O que mudou no Inter com Coudet e os desafios no confronto com o River Plate
Com mudanças desde a chegada de Coudet, Inter quer voltar vivo da Argentina para decidir a classificação da Libertadores no Beira-Rio

O Internacional chega diferente para enfrentar o River Plate nesta terça-feira (01/08), no Estádio Monumental de Núñez, em Buenos Aires. O time já apresenta parte das características de jogo que gosta o técnico Eduardo Coudet. Com pouco tempo de trabalho e ainda pontos para evoluir, o Colorado pretende voltar vivo da Argentina para decidir a classificação na próxima semana, em Porto Alegre.
O novo treinador ainda não venceu em dois jogos. Dar confiança ao grupo de jogadores é um dos desafios antes do confronto pela Copa Libertadores. A postura que a equipe terá na Argentina ainda é mistério.
Algumas situações no time preocupam. Enner Valencia, principal reforço do clube em 2023, ainda não marcou gol e também não apresentou até o momento atuações destacadas. Alan Patrick, em novo posicionamento, caiu de produção. O time também segue com dificuldades para fazer gols e precisa corrigir a bola aérea defensiva.
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— Sport Club Internacional (@SCInternacional) July 31, 2023
Pontos positivos do trabalho de Eduardo Coudet
O início da segunda passagem de Coudet pelo Inter ainda não tem vitória, mas tem mudanças e avanços. O treinador chegou ao clube e teve pouco tempo para trabalhar antes da estreia, contra o Red Bull Bragantino, em São Paulo. O empate não foi o resultado mais esperado, mas a postura do time agradou.
O Inter empatou inúmeras vezes com Mano Menezes no comando e, na maioria delas, o resultado acabava sendo valorizado pelo até então treinador do clube. Esta foi justamente a primeira mudança com Coudet. O técnico argentino pediu até o fim da partida que a equipe atacasse e ficou irritado quando o jogo terminou em igualdade.
Contra o Cuiabá, Coudet teve a semana livre para trabalhar. O primeiro tempo teve desempenho positivo e propositivo. Mesmo após o gol que já lhe dava a vantagem no placar, o time seguiu atacando em busca de encaminhar a vitória, sem deixar espaços defensivos. O gol sofrido ocorreu em uma jogada isolada, de bola parada.
Nesta segunda partida com Coudet, a equipe colorada apresentou maior organização ofensiva, envolvendo o adversário com troca de passes que quase sempre terminaram com finalização. O primeiro tempo terminou com o Inter tendo 80% da posse de bola.

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Confiança ao elenco
A atuação elogiada no primeiro tempo contra o Cuiabá traz alento, mas a falta de vitórias abala a confiança do grupo. O Inter não vence há cinco jogos. São três empates e duas derrotas no período. Apenas três pontos conquistados em 15 disputados. O clube caiu para a 12ª posição na tabela do Brasileirão.
A parte anímica será trabalhada por Eduardo Coudet no vestiário. O técnico explicou em entrevista coletiva que o ânimo será fundamental para a equipe no confronto de ida contra o River Plate.
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Postura do time contra o River Plate
Uma das curiosidades importantes em relação ao time colorado para a partida contra os argentinos é sobre a estratégia de jogo. É mistério ainda se o Inter vai prioritariamente buscar atacar ou se defender contra o River Plate.
De modo geral, Coudet é tido com um treinador ofensivo. Sua equipe tem jogado com dois atacantes lado a lado e três meias armadores. O técnico também costuma pedir que os laterais avancem ao ataque. A postura é de buscar o ataque na maioria dos jogos. Apesar disso, diante do River Plate, a estratégia pode ser diferente.
A primeira passagem de Coudet pelo Inter já foi com duas eliminatórias logo no início do trabalho. O treinador adotou um planejamento de segurança defensiva para empatar fora de casa nos enfrentamentos das fases anteriores aos grupos da Copa Libertadores. Desta forma, com vitórias em casa, garantiu classificação nas duas oportunidades.
O River Plate recém conquistou o Campeonato Argentino, tem um time de qualidade e é forte principalmente na parte ofensiva. Isso pode fazer com que o Inter priorize marcar para voltar vivo do jogo de ida. O Colorado considera um empate um bom resultado no primeiro enfrentamento.

Ataque com dificuldades
O setor ofensivo do Inter é um ponto de preocupação. A equipe tem tido dificuldades para colocar a bola na rede. Apesar do estilo mais ofensivo de Coudet, o time criou poucas oportunidades de gol nos dois primeiros jogos com o treinador e somente marcou uma vez, com o lateral direito Bustos, de fora da área.
O Inter fez apenas 14 gols no Campeonato Brasileiro 2023 e tem o segundo pior ataque da competição. O ataque colorado só colocou a bola na rede mais vezes que o Vasco, atual lanterna. Melhorar a produção ofensiva será um dos importantes desafios de Coudet para o jogo contra River Plate.
Enner Valencia ainda não balançou as redes
O principal reforço do clube para a temporada chegou somente na metade do ano e apenas entrou em campo quatro vezes com a camisa colorada. Sem ainda ter conseguido marcar, Enner Valencia ainda busca também apresentar bom desempenho.
O equatoriano tem sido participativo nos jogos, se movimentando e pedindo a bola para os companheiros, porém não tem conseguido dar prosseguimento a maior parte das jogadas, com erros em dribles, falta de velocidade e sem muitas finalizações.
No Inter, o entendimento é que é normal o início de Enner Valencia. O jogador, artilheiro na Europa, passa por um processo de adaptação ao futebol brasileiro e já trabalhou com dois técnicos diferentes nos quatro jogos pelo Colorado.
O esquema utilizado por Coudet, na teoria, favorece o equatoriano, pois é justamente o mesmo usado no Fenerbahçe, quando por lá o atacante teve destaque.
Enner Valencia não é um centroavante de posicionamento e também não é um extrema de velocidade. As características de segundo atacante são diferentes de todos os jogadores que passaram recentemente pelo Estádio Beira-Rio e isso pode levar a um processo maior de adaptação.

Alan Patrick caiu de produção
O meia é o melhor jogador do Inter em 2023. O jogador era o principal do time até a saída de Mano Menezes. Com Coudet, o camisa 10 mudou o seu posicionamento, passando a atuar mais avançado, como atacante ao lado de Enner Valencia, deixando de ser o armador que vinha de trás.
A mudança se deu por um motivo específico. O meia no time de Coudet precisa ser mais intenso e ajudar na marcação. Desta forma, o técnico argentino optou por dar menos responsabilidade defensiva para Alan Patrick, fazendo com que ele não precise se desgastar sem a bola, escalando o atleta mais avançado e perto do gol adversário.
A queda de produção de Alan Patrick coincide com as poucas oportunidades de gol criadas pela equipe nos últimos dois jogos. Os gols eram escassos também com Mano Menezes, mas mais chances eram criadas através dos pés do meia. Fazer o atleta voltar a atuar com qualidade é outro desafio de Coudet.

Bola aérea defensiva
O Inter sofre gols de bola aérea desde o início da atual temporada. O problema nunca conseguiu ser corrigido por Mano Menezes que chegou a falar sobre o tema diversas vezes em entrevistas. Contra o Cuiabá, já com Coudet no comando, a falha no setor se repetiu.
Tirando Vitão, os outros três jogadores do sistema defensivo, Bustos, Mercado e Renê, são de baixa estatura. Coudet, pelo menos no primeiro momento, optou por dar sequência os jogadores, mas o zagueiro argentino, que foi expulso contra o Cuiabá, pode ter sua posição ameaçada. Igor Gomes é candidato a uma oportunidade no time.