Libertadores

Entre desgaste e altitude, Tite tenta explicar erros em Flamengo e Millonarios

Tite vê o Flamengo abaixo do esperado, mas sai pela culatra com altitude e desgaste físico do time na Colômbia

Tite concedeu uma coletiva curta após o empate diante do Millonarios, na Colômbia, válido pela primeira rodada da fase de grupos da Libertadores. Sempre citando os efeitos da altitude, o treinador explicou os erros do Flamengo, em especial nas substituições, e também tentou se esquivar com o número de problemas físicos. No fim, foi uma entrevista que pareceu com suas decisões nesta terça-feira (2): abaixo da expectativa.

O que Tite disse durante a coletiva?

  • Falou sobre os efeitos da altitude no time do Flamengo
  • Revelou os diversos problemas físicos no elenco
  • Viu um Millonarios mais entrosado jogando em casa
  • Explicou as substituições, principalmente a saída de Pedro

Tite nega que tenha recuado o time depois de abrir o placar

—  Não procuramos administrar o jogo, continuamos agredindo o adversário. Colocamos três atacantes de velocidade. Não colocamos o time para trás. Trocamos peças para ter mais “fresh”. O Millonarios, com dez, teve marcação baixa. Atrasou a linha para ter o contragolpe. A gente não soube furar esse bloqueio. Buscamos o segundo gol. Se colocasse todo mundo atrás, poderíamos ter feito o segundo gol. Não é nossa característica isso, seria covardia. O que aconteceu é do jogo, uma jogada individual.

O treinador também citou que o fator desgaste foi muito importante para a queda física do Flamengo em Bogotá. Segundo Tite, nove atletas viajaram com problemas, sejam eles físicos ou até mesmo de saúde, como foi o caso de Nico De La Cruz. A maratona só tende a piorar, algo que o Rubro-Negro precisa ficar de olho para não acumular lesões.

— Nós viemos com nove jogadores que tinham algum problema. Nove do último jogo até agora. Tínhamos que fazer alguma revisão. Eu não posso entrar com nove jogadores, alguns sentindo, algum detalhe mais. Até porque, e esse é o detalhe mais importante, temos jogadores e um plantel com muita qualidade. Quando tu tens a necessidade que é clínica ou física de um decréscimo, naturalmente tu tens esses grandes jogadores para poder participar. E aí entram-se os nomes que tu citaste — disse.

Tite jogou sua primeira partida de Libertadores pelo Flamengo (Foto: Marcelo Cortes/CRF)

Bruno Henrique pensa no futuro

O protocolo da Conmebol pede que um atleta participe da coletiva ao lado do treinador, e Bruno Henrique foi o escolhido. Titular pela primeira vez em bom tempo, no lugar de Luiz Araújo, o camisa 27 viu um Flamengo coeso, mas sofrendo com a altitude. Na opinião dele, a performance precisa ficar de lição, pois o Rubro-Negro tem outro confronto, em morro ainda pior, diante do Bolívar.

— Acho que nossa equipe se comportou bem, altitude. A gente errou o passe diversas vezes pela altitude. Serve de lição porque lá (contra o Bolívar, em La Paz) é maior e a gente tem que calibrar o pé. Nós conseguimos suportar bem a bola área (do Millonarios) e acabamos sofrendo um gol por baixo. Temos que acertar os passes, calibrar mais o pé — analisou.

Autor do gol, Pedro pede atenção ao Flamengo

Pedro foi um dos destaques do Flamengo e marcou o gol, mas viu a defesa deixar o resultado escapar em bobeira no fim do jogo. Em entrevista à ESPN, o artilheiro do Rubro-Negro até tocou no assunto altitude, porém preferiu não usá-lo como muleta para o empate em Bogotá, capital da Colômbia.

— A gente pontuou hoje, mas claro que queria a vitória. Sabíamos que ia ser um jogo complicado na altitude onde o jogo fica muito mais veloz, a bola muito rápida. Muito diferente do que a gente está acostumado. A respiração também às vezes não vem no campo. Mas sem desculpas. A gente veio preparado para tentar a vitória. Infelizmente acabamos cedendo um gol com um a mais, mas paciência. É continuar fazendo bons desempenhos para tentar a primeira colocação no grupo — disse.

Pedro marcou o primeiro gol do Flamengo na Libertadores 2024 (Foto: Divulgação/CRF)

O empate deixou um gosto amargo no torcedor rubro-negro, mas, agora, é hora de pensar no próximo desafio desta temporada, que é a grande final do Campeonato Carioca. O Flamengo enfrenta o Nova Iguaçu, após ter vencido a ida por 3 a 0, no domingo (7), às 17h (de Brasília), no Maracanã.

Veja outros pontos abordados na coletiva

O que o Flamengo fez de bom contra o Millonarios?

— Primeiro com a verdade. Não adianta esconder. Sou realista. No primeiro tempo, após os 15 minutos, a equipe esteve abaixo do seu padrão. Voltou bem melhor, fez o gol merecidamente. Teve volume. Corrigiu as deficiências. Tem dias. Em um erro, em jogada individual… É um processo de evolução da equipe.

Análise do adversário

— Millonarios tem o mesmo time faz muito tempo. Quando repete atletas e técnico, ela joga sem pensar. O entrosamento com qualidade técnica individual é muito importante.

Imprevisibilidade da partida

— O futebol, às vezes, te apresenta diferentes etapas. O Millonarios poderia ter feito gol depois dos 15 minutos do primeiro tempo, quando criou volume e lançou bolas na área. A gente errou muitos passes, a altitude proporciona isso, o que impediu de acionar os atacantes com melhor qualidade. A bola corre mais. Voltamos melhor no segundo tempo, com superioridade e fizemos o gol. O futebol é assim. Tem esses detalhes. Jogo dominado, com chance de fazer o segundo. Uma jogada individual, deu o gol deles. Talvez a única oportunidade. Fizemos um bom segundo tempo, mas sofremos o gol.

Substituições

— Primeiro, Allan te dá ritmo. É um jogador que te dá cadência, passe curto, volume. E ele possibilita inclusive a saída alternada do Erick (Pulgar). Quando tu tem os dois, um busca e outro tem uma liberdade de infiltração a mais. (Houve) essa marcação do adversário no primeiro tempo e nós conseguimos sair dessa primeira pressão com a entrada bem do Allan. Quando tem o BH, você tem jogador para as três posições da frente.

— O adversário se expondo, ele ia ter oportunidade de a gente puxar contra-ataque. E não ter problema na bola aérea. Fora que o desgaste todo, em termos de altitude, eu tenho que renovar a equipe. Esse era um dos aspectos. Tu tem que ficar renovando, como o Millonarios fez, nós também depois com a entrada do Ayrton. Tu vê que puxou cãibra o Varela. Nós viemos em uma viagem desgastante depois de um jogo que foi, para nós, também bastante extenuante. Todo esse contexto fazia com que eu tivesse necessidade de utilizar todos os atletas, porque o grupo do Flamengo te proporciona isso.

Foto de Guilherme Xavier

Guilherme XavierSetorista

Jornalista formado pela PUC-Rio. Da final da Libertadores a Série A2 do Carioca. Copa do Mundo e Olimpíada na bagagem. Passou por Coluna do Fla e Lance antes de chegar à Trivela, onde apura e escreve sobre o Flamengo desde 2023.
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