nome de Alisson, promessa do clube de apenas 18 anos. Veículos de imprensa de Inglaterra e Espanha colocaram o meia-atacante na mira de gigantes europeus, como Arsenal, Fulham, Newcastle, PSV e outros dois clubes da Espanha que não foram revelados. A Trivela apurou os bastidores por trás da maior joia do clube alvinegro neste momento.
De acordo com o “Diario As”, da Espanha, Paulo Xavier é o olheiro do Arsenal qpue acompanha Alisson em Belo Horizonte. O jornal ainda chama a jovem promessa de “Sucessor de Savinho”, que também foi revelado pelo Atlético-MG e hoje, além de brilhar no Girona, está acertado com o Manchester City para a próxima temporada.
Vindo de uma família humilde de Cachoeirinha, no Rio Grande do Sul, Alisson chegou ao Atlético-MG em 2019 ainda com 14 anos de idade e estreou como profissional em 2023. Ele tem tido um grande destaque neste início de temporada, marcando o gol do empate com o Tombense em fevereiro e dando uma assistência na vitória sobre o Ipatinga neste mês pelo Campeonato Mineiro. Com boas atuações, a jovem promessa foi titular nos últimos dois jogos do Galo.
Alisson tem contrato com o Atlético-MG até dezembro de 2027. A Trivela apurou que a multa rescisória para clubes brasileiros é no valor de R$ 90 milhões, o que praticamente rechaça a possibilidade de ele ser transferido para outro clube no Brasil. O mercado do jogador é internacional.
Para aqueles que desejam ver o jovem atleta por mais tempo nos gramados brasileiros com a camisa do clube mineiro, as notícias são encorajadoras. É verdade que o staff do atleta tem sido constantemente procurado por scouts do Velho Continente . Porém, o entorno do jogador garante que há um projeto sólido para a permanência do jogador no Atlético-MG até sua maturação.
Para não repetir Savinho
O entendimento é que o garoto não está pronto. ideia é que o meia-atacante cumpra por aqui as etapas do processo de lapidação, se firme como destaque do futebol brasileiro, e rume para o futebol europeu para assumir um papel de protagonista, e não de promessa.
O projeto é quase o oposto ao qual foi submetido Savinho, outra promessa da base alvinegra que deixou o clube de forma precoce para o Grupo City e teve as últimas etapas de formação cumpridas em clubes de segundo escalão europeu.
As pessoas próximas do jogador entendem que Alisson também é especial fora de campo. Mesmo com todas as especulações no mercado e a notória ansiedade por parte da torcida em relação a ele, o atleta lida com a pressão de forma madura – e para isso, conta com ampla assistência.
A equipe em torno do jovem vai além dos empresários: conta com um robusto time de assessores de imprensa, imagem e coaches de comportamento que visam “polir” a joia atleticana e, no fim do processo, ter a joia mais preciosa o possível.
“Nós não estamos preocupados com quando o Alisson vai render dinheiro para a empresa. Sabemos que é só uma questão de tempo, fazer o trabalho bem feito, não queimar etapas e a coisa vai acontecer como já vem acontecendo. Não é uma preocupação nossa a venda do Alisson, ela vai acontecer, a gente sabe disso, na hora certa”, disse André Kovalski, empresário de Alisson, à Trivela.
André Kovalski está com Alisson desde o começo da carreira e agencia a carreira do jogador por meio de sua empresa, a Mezzala Maestro. Sua metodologia de trabalho agrega um plano de carreira que contempla o que o atleta já passou, passa e passará ao longo dos anos e também o pós-carreira. Há dois anos ele fez uma parceria com a Velop Sports, empresa do ex-goleiro Gomes, para cuidar da joia atleticana.
“Pelo que conheço do Alisson, ele está praticando 60% do que ele é capaz dentro de campo, a projeção dele é muito grande. Ainda tem muito o que andar e tratar de venda no momento é botar a carroça na frente dos cavalos”, continuou Kovalski.
Rodrigo Caetano como padrinho
A Mezzala Maestro tem um projeto com o Atlético-MG envolvendo Alisson há dois anos. Mas o clube mineiro chegou a quase perder sua principal joia quando ela ainda estava nas categorias de base.
Com 16 anos, Alisson poderia assinar um contrato profissional, mas o processo até a assinatura durou 18 meses e o Atlético-MG quase o perdeu, pois havia outros grandes clubes interessados. A demora acabou quando Rodrigo Caetano, ex-diretor do Galo e atual diretor da seleção brasileira, entrou na negociação.
Rodrigo Caetano assistiu a um jogo do sub-17 entre Atlético-MG e América-MG em 2022. Alisson teve um ótimo desempenho naquela partida, marcando gol e dando assistências. O dirigente, então, ligou o alerta, foi atrás do empresário e em 40 minutos fecharam o contrato.
“De lá para cá, nós viemos trabalhando sempre fechado com o Atlético-MG. Não se toma medida nenhuma sem dividir a situação com o clube”, disse Kovalski.
A visão das pessoas que trabalham no gerenciamento da carreira de Alisson é que o jogador ainda tem muito o que evoluir e aprender para que não aconteça o processo de “ping-pong” na Europa (vai e volta para o Brasil).
“Nós queremos que ele vá quando ele estiver pronto. Não é o dinheiro que vai mudar a nossa filosofia de trabalho. Nós entramos no futebol para fazer diferente na gestão de carreira. Nós temos a posição de que ele tem que amadurecer muito dentro do Brasil. Essa é a nossa vontade e ele compadeceu dessa decisão”, afirmou Kovalski.
A relação com Felipão no Atlético-MG
Felipão foi duramente cobrado a dar mais oportunidades para os jogadores da base por parte da imprensa em fevereiro, principalmente pela pressão por melhor desempenho e resultados em campo – o Galo teve apenas a terceira melhor campanha da primeira fase do Campeonato Mineiro. O treinador, por sua vez, respondeu uma vez que “se ele (jogador da base) for melhor no treino, vai ser colocado”.
Depois disso, no entanto, Alisson ganhou oportunidades com Felipão e o jovem tem dado conta do recado. O próprio treinador o elogiou a joia atleticana após a vitória sobre o América-MG no último sábado (9).
“Preciso lembrar a vocês que o Alisson é um menino. Ele tem, se não me engano, 19 anos (18). Ele pode sentir em alguns jogos. Vai entrar 20 minutos, 30, 40, 60 ou até 90. Mas aos poucos ele vai evoluindo. Eu fiquei super satisfeito com ele hoje pela ajuda que ele deu ao Saravia. Isso dá, muitas das vezes, amplitude pelo outro lado, tranquilidade para o Arana subir”, disse Felipão em entrevista coletiva.
Ao contrário do que grande parte da torcida protesta, Felipão não tem problemas para trabalhar com jogadores da base. Prova disso é o que o próprio treinador tem feito com Alisson. O técnico só não colocou o jovem talento para jogar em oito jogos do ano, sendo três como titular.
“Acho que não poderia ter pintado pessoa melhor que o Felipão para o Alisson. Ele foi muito importante para seu desenvolvimento, porque ele tem dosado essa expectativa e ansiedade com conversas com ele. Conversa muito nos treinos as partes que ele ainda precisa acertar. E também lhe dá muita confiança. Se errar, vai e faz de novo, se der errado ele assume a bronca. Nós só podemos agradecer o Felipão pela ajuda”, acrescentou Kovalski.
André acredita que é preciso esperar o tempo certo para um jogador amadurecer. Para isso, ele precisa cumprir etapas, é o que tem sido feito ao longo de toda a carreira de Alisson. Da base, o jogador já foi titular no profissional jogando o Campeonato Mineiro. Nos próximos meses, o meia-atacante terá a chance de jogar o Brasileirão e a Copa Libertadores.
“Ele ser convocado e ter só ficado no banco é importante, ele viveu aquele ambiente e viu de perto como as coisas acontecem. Então, ele é um menino que, quando é chamado para entrar em campo, já não fica nervoso, não dá dor na barriga e as pernas já não balançam. Amadureceu convivendo com eles e entrou na hora certa. Tem saído na hora certa. Cada jogo que esse menino faz, ele vai amadurecendo tecnicamente, fisicamente e emocionalmente”, disse André.
Alisson sai ou fica do Atlético-MG?
Kovalski garante que o projeto de carreira de Alisson considera primeiro que ele se firme no time titular do Atlético-MG antes de negociá-lo. Quando há alguma consulta, o empresário orienta procurar o Atlético-MG para tratar de qualquer questão contratual ou de negociação. Caso o clube queira avançar em alguma tratativa, os empresários do atleta irão participar da decisão considerando se é uma boa oportunidade para o jogador.
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“De nossa parte, não há esse risco (de sair). Não estamos fazendo um movimento sequer para vender o Alisson. Ele tem que se firmar tecnicamente, fisicamente e emocionalmente para poder dar o próximo passo”, garante o empresário.
Entretanto, o Atlético é um dos clubes com maior dívida do país (mais de R$ 1 bilhão) e, com a SAF, sua política de vendas tem sido ativa. Cristian Pavón foi vendido ao Grêmio, concorrente direto dentro do futebol brasileiro, por 4 milhões de dólares (cerca de R$ 19,8 milhões). Antes, Paulo Henrique foi vendido para o Vasco e Hyoran não teve seu contrato renovado.
Até a venda de Savinho mostra a necessidade do Atlético-MG em vender jogadores, principalmente formados na Cidade do Galo. Em junho de 2022, ele foi vendido para o Grupo City por 6,5 milhões de euros (cerca de R$ 30 milhões na época). O clube ainda não era comandado pela SAF, mas já havia o órgão colegiado que, em grande parte, segue no comando do Alvinegro. O mesmo vale para as vendas de Allan (ao Flamengo) e Nathan Silva (ao Pumas-Mex).
“Todo clube de futebol tem suas fontes de receitas para buscar atingir metas financeiras e a venda de atletas é uma dessas fontes. Sempre vão haver propostas durante as janelas, e se dentre as propostas houver o consenso que é algo bom para o clube, serão consideradas”, disse Victor Bagy, diretor de futebol do Atlético-MG, à Trivela.
Sobre o Alisson, Victor garantiu que não houve sequer consulta pelo jogador e que o Atlético-MG conta com o meia-atacante para todo o ano de 2024.
“Sabemos de sua projeção e valorização pelo futebol que vem apresentando, diante disso, temos dado todo o suporte para que ele possa ter a melhor performance com a camisa do lético e consequentemente, maior valorização”, finalizou.