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A Nova Zelândia vai à repescagem, mas a imagem que fica é a da torcida de Ilhas Salomão e de seu estádio

Pela terceira Copa do Mundo consecutiva, a terceira desde que a Austrália se juntou à confederação asiática, a Nova Zelândia será a representante da Oceania na repescagem das Eliminatórias. Os All Whites passaram pela fase regional sem grandes sobressaltos. Após sobrarem em seu grupo, contra Nova Caledônia e Fiji, não tomaram conhecimento das Ilhas Salomão na decisão da OFC. A goleada por 6 a 1 em Auckland, na última sexta, abriu o caminho para os neozelandeses. Já nesta terça, o empate por 2 a 2 em Honiara bastou para a comemoração. Myer Bevan e Hadisi Aengari anotaram dois gols para os visitantes logo de cara, e os dois tentos de pênalti marcados pelos salomônicos (o segundo, pelo mito Henry Fa'arodo) não adiantaram muito, com o placar agregado fechando em 8 a 3. Mais legal que a classificação da Nova Zelândia, entretanto, foram as imagens vindas do Estádio Lawson Tama.

O futebol de seleções na Oceania é extremamente particular. Os jogadores são amadores em sua maioria, às vezes dividindo-se não apenas com outras profissões, mas também com outros esportes. Há um bom número de heróis anônimos, que acabam conhecidos em vários cantos do mundo por seus muitos gols ou outros feitos com as seleções nanicas. E os estádios acanhados, por vezes o único nas ilhas, dimensionam bem a realidade singular. O palco de Honiara, capital das Ilhas Salomão, é um belo exemplo disso.

O principal estádio (e único, propriamente dito, por sua estrutura) do arquipélago de 642 mil habitantes não possui capacidade oficial. Tudo porque há apenas um pequeno setor de arquibancadas. A maioria do público se senta no barranco que circunda o campo, com alguns terraços – podendo abrigar, estimadamente, até 20 mil espectadores. Nesta terça, centenas de pessoas se reuniram no que mais parecia um “pique-nique boleiro”. E a quem quisesse espairecer a cabeça depois da eliminação, bastava atravessar a avenida para ver o mar. O local ainda recebe todos os jogos do Campeonato Salomônico, disputado por oito equipes.

O Estádio Lawson Tama, contudo, talvez esteja com seus dias contados nas Eliminatórias. As Ilhas Salomão receberão os Jogos do Pacífico em 2023 e o governo planeja a construção de uma nova praça esportiva para sediar o evento – em investimento total de US$28 milhões, a princípio bancado em parceria com Taiwan. Será a primeira vez que os salomônicos sediarão o principal evento esportivo da Oceania. O Estádio Lawson Tama recebeu, no máximo, os Mini Jogos do Pacífico Sul, disputado entre nações menores da região. Além disso, também foi o palco do maior milagre da história do futebol local: a conquista do Taiti na Copa das Nações da OFC, em 2012.

Esta foi a segunda vez que as Ilhas Salomão ficaram a uma fase de disputar a repescagem. No qualificatório do Mundial de 2006, os salomônicos caíram apenas para a Austrália na decisão, deixando os neozelandeses pelo caminho. Desta vez, porém, verão os All Whites mais uma vez tentando honrar o futebol do continente na etapa final. A Nova Zelândia aguarda o quinto colocado das Eliminatórias Sul-Americanas. O sonho deles, muito provavelmente, também acabará por aí.

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Foto de Leandro Stein

Leandro Stein

É completamente viciado em futebol, e não só no que acontece no limite das quatro linhas. Sua paixão é justamente sobre como um mero jogo tem tanta capacidade de transformar a sociedade. Formado pela USP, também foi editor do Olheiros e redator da revista Invicto, além de colaborar com diversas revistas. Escreveu na Trivela de abril de 2010 a novembro de 2023.
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