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Paraguai deu uma aula de eficiência à Argentina, derrotada e vaiada pela torcida em Córdoba

Até o início da atual campanha das Eliminatórias, a Argentina só tinha sofrido duas derrotas em casa na competição. Dois golpes duríssimos e históricos: os 0x5 da Colômbia em 1993 e os 1×3 do Brasil em 2009. Nos últimos meses, entretanto, a Albiceleste vem se acostumando a cair de joelhos em seus domínios. O primeiro a surpreender foi o Equador. Já nesta terça, o Paraguai repetiu a mesma fórmula: suportou a pressão na defesa (com direito a pênalti defendido por Villar) e explorou os contra-ataques para arrancar o valioso triunfo por 1 a 0. Frustrou a fanática torcida de Córdoba, que fechou a noite vaiando os seus compatriotas em campo.

O Paraguai fez por merecer a vitória parcial durante o primeiro tempo. O time de Chiqui Arce se trancou muito bem na defesa, dando poucos espaços para o time da casa, enquanto buscava os contra-ataques, quase sempre com perigo. Aos 18 minutos, saiu o gol. Ángel Romero deu ótimo lançamento para Derlis González arrancar e fuzilar, cara a cara com Sergio Romero. A resposta da Albiceleste foi imediata, com Di María acertando a trave. Porém, um lance isolado, diante da eficiência dos visitantes. Romero evitou o segundo tento dos paraguaios ainda na etapa inicial, enquanto as tentativas de pressão dos argentinos eram inúteis, falhando demais na hora de arrematar.

Na volta do intervalo, a Argentina partiu para cima. Perdoou diante de Justo Villar. Logo no primeiro minuto, a equipe de Edgardo Bauza ganhou um pênalti por toque de mão, mas Sergio Agüero bateu mal demais, parando no arqueiro guarani. Pouco tempo depois, o atacante tentou se redimir em grande jogada individual, mas Villar salvou de novo. E a blitz albiceleste ainda contou com um gol anulado, com o árbitro anotando impedimento.

Bauza tentou dar mais ofensividade à Argentina, colocando Dybala e Pratto nos lugares de Gaitán e Banega. Entretanto, sem organização, o time da casa não conseguiu criar chances claras o suficiente para empatar. A pressão continuou, mas o Paraguai conseguiu lidar bem com os perigos. Mascherano precisava orquestrar a construção de jogo, a partir da defesa. No máximo, a Albiceleste assustou em chutes de fora da área. Pouquíssimo.

Alguns podem falar da ausência de Messi. De fato, o aproveitamento da Argentina sem o camisa 10 nas Eliminatórias cai muito: de 100% (nove pontos de nove) para 33% (sete pontos de 21). Não é isso, porém, que deve servir de desculpa. A superioridade individual da Albiceleste não se discute. Mas, como time, os argentinos não existiram nesta terça. Houve muita pressa para conseguir o resultado, mas pouca calma para construí-lo. Ainda mais quando Bauza pareceu ignorar a tática para povoar o seu ataque a partir das alterações. Só Di María e Mascherano apresentavam um pouco mais de lucidez.

A Argentina fecha a rodada das Eliminatórias na quinta colocação, com um ponto a menos que Colômbia e Equador. Pior, já sente o bafo no cangote de quem vem de trás. Com as vitórias desta noite, o Paraguai soma um ponto a menos e o Chile, dois. O desempenho ruim em casa pesa contra a Albiceleste, com apenas dois triunfos em cinco partidas em seus domínios. E é bom já ligarem o sinal de alerta. Na próxima Data Fifa, os argentinos visitam o Brasil, além de receberem a Colômbia. Não será surpreendente se acabarem fora do G-5.

Foto de Leandro Stein

Leandro Stein

É completamente viciado em futebol, e não só no que acontece no limite das quatro linhas. Sua paixão é justamente sobre como um mero jogo tem tanta capacidade de transformar a sociedade. Formado pela USP, também foi editor do Olheiros e redator da revista Invicto, além de colaborar com diversas revistas. Escreveu na Trivela de abril de 2010 a novembro de 2023.
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