Dona da SAF do Vasco, 777 contrata especialistas em falência
A norte-americana 777, empresa dona do Vasco e outros clubes, enfrenta severa crise financeira e afasta Josh Wander e Steve Pasko
A 777 Partners, dona de Vasco, Genoa, Hertha Berlin e mais clubes ao redor do mundo, não cansa de acumular polêmicas. A mais nova informação, divulgada pela revista norueguesa Josimar Football é sobre a contratação de especialistas em falência da B. Riley Advisory Services, empresa de gestão de crise, após Josh Wander e Steve Pasko serem afastados do conselho da Nutmeg Acquisitions LLC, que administra todas as operações no futebol. Agora, quem comanda as equipes é Don Dransfield, ex-funcionário do Grupo City.
No total, foram três profissionais contratados na 777, todos com experiências em processos de falência. Dois deles chegam para “assumir funções de governança” dentro da empresa. Um deles é Ian Ratner, conhecido pela expertise em “serviços de consultoria de falências” e “contencioso de falências”. O outro profissional é Ron Glass, quem atuou em gestão de crise. Por fim, Mark Shapiro, dono de vasta carreira em processos de restruturação, será o supervisor das operações da companhia.
Josh Wander e Steven Pasko foram removidos do board de futebol da 777.
Depois de contratarem especialistas em falências, a Nutmeg Acquisitions LLC, que controla os clubes geridos pela 777, é operado por Don Dransfield.
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— News Almirante (@NewsAlmirantee) May 10, 2024
Essa mudança acontece poucos dias depois da Justiça dos Estados Unidos acusar a empresa dona do futebol do Vasco de fraude em um empréstimo bilionário. Segundo a Bloomberg, a 777 está sendo processada por pegar US$ 350 milhões (cerca de R$ 1,7 bilhão na cotação atual) e dar como garantias supostos fundos que não lhe pertencem ou sequer existem. A Leandenhall, empresa inglesa responsável por fazer o empréstimo à empresa americana, colocou o caso na Justiça dos EUA, cujas investigações começaram nesta semana.
O processo acusa a dupla Wander e Pasko de “operar um jogo gigante, na melhor das hipóteses, e um esquema Ponzi, na pior, que tira dinheiro de investidores e credores e o transfere para vários alter egos perdedores de dinheiro na empresa”.
Também nos EUA, a relação da 777 com a Advantage Capital Holdings LLC, uma seguradora conhecida como A-Cap, está sob investigação. A empresa norte-americana estaria devendo US$ 2 bilhões para A-Cap, empresa do empresário Kenneth King que supostamente controlaria o conglomerado.
Antes, a Justiça dos EUA já estava apurando se houve lavagem de dinheiro na origem na ascensão da companhia, fundada em 2015.
Império da 777 ruindo
A 777 estava próxima de fechar a compra do Everton, mas tudo ruiu quando a Bonza, companhia aérea australiana controlada pelos americanos, entrou em recuperação judicial. Segundo Josimar, esse foi o “primeiro dominó a cair”. Na sequência, outras empresas do conglomerado se viram em situação complexa, como a diminuição na participação da outra companhia área Flair (agora, 25% pertence à 777) e a resseguradora 777re foi “rebaixada” na classificação de crédito em fevereiro desse ano, o que obrigou a A-CAP a “desinvestir” na empresa.
Sem muitas companhias, “sobra” apenas o futebol para companhia americana. No entanto, a maioria dos clubes se encontra endividados, como Vasco e Genoa. Vale citar que eles também tem participação na liga de basquete do Reino Unido.
Aporte no Vasco é previsto para setembro
No ano passado, a 777 rendeu polêmica ao atrasar em um mês o aporte de R$ 120 milhões no clube. Isso poderia causar até a perda do controle do futebol pela empresa americana. No entanto, eles cumpriram com a obrigação.
Em setembro desse ano, a 777 deverá fazer mais um aporte de R$ 270 milhões e, em meio à crise, questiona-se se os americanos conseguirão cumprir. Em 2025, também está previsto um último pagamento de R$ 120 milhões.
Jogo na Bélgica foi adiado por protestos contra empresa americana
Justamente nesta sexta, torcedores do Standard Liège impediram que o ônibus do clube saísse do centro de treinamento como protesto à 777, dona do clube. Eles exigem que a empresa venda a equipe, com medo de rebaixamento ou até uma falência.
Recentemente, o ex-proprietário do Liège, Bruno Venanzi, e os acionistas da Immobilière du Standard, a empresa que vendeu o estádio para o grupo americano, apresentaram reclamações no atraso dos pagamentos. Um juiz definirá até a próxima quarta-feira (15) se haverá confisco dos bens no território belga.
A imprensa da Bélgica publicou no mês passado o desejo da 777 em vender o clube belga devido à necessidade significativa de liquidez para gerir as operações e dívidas estruturais do Hertha Berlin, outro time endividado do portfólio da empresa.
Os clubes da 777 Partners
O Sevilla foi o primeiro clube que contou com investimento da empresa americana, em 2018, inicialmente com 5%, depois elevando dois pontos percentuais e meio de participação minoritária. Três anos depois, o Genoa foi totalmente vendido à 777, mesmo caminho do Red Star (França) e Standard de Liège, ambos em 2022, ano no qual o Vasco negociou 70% do clube com os americanos. Em 2023, o Hertha Berlin e o Melbourne Victory foram adquiridos.