Libertadores

Entenda o protocolo incomum do Palmeiras para encarar a altitude de La Paz

Alviverde embarcou para a capital boliviana na tarde desta terça-feira (22)

O Palmeiras embarcou nesta terça-feira (22) para La Paz, onde enfrenta o Bolívar na quinta-feira (24), às 19h, pela terceira rodada da fase de grupos da Copa Libertadores.

Sede mais alta desta edição da competição, a 3.700 metros de altitude, a lendária capital boliviana assombra clubes brasileiros desde sempre, dado que o atua campeão da Bolívia está entre as equipes que disputaram mais vezes o torneio — 38 edições.

E apenas três desceram a Cordilheira dos Andes com vitórias: Grêmio, em 1983 (2 a 1); Internacional, em 2023 (1 a 0); e o próprio Palmeiras, em 2020 (2 a 1).

Pouco ar e muita curva na bola

As dificuldades de se atuar no Estádio Hernando Siles, decorrentes da altitude, vão desde a dificuldade de se respirar, uma vez que a concentração de oxigênio cai à medida que a altitude aumenta, ao comportamento da bola, que tende a tomar trajetórias surpreendentes, também devido às condições atmosféricas.

Para driblar tais efeitos, clubes de altitudes menores normalmente adotam um de dois protocolos:

1. Chegar muito antes, para o corpo se aclimatar, produzir mais glóbulos vermelhos e facilitar o trânsito de oxigênio na corrente sanguínea;

2. Chegar “em cima da hora”, uma vez que os efeitos demoram um pouco a ser sentidos. A ideia é chegar e sair de La Paz antes de eles se manifestarem.

Mas, desde 2020, o Palmeiras adota uma terceira via. Que passou a ser seguida por outros clubes brasileiros.

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Nem muito antes, nem muito em cima da hora

O Palmeiras viajou dois dias antes do jogo, a tempo de treinar no estádio Hernando Siles um dia antes da partida.

Segundo a Trivela apurou com fontes do clube, o objetivo é que os jogadores tenham mais tempo de contato com as condições atmosféricas e não sejam surpreendidos no jogo. Mas sem a longa permanência que os calendários do passado permitiam.

Artur em ação pelo Palmeiras diante do Bolívar, pela Copa Libertadores 2023, no Estádio Hernando Siles. Foto: Cesar Greco/Palmeiras

Além disso, haverá conversas com o elenco para que haja uma adaptação mental e biomecânica para compensar os efeitos da altitude, que de fato existem. Normalmente, os atletas são instruídos a tentarem menos “piques”.

Já o treino nas mesmas condições que serão encontradas na partida serve para o atleta experimentar as variações na trajetória da bola, o que muda ofensiva e defensivamente.

O clube também monitora frequentemente a saturação de oxigênio, entre outros aspectos, para identificar aqueles com maior dificuldade de adaptação.

A partir desses dados, é possível adotar medidas preventivas para corrigir antecipadamente os sintomas por meio de medicamentos, alimentação e hidratação.

Fisiologia vai “escalar” a equipe do Palmeiras

Não é de hoje, como Abel Ferreira sempre deixa claro, que o Palmeiras faz um controle bastante rígido das condições físicas dos jogadores antes de escalá-los.

Nas condições em questão, tal controle tende a ser redobrado. Porque, para além do cansaço e das propensões a lesões, a comissão técnica também avaliará os perfis que mostrem maior ou menor capacidade de adaptação para definir quem poderá entrar no jogo.

Em 2020, deu certo. Já em 2023, com a mesma tática — e com os principais jogadores ficando no Brasil — o Alviverde perdeu por 3 a 1.

Com vitórias sobre Sporting Cristal (3 a 2) e Cerro Porteño (1 a 0), o Palmeiras é o único time ainda 100% na atual edição da Libertadores.

Foto de Diego Iwata Lima

Diego Iwata LimaSetorista

Jornalista formado pela Faculdade Cásper Líbero, Diego cursou também psicologia, além de extensões em cinema, economia e marketing. Iniciou sua carreira na Gazeta Mercantil, em 2000, depois passou a comandar parte do departamento de comunicação da Warner Bros, no Brasil, em 2003. Passou por Diário de S. Paulo, Folha de S. Paulo, ESPN, UOL e agências de comunicação. Cobriu as Copas de 2010, 2014 e 2018, além do Super Bowl 50. Está na Trivela desde 2023.
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