Luis Suárez? Luiz Fernando é quem arrebenta na Sula e lidera a imposição do Dragão sobre o Nacional
Suárez saiu do banco só no segundo tempo e viu in loco o baile do Atlético Goianiense, com dois gols de Luiz Fernando e três assistências de Churín
O Atlético Goianiense caiu de paraquedas diante dos holofotes na Copa Sul-Americana. O Dragão era o adversário que enfrentaria Luis Suárez em suas primeiras aparições no retorno ao Nacional de Montevidéu. E os rubro-negros não se intimidaram com a ocasião. Pelo contrário, se mostraram ainda mais motivados para buscar a passagem às semifinais. A classificação veio, no fim das contas, de uma maneira irrepreensível – até melhor que os sonhos dos goianos. Se a vitória por 1 a 0 no Gran Parque Central já tinha sido fantástica, mesmo com os riscos sofridos, o Serra Dourada viu uma senhora imposição. O Atlético venceu por 3 a 0, numa noite iluminada de Luiz Fernando. Decisivo já na ida, o atacante marcou mais dois gols em Goiânia, apesar de ser expulso infantilmente nos acréscimos da segunda etapa. Churín também fez a diferença com três assistências. Enquanto isso, Luis Suárez ficou limitado ao segundo tempo e passou longe de liderar a reação.
A partida ficou ao gosto do Atlético Goianiense logo cedo. O primeiro gol aos cinco minutos facilitou a estratégia do Dragão e conferiu uma grande tranquilidade, ainda mais pela vantagem construída de Montevidéu. O lance nasceu numa cobrança de lateral. A defesa do Nacional não conseguiu afastar e Churín aparou para Luiz Fernando. Diante do gol, o atacante mandou uma bomba de canhota e não deu chances ao goleiro Sergio Rochet. A partir disso, os rubro-negros podiam se conter na defesa e entregar a bola para o Bolso. A equipe dirigida por Jorginho se defendia com muita segurança e apostava nos contra-ataques.
O Nacional controlava a posse de bola, o que não adiantava muito. O Atlético bloqueava a construção dos uruguaios, que sofriam para criar algo no meio-campo. Uma rara chance surgiu aos 21, quando Emmanuel Gigliotti teve espaço na área e chutou forte, mas Renan se antecipou bem e realizou uma grande defesa – como havia feito repetidas vezes em Montevidéu. E foi só para os visitantes. Os tricolores se viam travados e não tinham muito espaço para acelerar seu jogo. Melhor ao Dragão, que possuía seus respiros nos contragolpes e vez ou outra chegava ao ataque.
O Atlético Goianiense praticamente matou o jogo aos 46 minutos, com o segundo tento. Os rubro-negros construíram um contra-ataque de manual, com Churín recebendo pelo meio e esperando a ultrapassagem de Baralhas. O passe chegou na medida para o meio-campista, que bateu no canto de Rochet. E quase o terceiro surgiu antes do intervalo, quando Luiz Fernando deu um drible na saída desesperada do goleiro, mas não aproveitou a meta aberta. O resultado era incontestável.
Ao longo do primeiro tempo, Luis Suárez foi filmado várias vezes do lado de fora, sem esconder a preocupação. O craque entrou em campo no retorno do intervalo, ao lado de Alex Castro e Brian Ocampo. Pouco adiantou, porque o terceiro gol do Atlético Goianiense veio a galope. Rochet precisou trabalhar num cruzamento fechado de Jorginho, mas o tento saiu mesmo em outro contra-ataque perfeito, aos oito minutos. Em lance com superioridade numérica, Churín puxou pela direita e inverteu com Luiz Fernando na esquerda. O atacante fechou na diagonal e chutou cruzado para superar Rochet. Definitivamente, era a sua noite.
O destempero de Luis Suárez gerou até uma discussão na sequência. O Serra Dourada fervia, com a inflamada torcida do Atlético Goianiense cantando alto e inclusive xingando o Pistoleiro. Aos 17, o Dragão se deu ao luxo de descansar dois de seus melhores jogadores, com Jorginho e Churín dando vaga a Wellington Rato e Aírton. A animação do Dragão fazia o quarto gol parecer mais próximo que o tento do Nacional. Mesmo assim, Suárez apareceu aos 24 e parou numa defesa segura de Renan.
As mudanças levaram os goianos a reduzirem o ritmo, também pela lesão de Léo Pereira quando o Atlético já tinha realizado cinco substituições, mas o gol de honra estava difícil ao Nacional. Quando Franco Fagúndez mandou uma bomba de longe, aos 38, Renan fez milagre. Nas arquibancadas, a torcida da casa provocava e gritava “olé”. E os uruguaios indicavam a falta de controle em entradas mais duras. Porém, quem perdeu a cabeça antes do fim foi o nome da noite: Luiz Fernando foi infantilmente expulso nos acréscimos ao deixar o braço em Diego Rodríguez. Por nada, vai fazer falta na ida das semifinais, contra Ceará ou São Paulo.
A nova vitória do Atlético Goianiense é ainda mais histórica que a ida em Montevidéu. O resultado desta terça não teve a mística do Parque Central ou a dramaticidade do placar apertado, mas o baile será eterno aos torcedores presentes no Serra Dourada. Suárez não viu a cor da bola. Numa campanha em que já tinham deixado LDU Quito e Olimpia pelo caminho, os rubro-negros terão muita história para contar, e ganham uma injeção de ânimo rumo às semifinais continentais. Já o Nacional vai ter que se contentar com a temporada doméstica. O sonho de um feito maior de Suárez no clube de coração não durou duas partidas. E os méritos disso são todos do Dragão, por mais que o resultado também aponte para as diferenças econômicas cada vez maiores do Brasil em relação aos vizinhos sul-americanos nos torneios continentais.