Marcelo Moreno encerra seu show pela Bolívia: qual saldo fica disso?

Marcelo Moreno se aproxima de sua aposentadoria pela seleção da Bolívia. O atacante de 36 anos, que teve passagens pelo futebol brasileiro, no Flamengo, no Grêmio e se destacando no Cruzeiro, anunciou que os jogos de seu país diante do Peru e do Uruguai, pelas Eliminatórias para a Copa do Mundo de 2026, serão seus últimos vestindo a camisa de La Verde. Em 108 jogos pela Bolívia, Marcelo Moreno anotou 31 gols, sendo o maior artilheiro da história boliviana.

Para Marcelo Moreno, a decisão pela aposentadoria da Bolívia foi complicada, envolveu a opinião de seus familiares, além de amigos próximos ao atacante. O atleta entende que este é o momento para encerrar seu ciclo junto à La Verde e espera que o torcedor boliviano apoie o time nestes próximos dois jogos, que encerram as atividades das Eliminatórias para a Copa do Mundo de 2026 neste ano. Em quatro jogos até o momento a Bolívia não conquistou nenhum ponto no torneio qualificatório, e vai em busca da primeira vitória diante de Peru e Uruguai.

“É um momento difícil pessoalmente, conversando com a minha família e amigos tomei a decisão de que os próximos dois jogos serão os últimos com a seleção nacional. Acho que poderia ser uma boa despedida, apoiem a seleção”, disse Moreno em entrevista.

Marcelo Moreno fala em renovação na seleção da Bolívia

Para Marcelo Moreno, o momento é de renovação, por isso, vai usar seu tempo afastado para ajudar a seleção boliviana a se renovar. O atacante, que está atualmente no Independiente Del Valle, do Equador, afirmou que vai cobrar os dirigentes da Federação Boliviana de Futebol para investir nas categorias de base e na formação de atletas. Moreno acrescentou dizendo que o país parou no tempo em relação à sua preparação para o futebol, e por isso nunca mais conquistou nada no cenário internacional.

A última vez que a Bolívia esteve em uma Copa do Mundo foi em 1994. Inclusive, os bolivianos fizeram o jogo de abertura daquele Mundial diante da Alemanha, que era a atual campeã. Comandada por Etcheverry, La Verde deu muito trabalho aos europeus, que venceram por 1 a 0, gol marcado por Klinsmann. De lá para cá, a Bolívia se enfraqueceu muito, não conseguiu mais fazer frente a nenhum adversário e não tem conseguido mais nem fazer da altitude em La Paz um ponto ao seu favor.

Nos dois jogos que fez em casa até o momento, foi derrotada pela Argentina por 3 a 0 e na penúltima rodada das Eliminatórias, acabou perdendo para o Equador por 2 a 1. Neste intervalo de 19 anos, outras seleções “menores” do cenário sul-americano, como o Peru, por exemplo, conseguiram se classificar para o Mundial, o que ligou um sinal de alerta para que a Bolívia se movimente em busca de mais protagonismo dentro do cenário internacional.

 “Essa decisão é para que apoiem os meninos. Não temos as mesmas condições dos outros times, devemos pressionar os dirigentes para saber por que o futebol boliviano continua assim. Devemos apoiar o processo de novos jogadores para chegar à Copa do Mundo e dar-lhes a confiança que merecem, declarou o atacante.

Moreno tentou liderar uma geração sozinho, mas ficou pelo caminho

Se Marcelo Moreno estivesse na seleção da Bolívia na mesma época dos anos de ouro de La Verde, nos anos 90, fatalmente o time boliviano teria mais chances de disputar outros mundiais, que não fosse o de 1994. Los Altiplanicos ainda participaram das Copas de 1930 e 1950, porém nada de grande destaque, tendo em vista em suas duas primeiras participações acabou ficando na primeira fase.

A Bolívia nunca venceu um jogo sequer de Copa do Mundo e na melhor participação que teve, com uma das mais talentosas gerações do país, conseguiu apenas um ponto em um grupo que tinha, além da Alemanha, a Coreia do Sul e a Espanha. Além de Etcheverry, Luis Ramallo, Baldivieso e Platini Sànchez formavam o time boliviano, que chegou a vencer o Brasil por 2 x 0 nas eliminatórias do Mundial dos Estados Unidos, dificultando a classificação da Canarinho que seria tetracampeã na terra do Tio Sam.

Passada esta geração de ouro, restou a Moreno, que estreou pela La Verde em 2007 somente, tentar ser a referência de um time que não se encontrou mais, apesar dos esforços do atacante em fazer a Bolívia chegar ao menos na metade da tabela das Eliminatórias, o que nunca foi alcançado. Marcelo é o terceiro maior artilheiro da história do torneio qualificatório com 22 gols, atrás somente de Suárez, com 29 e Messi, com 31. Com Marcelo Moreno em campo, a Bolívia disputou as eliminatórias para as Copas de 2010, 2014, 2018 e 2022 e não passou da penúltima posição em todas.