Sul-Americana

Ofensivo, forte pelo alto e lento na defesa: o Boca Juniors, rival do Cruzeiro na Sul-Americana

Boca Juniors e Cruzeiro se enfrentam nesta quinta (15), às 21h30, em La Bombonera, pela ida das oitavas da Sul-Americana

O Cruzeiro está prestes a iniciar sua trajetória nas oitavas de final da Copa Sul-Americana. O jogo de ida contra o tradicionalíssimo Boca Juniors, da Argentina, será disputado nesta quinta-feira (15), às 21h30, em La Bombonera.

A Raposa sabe que voltar para Belo Horizonte com um bom resultado na mala é de grande importância, visto que o Boca é muito forte em seus domínios, onde não perde há 10 meses.

A última derrota Xeneize em casa aconteceu no dia 1 de outubro de 2023, quando foi superado pelo rival River Plate por 2 a 0. De lá para cá, foram 18 jogos, com 12 vitórias e seis empates, onde anotou 27 gols e sofreu nove.

Mesmo com o bom retrospecto em casa, a fase do Boca não é das melhores. A equipe empatou quatro dos seus últimos jogos na Liga Argentina, onde ocupa uma modesta 15ª colocação.

Todos estes fatores fazem com que o primeiro jogo seja fundamental para o Boca, que sabe que terá chances consideravelmente maiores de se classificar em caso de um bom resultado em casa.

Treinador Diego Martínez não vive grande momento frente ao Boca Juniors
Treinador Diego Martínez não vive grande momento frente ao Boca Juniors – Foto: Icon

Como o Boca Juniors pode ameaçar o Cruzeiro?

Pensando no confronto desta quinta (15), a Trivela conversou com o jornalista argentino Iair Iugt, da Radio La Red Rosario, para entender sobre os pontos fortes e fracos do Boca Juniors.

Segundo Iair, o Boca pode ser definido como “o Boca dos laterais”, pelo fato de o time do treinador Diego Martínez ter uma influência muito grande do peruano Luis Advíncula, de 34 anos, e do argentino Lautaro Blanco, laterais-direito e esquerdo, respectivamente, em seu funcionamento ofensivo

— Tanto Advincula pela direita como o Blanco pela esquerda são fundamentais pela amplitude. O Boca usa Blanco e Kevin Zenón pelo lado esquerdo, gerando um 2×1 que acaba sendo decisivo para chegar à linha de fundo na procura da dupla Cavani e Merentiel, um dos seus pontos mais fortes — explica Iugt.

O Cruzeiro precisa se manter atento neste tipo de jogada, vide a fragilidade no jogo aéreo e baixa estatura do time, algo que costuma trazer problemas à Raposa e que pode justificar a eventual escolha de Walace para começar jogando.

— Além disso, o time celeste precisa se atentar a dois jogadores do setor ofensivo Xeneize. Na criação, o já citado Kevin Zenón é o nome a ser levado em conta. A maior preocupação do Walace/Romero é pelo seu drible, mas também pelo jeito de achar espaços entrelinhas onde consegue filtrar passes ou liberar o setor esquerdo para a passagem de Blanco, tornando-se opção por dentro como um 10 clássico.

— Outro nome que pode pintar é o do Brian Aguirre, ponta que jogava no Newell's e veio como reforço nesta janela. É um jogador mais desequilibrante no 1×1 mas que ainda não teve um grande jogo nessas primeiras partidas com a nova camisa — conta Iair.

Por fim, o jornalista argentino cita Edinson Cavani, o jogador mais renomado deste Boca Juniors, a grande arma do time.

— Sem lugar a dúvidas, a presença do Cavani é um ponto a ser levado em consideração pelo que ele consegue dar tanto dentro como fora da área — aponta.

Apesar da expectativa, a presença de Cavani é incerta. O centroavante uruguaio de 37 anos se tornou dúvida por apresentar um quadro de febre nesta terça-feira (13), problema que vem desde o fim de semana. Ele não treinou com o restante da equipe.

Iair explicou que sem Cavani, e talvez sem Marcos Rojo, que também é dúvida, o treinador Diego Martínez pode mudar o sistema da equipe. Caso mantenha o time, o atacante argentino Milton Giménez deve ser o escolhido para o lugar do camisa 10, que faz ótimo ano.

Bola aérea preocupa

Como citado, a bola aérea do Boca Juniors preocupa o Cruzeiro, que não costuma ir bem pelo alto, nem atacando, nem defendendo.

Os argentinos têm zagueiros e atacantes como especialistas nas bolas aéreas, que costumam aproveitar os frequentes ótimos cruzamentos de Lautaro Blanco, que certamente será muito acionado.

Se Cavani e Merentiel jogarem, a atenção da zaga do Cruzeiro precisará ser multiplicada. Além disso, os jogadores de lado da Raposa precisarão trabalhar para evitar bolas jogadas na área celeste.

William e Marlon, laterais do Cruzeiro
William e Marlon, que devem ser os titulares na quinta, terão que ter muita atenção com as jogadas laterais do Boca Juniors – Foto: Staff Images/Cruzeiro

Quais os principais problemas do Boca Juniors?

Sem possui suas qualidades por um lado, o Boca Juniors também tem diversos problemas que podem ser explorados pelos comandados de Fernando Seabra.

De acordo com Iair Iugt, o time argentino não vem bem coletivamente, não tendo conseguido superar a perda do volante Ezequiel Fernández, negociado com o Al-Qadsiah da Arábia Saudita.

Ex-Boca, Ezequiel Fernández defendeu a Seleção Argentina nas Olimpíadas de Paris
Ex-Boca, Ezequiel Fernández defendeu a Seleção Argentina nas Olimpíadas de Paris – Foto: Icon

No seu lugar, tem jogado Tomás Belmonte, volante de 26 anos que não tem conseguido acrescentar tanto na defesa, quanto na criação e quebra de pressão, como fazia seu ex-companheiro.

— Nessa função do meia que faz a transição defesa-ataque, Cristian Medina assumiu a responsabilidade pela movimentação tanto por dentro como por fora, mas também pela facilidade para chegar na área rival — explica Iair.

O Cruzeiro também poderá aproveitar a lentidão da defesa do Boca Juniors. Leve e cheio de jogadores velozes, como Barreal, Lautaro Díaz, Arthur Gomes, Matheus Henrique e William, o time celeste poderá encontrar sua “mina de ouro em jogadas de velocidade”.

— Defensivamente, o Boca sofre pela lentidão da sua zaga, Cristian Lema (34) e Marcos Rojo (34) são muito fortes na bola aérea, mas tão longe de ser rápidos a campo aberto e sofrem com essa bola nas costas constantemente. Mesmo caso dos laterais no quesito defesa. Lautaro Blanco apoia muito bem, mas deixa o corredor sozinho, obrigando o Marcos Rojo nessa movimentação para a lateral-esquerda. Hoje o Boca não é fiável atrás, sofreu gols em três dos seus últimos cinco jogos — aponta o jornalista.

O Boca Juniors é defensivo, equilibrado ou ofensivo?

Para Iair Iugt, o Boca Juniors é um time ofensivo e está longe de ser uma equipe que se fecha no campo de defesa. Ele entende que o Cruzeiro tem que tentar manter a posse de bola e não se intimidar.

Na visão dele, o Boca tentará usar o fator casa para pressionar o Cruzeiro, buscando encurralar o time celeste em sua própria área, o que pode ser um grande risco.

O jornalista entende que a Raposa tem uma equipe mais forte e que o Boca sabe que sua grande chance é fazer um bom resultado em casa.

O Boca não vai se fechar porque sabe que a diferença para ser feita é em casa. Não é um time que joga igual em casa e fora. No seu estádio, com a torcida, eles têm um algo a mais. Mas acho que o Cruzeiro tem que ficar tranquilo, ser calmo e saber que tem com o que ganhar. Será um bom jogo — finalizou.

Foto de Maic Costa

Maic CostaSetorista

Maic Costa é mineiro, formado em Jornalismo na UFOP, em 2019. Passou por Estado de Minas, No Ataque, Superesportes, Esporte News Mundo, Food Service News e Mais Minas, antes de se tornar setorista do Cruzeiro na Trivela.
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