Libertadores

As perguntas sem respostas após a derrota do Palmeiras na Libertadores

Escolhas da comissão técnica causam dúvidas entre os torcedores diante das oscilações mostradas pelo time

O resultado nem foi dos piores. A derrota por 2 a 1 para o Botafogo, na ida das oitavas de final da Copa Libertadores, é um resultado plenamente reversível na próxima quarta-feira (21), no Allianz Parque.

De qualquer forma, parte da torcida do Palmeiras, em especial nas redes sociais, segue sem entender algumas escolhas do técnico Abel Ferreira.

Na sua retórica característica, sempre na fronteira entre a convicção e a arrogância, o técnico Abel Ferreira responderia que escalou o time como fez porque é pago para isso. E que sempre escolhe o que pensa ser melhor para o clube.

Disso, ninguém duvida. Mas, na prática, a teoria é outra, como diz o ditado popular. E algumas escolhas de Abel não fizeram sentido quando saíram da prancheta e foram para o gramado.

Por que Raphael Veiga foi escalado como volante?

A tentativa já havia se mostrado torta contra o Internacional pelo Campeonato Brasileiro (1 a 1). Naquele dia, Veiga até teve boa atuação. Mas só quando deixou de jogar como volante e passou a jogar como um meia.

Abel explicou que a ideia é permitir ao meia enxergar o jogo mais de trás para encontrar espaços e jogar com um pouco mais de liberdade. Lá na semifinal da Libertadores de 2023, contra o Boca Juniors, em La Bombonera, ele também tentou tal formação — sem sucesso.

Contra o Botafogo, o mapa de calor dos jogadores mostra que Veiga jogou mais longe da área que Aníbal Moreno, o único volante de ofício do time. Faz sentido, por qualquer motivo, manter longe da área o atleta com o melhor chute do elenco?

Por que Caio Paulista perdeu a posição para Vanderlan?

Com aparições apagadas, Vanderlan perdeu espaço para Caio Paulista como substituto de Piquerez. E o ex-jogador do São Paulo agarrou a chance.

Titular nos dois jogos das oitavas da Copa do Brasil contra o Flamengoinclusive dando assistência para Vitor Reis fazer o gol da vitória (1 a 0) na volta — o lateral, enfim, justificava sua contratação.

Mas no fim de semana, contra o mesmo Flamengo no Maracanã (1 a 1), ele já não jogou. Pareceu um movimento normal de revezamento, considerando seu aproveitamento no jogo mais importante da Libertadores. Mas não.

Caio, que fez um jogo só pelo torneio continental — contra o San Lorenzo, em 3 de abril (1 a 1), foi preterido quando vinha rendendo bem.

Por que Fabinho entrou se Zé Rafael estava no banco?

A comissão técnica atual deliberadamente escolheu filtrar quais informações chegam à imprensa e, por consequência, aos torcedores. Em mais de uma oportunidade, Abel já disse que “há coisas que vocês não sabem e nem precisam saber”, dirigindo-se a jornalistas em entrevistas coletivas.

De modo que não é possível saber o que de fato é o problema físico de Zé Rafael, algo jamais esclarecido aos jornalistas. Mas, presume-se: se ele estava no banco de reservas, é porque poderia contribuir.

Aí, fica difícil entender porque quando o time precisava de gols e criatividade, foi Fabinho, um volante camisa 5 especializado em marcar e desarmar, quem entrou no lugar de Raphael Veiga. Se já estava duro para Veiga criar, o que Fabinho traria de diferente nesse sentido?

Qual é a extensão dos problemas físicos de Mayke?

Na volta das oitavas da Copa do Brasil, o esquema com Veiga e Caio, pela esquerda, e Mayke e Felipe Ânderson, pela direita, estava matando o Flamengo de Tite no primeiro tempo.

Mas, já aos 38 do 1º tempo, a formação já teve de ser desfeita. Felipe teve o azar de uma lesão no olho, após se chocar com um adversário. E Mayke deixou o campo com dores na panturrilha direita.

Não é nem questão de se criticar Giay, que não jogou mal contra o Botafogo. Mas o que de fato acontece com Mayke? Neste ano, o lateral já teve ao menos três períodos de ausência por conta de questões físicas.

Mayke, durante treino do Palmeiras na Academia de Futebol (Foto: Fabio Menotti/ Palmeiras/ By Canon)

Se falta criatividade, por que Rômulo não joga mais?

2024 não é o melhor ano da carreira de Raphael Veiga. O meia vem oscilando bastante e não consegue repetir os bons desempenhos de temporadas anteriores.

Pensando nisso, o Palmeiras buscou Rômulo no Novorizontino. Revelação do Campeonato Paulista, o meia se destacou com gols contra Santos e São Paulo e assistência contra o Corinthians neste ano.

Pelo Palmeiras, porém, ele mal joga. Entrou em campo apenas oito vezes e tem só 143 minutos com a camisa do Alviverde. Foi pouco, mas suficiente para dar uma assistência na vitória contra o Botafogo-SP pela Copa do Brasil (2 a 1).

No domingo (11), contra o Flamengo, foi dele o lançamento para cabeçada de Rony que daria o rebote para Luighi empatar o jogo.

Contra o Botafogo, porém, embora o time precisasse de qualidade em lançamentos, o meia foi ao Rio de Janeiro apenas para assistir a mais um jogo.

João Martins, em substituição a Abel após a expulsão na partida contra o Fla pela Copa do Brasil, disse que não há nada errado com o jogador, preterido apenas porque há um número limite de atletas que podem jogar a cada partida. O difícil é entender porque Rômulo nunca é um desses escolhidos.

Foto de Diego Iwata Lima

Diego Iwata LimaSetorista

Jornalista formado pela Faculdade Cásper Líbero, Diego cursou também psicologia, além de extensões em cinema, economia e marketing. Iniciou sua carreira na Gazeta Mercantil, em 2000, depois passou a comandar parte do departamento de comunicação da Warner Bros, no Brasil, em 2003. Passou por Diário de S. Paulo, Folha de S. Paulo, ESPN, UOL e agências de comunicação. Cobriu as Copas de 2010, 2014 e 2018, além do Super Bowl 50. Está na Trivela desde 2023.
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