Ídolo do Grêmio relembra Batalha de La Plata: ‘conseguimos sobreviver’
Em entrevista exclusiva à Trivela, Mazarópi, ex-goleiro do Grêmio, recorda duelo contra o Estudiantes, em 1983, que será reeditado nesta terça-feira (23) pela Libertadores

O Grêmio reedita, nesta terça-feira (23), um dos confrontos mais marcantes de sua história. Na caminhada de seu primeiro título da Libertadores, em 1983, o Tricolor Gaúcho literalmente sobreviveu à Batalha de La Plata, contra o Estudiantes, pelo triangular semifinal.
Além do caráter decisivo do jogo, a crise diplomática entre Brasil e Argentina — decorrente da Guerra das Malvinas, em que aviões ingleses foram vistos abastecendo em Canoas, no Rio Grande do Sul — colocou ingrediente a mais para o duelo. Em ambiente hostil, os jogadores do Grêmio apanharam muito, mas conseguiram um empate por 3 a 3 que, no final das contas, ajudou a garantir a classificação para a final, contra o Peñarol.
— Aquilo não foi jogo, foi uma batalha. Uma coisa muito complicada, difícil. Um jogo que poderia ter sido normal se transformou em um campo de batalha. Mas conseguimos sobreviver. Na chegada já estava um pouco tenso. Quando estávamos aquecendo, os jogadores do Estudiantes entraram no campo dando chutes em nós. E dentro do jogo ainda mais. Tanto é que antes do jogo já teve um jogador deles que levou cartão amarelo. E ele foi expulso no primeiro tempo ainda — relembra Mazarópi, ex-goleiro do Grêmio, em entrevista exclusiva à Trivela.
Empate foi “bom” mesmo após quatro expulsões
O jogador em questão era Trobbiani, que aos 32 minutos deu chute em China após sofrer falta do volante gremista. Essa foi a primeira de quatro expulsões do Estudiantes no jogo. Mesmo com sete atletas em campo, e perdendo por 3 a 1, os Pincharratas conseguiram buscar o empate na reta final. Ainda assim, o Grêmio saiu satisfeito de campo, pelas circunstâncias.
— Pelo que estava acontecendo, foi a melhor coisa que aconteceu. Se é um jogo normal, você vencendo por 3 a 1, seria até uma vergonha para nós profissionais. Mas como não foi um jogo, foi uma guerra, foi até bom que tenha acabado assim. Ali nós sentimos que estávamos no caminho certo e que aquela Libertadores seria nossa. Nós encaramos, não afinamos para eles em momento algum — frisa Mazarópi.

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‘Hoje é bem diferente', frisa Mazarópi
Evidentemente, o contexto, 41 anos depois, é outro. O palco, o Estádio Jorge Luis Hirschi, passou por modernização e foi reinaugurado, em 2019, como Estádio UNO. Mas a partida desta terça-feira (23), às 19h, também tem caráter decisivo para o Grêmio de Renato Portaluppi, que marcou um gol e deu uma assistência na batalha de 1983. Após perder os dois primeiros jogos na fase de grupos da Libertadores, somente a vitória interessa ao Tricolor Gaúcho para seguir na briga por uma vaga nas oitavas de final.
— É um jogo difícil. Jogar com os argentinos é sempre complicado. Eles estão acostumados a esse tipo de competição. Vai ser um jogo parelho. Mas hoje é bem diferente. Hoje, com a tecnologia, você tem várias câmeras… — lembra Mazarópi.
Mazarópi critica planejamento do Grêmio com goleiros
Multicampeão pelo Grêmio, atualmente o ex-goleiro trabalha como comentarista na TV do clube. E tem opiniões firmes. Ele é um crítico, por exemplo, do planejamento do Tricolor Gaúcho para a posição que tão bem conhece. Para esta temporada, a direção gremista contratou dois arqueiros: Marchesín, que será titular em La Plata, e Rafael Cabral, que chegou na semana passada do Cruzeiro em troca por Gabriel Grando.
— Eu sempre disse que o Grêmio não precisava contratar goleiro. Mesmo o Marchesín. Nada contra os profissionais. No meu ponto de vista, não era prioridade. O Grêmio tinha dois excelentes goleiros, o Caíque e o Grando. Pegaram no pé do Grando, tiraram oportunidades dele. Mas eu respeito, o Grêmio tem o direito de contratar quem bem entender — opina Mazarópi.