Ásia/OceaniaMundial de Clubes

Guangzhou tem reais condições de sonhar com semifinal contra o Bayern

Não foi tão fácil quanto parecia, mas o Guangzhou Evergrande confirmou o favoritismo diante do Seoul na final da Liga dos Campeões da Ásia e faturou um título de real importância pela primeira vez em sua história. A equipe chinesa fez um bom primeiro tempo, quando finalizou dez vezes, contra duas do adversário. Só não teve gol por causa do goleiro sul-coreano Kim Yong-Dae.

Na etapa final, os estrangeiros do Guangzhou mostraram que se pode confiar neles e o gol de Elkeson, aos 13 minutos, deixou a equipe bem perto do segundo título do país na competição – o Liaoning era o único a ter um troféu, em 1989/90. Porém, quatro minutos depois, o montenegrino Dejan Damjanovic fez os 55.847 torcedores chineses passarem aperto até o final. Com o empate, os visitantes partiram para cima, tiveram mais posse de bola e chutes a gol, mas a igualdade favoreceu o Guangzhou pelos gols marcados fora de casa no empate no jogo de ida.

Projeto audacioso

O dinheiro do presidente do Evergrande, o empresário do setor imobiliário Liu Yongzhuo, começou a sair de seu bolso em junho de 2010, quando o brasileiro Muriqui deixou o Atlético Mineiro por € 2,4 milhões. Quase um ano depois, já na elite nacional (o time estava na segunda divisão por manipulação de resultados em 2006), o grupo investiu mais € 8,2 milhões para tirar o argentino Darío Conca do Fluminense. Em 17 de maio de 2012, os chineses resolveram trazer o experiente técnico italiano Marcello Lippi por € 30 milhões em pouco mais de dois anos de contrato (até dezembro de 2014). A última grande aquisição foi Elkeson, vindo do Botafogo por € 5,7 milhões.

Estava óbvio que o objetivo do Guangzhou Evergrande era o título da LC da Ásia, e de fato o time já aparecia como um dos principais favoritos ao caneco. Agora que os € 54,9 milhões gastos em transferências desde 2010 – não computados os valores com Lippi – deram retorno, por que não sonhar com algo a mais no Mundial de Clubes da Fifa? Diante do egípcio Al Ahly, bem mais experiente no torneio, com cinco participações, o Guangzhou Evergrande tem condições de vencer.

Vantagem

Com o Campeonato Egípcio paralisado desde 25 de junho, o Al Ahly só entrou em campo desde então pela Liga dos Campeões. Em quase seis meses, são apenas dez jogos, com quatro vitórias, cinco empates e uma derrota, 13 gols marcados e dez contra.

Os gastos do Al Ahly no mercado foram muito mais modestos nos últimos três anos, mesmo período da conta de € 54,9 milhões do Guangzhou. Os egípcios foram prejudicados pelas duas paralisações da liga nacional e só investiram € 7,1 milhões. É verdade que o atual elenco do Al Ahly joga junto há mais tempo, com a maioria de atletas locais – a única exceção é Dominique da Silva, atacante mauritano de 24 anos, que é reserva.

O Al Ahly pode compensar isso na viagem. Agadir, local da partida entre ambos no Mundial de Clubes, está a 11.500 km de Guangzhou, enquanto que os egípcios necessitam de “apenas” 3.907 km. Certeza de torcida maior no estádio Adrar (45.480 lugares), o Al Ahly pode ter um pouco da atmosfera do Cairo na competição. E ainda chegarão com menos cansaço e fuso horário.

Não será uma zebra completa se o Guangzhou Evergrande estiver nas semifinais da competição – ou o Al Ahly – e entrar em campo contra o Bayern Munique, em 17 de dezembro. Só não é possível sonhar com algo além disso, é claro.

Particularidade

O Guangzhou Evergrande mudou de patamar ao alcançar o tricampeonato chinês e o inédito título continental, e é evidente que será cobrado por isso nas futuras temporadas. Mas não será nada fácil manter o ritmo, principalmente com a saída de Conca. Não se sabe o destino de Lippi após dezembro de 2014, assim como o de Elkeson, cujo contrato teoricamente se encerra em dezembro de 2016.

Só Muriqui parece ter grandes chances de continuar no time no médio prazo. Apesar de ter sido o artilheiro da Liga dos Campeões da Ásia 2013 (13 gols) e ser o maior da história profissional do clube, desde 1994 (50 gols), o atleta brasileiro já tem 27 anos e não demonstra qualidade para atuar num grande clube europeu, por exemplo. Seu contrato vale até 30 de junho de 2016. O dinheiro precisará continuar saindo dos bolsos de Liu Yongzhuo.

O time de Guangzhou é exceção no futebol do país, cuja seleção nacional levou de 5 a 1 da Tailândia (15 de junho/2013) e empatou com a Indonésia por 1 a 1 (15 de outubro), ambos em casa. Com maioria de atletas do Guangzhou, que vem comprando os talentos locais nos últimos anos, a conquista da equipe não quer dizer que a China vai melhorar, jogar todas as Copas do Mundo daqui para frente – só participou de uma, em 2002 – e assustar japoneses e sul-coreanos. O país de 1,3 bilhão de pessoas está longe de se aproveitar do sucesso de seu único time grande.

A League

  • Com cinco rodadas, o Brisbane Roar lidera com 12 pontos, um a mais que o Western Sydney. O Sydney de Del Piero, autor de dois gols, é apenas o sétimo, com seis. Pior ainda está o Melbourne Heart, lanterna da competição, com dois pontos. É lá que atua Harry Kewell, que atuou só no primeiro jogo, por 68 minutos.

Persian Gulf Cup

  • No Irã, o Persepolis divide a liderança com o Foolad, do artilheiro brasileiro Chimba, que tem sete gols, ambos com 27 pontos, em 15 jogos. Esteghlal e Sepahan somam 24, em quinto e sexto lugares, respectivamente. A decepção fica com o Zob Ahan, que tem apenas 14 pontos, na 13ª posição, o primeiro fora da degola.

K League

  • Na Coreia do Sul, o Ulsan Hyundai mantém o topo da tabela, com cinco pontos de vantagem para o Pohang Steelers (70 contra 65). O Seoul terá de se recuperar rápido da perda do título continental, pois tem 54 e ocupa a última vaga para a LC da Ásia 2014, quatro à frente do Suwon Bluewings. Faltam quatro rodadas para o fim.

Eliminatórias 2014

  • Ontem, jogaram Jordânia x Uruguai e México contra Nova Zelândia, pela repescagem continental. A coluna fará um resumo dos confrontos após as partidas de volta, em 20 de novembro (próxima quarta).
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