Altitude é fator, mas não pode mascarar erros do Flamengo em estreia na Libertadores
O Flamengo sofreu o empate contra o Millonarios no fim, com um a mais, e estreou na Libertadores com gosto amargo
O empate diante do Millonarios deve acender um sinal de alerta no Flamengo. Não dá para desconsiderar a altitude de Bogotá, onde a bola corre bem mais rápido do que o habitual, mas o Rubro-Negro não jogou bem e algumas figuras estiveram bem abaixo do esperado. O futebol burocrático, ainda que eficiente em 2024, cobrou o seu preço na estreia da Libertadores.
O resultado foi justo, mas o torcedor rubro-negro sai com um gosto amargo na boca. Não jogava bem, e o gol veio em momento oportuno, ocasionando, também, a expulsão de Larry Vázquez. Mesmo com um a mais, o Flamengo se retraiu e acabou castigado com o empate no fim. Por mais que existam fatores para explicar a atuação, é preciso tirar lições.
O que faltou ao Flamengo?
Além da concentração para manter o placar favorável, claro, o Flamengo pecou bastante na maneira com que se conduziu a partida. Como o próprio Tite frisou, na coletiva, o Rubro-Negro viveu 30 minutos de muita instabilidade na etapa inicial, em que o Millonarios poderiam muito bem ter inaugurado o placar, anulando as chances que a equipe brasileira teve no início do jogo.
No segundo tempo, o Flamengo deu seu primeiro chute a gol justamente quando Pedro balançou as redes, em cobrança de pênalti. Ainda que Bruno Henrique e Arrascaeta tenham ido bem, alguns nomes não acompanharam, como foi o caso de Everton Cebolinha. Faltou ser um pouco mais incisivo, por ter mais posse de bola.
Dois atletas, contudo, destoaram demais do restante do time. Igor Jesus e Matias Viña sentiram muito os efeitos da altitude e deixaram seus respectivos setores em apuros. O meio-campo esteve espaçado, com um verdadeiro buraco enquanto o Garoto do Ninho esteve em campo, enquanto o uruguaio sofreu com as investidas pela direita. O gol, inclusive, saiu por lá, e a maioria das grandes chances foram criadas.
Tite erra em substituição que definiu o jogo
Para corrigir os problemas do Flamengo, Tite encontrou soluções interessantes. A entrada de Allan foi a principal: o volante ditou o ritmo do meio-campo, algo que Igor Jesus não conseguiu fazer ao longo dos 45 minutos iniciais. Foi justamente essa chegada do ex-Galo que colocou o Rubro-Negro no jogo e, de quebra, em vantagem no placar. Depois disso, contudo, o comandante errou.
Ao sacar Pedro, um dos, senão o melhor do Flamengo na partida, o treinador tentou colocar Bruno Henrique como referência, mas o tiro acabou saindo pela culatra. Sem o pivô, o Rubro-Negro perdeu a maneira mais viável de prender a bola no campo de ataque, apostou demais na velocidade e facilitou a marcação pressão do Millonarios. Foi numa dessas que saiu o gol.
— Quando tem o BH, você tem jogador para as três posições da frente. O adversário se expondo, ele ia ter oportunidade de a gente puxar contra-ataque. E não ter problema na bola aérea. Fora que o desgaste todo, em termos de altitude, eu tenho que renovar a equipe. Esse era um dos aspectos.
Com o jogo já empatado, Tite promoveu outras alterações, como as entradas de Ayrton Lucas e Evertton Araújo, que não interferiram muito no jogo. O elenco do Flamengo permite essas trocas, pela força, mas não fluíram na noite desta terça.
Altitude e desgaste minimizam o problema
É preciso pensar em todos os problemas citados, mas é muito difícil ignorar que o Flamengo entrou em campo apenas três dias depois da final do Campeonato Carioca, novamente com os titulares. A viagem até Bogotá é desgastante, e altitude também não ajuda nem um pouco. Como mencionado, diversos atletas sentiram os efeitos dos 2600 metros da capital colombiana.
Tamanho era o desgaste que alguns sequer conseguiram entrar em campo. Léo Pereira foi desfalque de última hora, assim como Nico De La Cruz. Luiz Araújo e Ayrton Lucas atuaram por poucos minutos. Segundo Tite, o Flamengo teve nove problemas para a partida.
— Eu não posso entrar com nove jogadores, alguns sentindo, algum detalhe mais. Até porque, e esse é o detalhe mais importante, temos jogadores e um plantel com muita qualidade. Quando tu tens a necessidade que é clínica ou física de um decréscimo, naturalmente tu tens esses grandes jogadores para poder participar. E aí entram-se os nomes que tu citaste — finalizou.
Recuperação será fundamental
O resultado não foi o esperado, mas é hora de virar a chave pensando na final do Campeonato Carioca. A recuperação tática é importante, mas, acima disso, a comissão técnica precisa usar o restante da semana para buscar o melhor da parte física dos atletas. O elenco, inclusive, terá folga nesta quarta-feira (3), após o retorno de Bogotá.
Serão três dias de atividades até o segundo e decisivo confronto diante do Nova Iguaçu, que decide o campeão carioca de 2024. As equipes entram em campo às 17h (de Brasília) deste domingo (7), e o Flamengo tem a vantagem por ter vencido a ida por 3 a 0.